Laboratório

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Aquela sacolinha de papel cinza era muito bem conhecida pela garota, sempre quis um celular dessa loja, entretanto nunca havia comprado nada da mesma, era caro demais. Mas como que aquilo estava em sua mesa de cabeceira? Ela se aproximou e espiou como quem não quer nada, esticando o dedo indicador e abrindo suavemente o pacote.

— Ai meu deus....

Suas pernas se afrouxaram com o que viu ali dentro, a caixa do modelo recém lançado, literalmente o melhor celular com apenas uma semana no mercado.

Isso é uma pegadinha. Lhe ocorreu mas céus precisavam abrir aquilo, estava em seu quarto se fosse de alguém — por algum motivo — ela iria dizer que qualquer ser humano em sua sã consciência iria abrir aquele pacote.

Rasgou o adesivo exclusivo que prendia o topo da sacola e esticou ambas as mãos para puxar a caixinha preta com um S e o número do modelo mais atual estampados bem ali na sua frente. Entretanto quando terminou de puxá-lo ela avistou um pequeno cartão no fundo, era de cor bege e um papel muito bonito com letras tão belas quanto e escritas a mão dizia:


Hey doçura, espero que goste do presentinho.

Este é meu presente de desculpas por ter engolido — acidentalmente — o seu celular antigo. Como não tenho uma lembrança clara de qual modelo era, decidi que lhe dar o melhor era o mínimo.

Bom proveito.

Não tinha nenhuma assinatura e a conotação era um tanto arrogante, e totalmente surreal. Afinal "desculpa por ter engolido seu celular antigo". Quem quer que tenha mandado aquilo não poderia ser o lobo.

Certo?

Mesmo estando com muita vontade de sair usando o aparelho, que aparentemente era um presente, ela o deixou sobre a mesa com cuidado. Alguém havia entrado em seu dormitório, nenhum sinal de arrombamento e sua janela do último andar só tornava a escassez de teorias mais frustrante.

Definitivamente Nabi só poderia estar enlouquecendo.

Saiu porta afora, entretanto agora conferiu as fechaduras mais de uma vez. Se podiam entrar facilmente quando não estava, quem dirá quando estivesse no apartamento. Deveria conversar sobre isso com a segurança da faculdade. Adicionou isto ao papelzinho que kyungsoo lhe dera, anotando como se fosse uma pequena lista de afazeres. Isso e o fato de precisar arrumar um psicólogo pois estava ficando maluca se pensava que lobos gigantes poderiam ser reais.

Pegou o metrô da linha que cortava a cidade de ponta a ponta, de pronto não conseguiu lugar para se sentar, mas depois de passarem pelas estações mais movimentadas o vagão ficou bem vazio, dando um alívio para suas pernas que tinham que se manter esforçadas pelo balanço do carro.

Ao chegar na estação que queria, foi como uma viagem até sua terra natal, talvez algo no ar, aquele cheiro meio industrial misturado a um ar pesado, lembrava muito sua infância. Quando foi subir as escadas se deparou com um monitor grande na lateral, enquanto a rolante se movia, ela assistiu a propaganda sem muito interesse, mas bastou uma palavrinha para seu cérebro despertar.

— Jimseong. A mais nova líder em melhoramento genético do país! — Uma voz de locutor anunciava enquanto imagens de pessoas felizes entravam em um complexo futurista. — Já pensou em mudar a cor dos seus olhos? Ter mais altura? E até mesmo definir o sexo do seu bebê...

A propaganda ficou inaudível quando os pés de Nabi alcançaram a rua. Seus olhos doeram um pouco devido ao dia claro, entretanto sua cabeça explodia por outros motivos. Aqueles caras eram doentios, brincavam com a vida desta maneira. Quando voltasse para o dormitório iria pesquisar mais sobre a empresa, tudo aquilo parecia extremamente errado, e mais, uma propaganda tão banal como se fosse de shampoo.

A  Borboleta Em Meio Aos LobosOnde histórias criam vida. Descubra agora