Quando acordei hoje cedo já sabia que o dia seria longo, depois de seis anos reclusa eu iria voltar ao mundo real, quando perdi David não foi fácil ter que conviver com pessoas e escutar todos me dizendo o quanto sentiam pela minha perda, todos estavam determinados a me fazer entender que eu não tive culpa, mas não importava o quanto me falassem a mesma coisa o que eu sentia não iria mudar, eu me culpava e por isso preferi me isolar do mundo, excluindo da minha vida amigos, familiares e qualquer pessoa que pudesse me lembrar dos momentos que vivi ao lado dele.
Nos últimos seis anos eu vivi em uma pequena cidade náutica chamada Woods Hole no estado de Massachussets, por ser uma cidade pequena quase todo mundo se conhecia, mas o que me manteve lá por esses seis anos foi o fato de ser uma desconhecida para todos e que ninguém ali me perguntaria sobre David, aquele pequena cidade foi o que tive mais próximo de um lar.
Agora eu estava de volta a Nova Iorque, após seis anos de reclusão e distanciamento, eu estava sendo obrigada a voltar, meu pai já não conseguia mais segurar o conselho e com a expansão iminente da WTC ele alegava ser de suma importância que eu estivesse aqui e que me familiarizasse com os negócios da família, mesmo que a empresa estivesse em boas mãos pois tinha um CEO que era um verdadeiro lobo nos negócios.
Depois de passar uma noite mal dormida no apartamento que guardava tantas lembranças da época que David estava comigo, da época que fui feliz, levantei do sofá fui ao banheiro fiz minha higiene pessoal e decidi sair para tomar café numa cafeteria que tinha na esquina da rua do meu prédio, a comida era boa e o café excelente e se fosse para ser sincera eu realmente senti falta do bom e velho café nova-iorquino.
Fiquei ali observando o ritmo da correria matinal das pessoas, Nova Iorque era agitada as pessoas corriam de um lado para o outro a todo momento independentemente da hora, não importava se fosse dia ou noite, se fizesse sol ou chuva, essa cidade vibrava 24 horas por dia, quando vi que já era 06:50 am paguei minha conta e voltei ao meu prédio, eu precisava me arrumar e pegar minhas coisas para ir a WTC, hoje iria assistir a uma reunião do conselho diretor e o CEO.
Quando entro no meu prédio cumprimento Richard o porteiro e caminho para dentro do hall e grito pedindo para o homem que estava no elevador segurar a porta para mim e quando a mesma se fecha xingo o cretino egoísta por ser tão babaca, mas então a porta se abre o que me deixa extremamente constrangida, entro no elevador e torço para que ele não tenha ouvido, mas então ele pergunta se o chamei de cretino egoísta e opto por mentir.
Olho o homem a minha frente e analiso seu porte físico ele devia ter em torno de 40 anos, era loiro, olhos verdes e detinha uma postura de quem conseguia tudo o que queria, desvio meu olhar do dele depois de responder suas perguntas e começo a mexer no meu celular não queria conversar e também estava envergonhada por tê-lo xingado.
Fico o tempo todo mexendo no celular e ignorando a presença do senhor dono do mundo enquanto torço para que o elevador chegue logo no décimo andar e quando minhas preses são atendidas suspiro aliviada colocando meu celular na bolsa e caminho para fora do elevador mas paro quando escuto a voz dele.
- Pensei que até um cretino egoísta como eu uma vez ou outra merecesse um agradecimento por uma gentileza. – Ele fala em um tom zombeteiro e sorri de canto saindo do elevador.
- Eu, eu é.... Obrigado por segurar o elevador. – Falo um pouco constrangida fitando seus olhos mais uma vez e mordo meu lábio inferior.
- Por nada. – O escuto responder e vejo seu sorriso se ampliar ainda mais convencido, bufo com tamanha presunção ele podia ter sido gentil mas estava na cara que era um cretino.
- Preciso ir. – Falo virando de costas para o mesmo e caminho para o meu apartamento vazio, pego minhas chaves abro o mesmo e entro sem olhar para trás.
Caminho pelo apartamento vazio e vou para o quarto de hospedes onde na noite anterior eu tinha colocado minhas coisas, pois a ideia de usar a suíte principal sem o David me parecia absurda e dolorosa, então era mais fácil evitar cutucar minhas feridas.
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Human
RomanceAs vezes a dor nos faz erguer barreiras ao nosso redor, Helena se fechou para o mundo e todos a sua volta depois de uma tragedia, mas agora esta disposta a tentar recomeçar a vida, mesmo com medo e ainda carregando o sentimento de culpa ela precisa...