Nossa doce e limitada história. - Capítulo único.

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Chaeyoung pov

A conheci há cerca de dez anos, quando se mudou para a casa em frente à minha. Na época tínhamos dezesseis anos e me descobri mais velha e também mais infantil. Uma garota tímida, de poucas palavras e que não gostava de multidões. Me apaixonei assim que a vi, não foi seu jeito tímido que chamou a minha atenção, mas o seu olhar cativante, a sua sabedoria além da normal e seu jeito calmo. Mas não sabia eu que ela se considerava quebrada, o motivo? Nunca me contou, apenas disse que ela machuca quem se aproximava, que todos iam embora machucados, mas eu não me importei com isso, eu a amava e estava disposta a estar do seu lado. Então vou contar nossa história e como descobri o que lhe fazia ser desse jeito, cheia de inseguranças, medos e impedimentos.

22 de março de 2011. - Vizinha

E lá estava ela, levando caixas e mais caixas para dentro, sem cansar ou parar para um descanso. Usei a desculpa de colocar meu cachorro para passear, apenas para vê-la. Hank estava inquieto naquele dia e não sei como a coleira saiu da minha mão. Ele saiu correndo, tentei segui-lo e nossa…. cachorros correm rápido. 
— Hank, me espera. - Gritei quase desesperada.
Ele parou justamente de frente a ela, minha apenas ficaram bambas. Não ousei ir até lá. Pensei que ela não faria nada, mas se abaixou diante dele, lhe fazendo carinho. Dica do dia para conquistar uma garota: Use um cachorro, cinqüenta por cento de sucesso, onde os cinqüenta de fracasso são de: ela namora, não gosta de cachorro ou é hetero e na pior das hipóteses….Não está interessada em relacionamentos
Hank gostou dela desde o início, ela brincava com ele lhe fazendo carinho em sua barriga. Me aproximei meio...Não, não, muito envergonhada.
— Você deve ser a vizinha nova. Eu moro ali na frente, me chamo Park Chaeyoung. - Ela levantou para me olhar, lhe estendi a mão, mas ela apenas se curvou. Às vezes eu me esqueço de fazer isso, parece uma velha tradição.
— Kim Jennie. - Meu cachorro veio em minha direção. - Ele é seu? - Confirmei. - Qual o nome?
— Hank, ele se chama Hank.
Eu não olhava para ele, apenas para ela e sua beleza surreal, mas creio que não percebeu isso.
(...)
Depois de um tempo comecei a notar seu jeito, ela não deixava que as pessoas se aproximassem, uma vez chegou a chorar porque fizeram isso e eu sempre tentei protegê-la dessas coisas, impedindo que chegassem perto e encostasse um dedo nela. Eu tinha que protegê-la das coisas do mundo e de qualquer coisa que a fizesse mal.  Não chegou a me contar o motivo de não gostar de ser tocada, apenas percebi as suas recuadas

10 de Abril de 2012. - Pedido de namoro.

Depois de um ano apenas sendo sua amiga, eu a queria mais do que esse rótulo e ela sabia, pois nunca fui de negar ou esconder meus sentimentos, estava disposta a seguir qualquer regra sua. Até mesmo a não segurar em sua mão ou lhe dar o abraço que eu tanto queria. E lá estava eu, a esperando para irmos para a escola, último ano para ser mais exata. 
— Desculpa a demora. - Sua voz doce sempre parecia uma linda melodia, a qual nunca me cansarei de escutar. Até se estivesse brigando comigo, coisa que faz com frequência. Até teve uma vez que a irritei tanto ao pendor de vê-la vermelha de raiva, fiz isso propositalmente, pois eu queria receber seu toque e esse poderia ser o único jeito disso acontecer. - Terra chamando, Chaeyoung. - Com isso me despertei do transe. - Eu sei que demorei muito, mas não precisa me ignorar.
— Eu te esperaria por uma vida inteira. - Digo com um grande sorriso, logo o mesmo olhar incrédulo de sempre.
— Começou cedo.
— Quero te dizer uma coisa.
— Não. 
— Porque não?
— Porque sei o que vai dizer. - Como ela sabe? Eu devo ser óbvia demais. - Não quero estragar nossa amizade e não quero que se machuque. 
— Mas…
— Eu não posso te dar o que você quer, outra pessoa pode te fazer feliz. Da uma chance a Lisa, ela gosta de você e pode te fornecer tudo que eu não posso. - Saiu andando.
— Porque eu me envolveria com alguém que não é você? - Parei em sua frente. Então ela parou. - Não quero ela, eu quero você, não ligo se não posso te tocar ou te abraçar, saber que me considera algo além do que sua melhor amiga, já é muito. Me dê uma chance, Jennie Kim. 
— Que garantia eu tenho que você não vai tentar nada?
— Eu juro por minha vida. Eu juro por toda a melodia do mundo. Eu juro por todo dorama com final clichê. Eu juro por toda foto que já tirei. Eu juro por toda a comida do planeta terra e por todo amor que sinto por você.
— E se eu nunca puder te beijar ou fazer coisas de casal?
— Não ligo. Eu gosto de você do jeitinho que é. Com todos esses impedimentos, com toda a sua gentileza e cuidado, gosto de tudo que te compõe.
— Está mesmo disposta a arriscar nossa amizade?
— Sim, agora posso dizer o que eu quero esse tempo todo?
— Eu aceito. - Isso fez meu coração disparar, era isso que sempre quis escutar. Ela nunca foi de enrolar e eu já pressentia que pudesse ser assim.
— Espera, eu ainda quero dizer uma coisa, treinei para isso e vou dizer, depois você pode dizer isso outra vez. - Dei uma tossida para limpar a garganta, ela sempre ri com isso e hoje não foi diferente. - Assim que te vi meu coração foi tomado por você, hoje ele não me pertence mais e cabe a você cuidar dele, não me importo se só sejam com palavras, mas estou te dando ele. Nós dois não entendemos o que te impede de certas coisas, mas estaremos aqui quando quiser falar, sempre estaremos aqui. Então, Kim Jennie, aceita meu coração ou ele ainda precisa te esperar mais um pouco?
— Eu aceito, sua boba.
— Boba por você, namorada. - Ela não hesitou em sorrir, aquele lindo sorriso gengival. Que me alegou por todos os dias.
(...)
A ficha de que estávamos namorando só caiu no outro dia, quando perguntou se poderíamos contar aos nossos pais. Desde o início só me contou que gostava de garotas, pensei que não tivesse se assumido ainda, mas eu estava enganada, ela havia se assumido bi a cerca de três anos, dois anos antes de nos conhecermos  Seus pais aceitaram nosso relacionamento com a maior normalidade do mundo, disseram que sua filha estaria em boas mãos e que confiavam plenamente na minha pessoa. Passei a ir na sua casa com mais frequência, até sentava no mesmo sofá que eu, isso soa como um romance antigo. 

A ausência do seu toque. - ChaennieOnde histórias criam vida. Descubra agora