Coulrofobia

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  -Confesso, não esperava te ver de novo. Mas já que está aqui, vamos ao que eu prometi. Essa se chama:

Coulrofobia

  Uma garotinha, estava num circo, um pouco estranho, mas ela era quem estava a apresentar-se, e isso a chocava um pouco, ela, assim como as histórias anteriores, não sabia como havia parar lá.
  O local se parece com um estádio, redondo e vazio, não há pessoas por perto, tudo que há por ali, são dois portões, em que está tudo escuro dentro de cada um.
  A menina já aterrorizada, sente um arrepio quando uma música, típica de circos, porém mais rápida e aflita do que as convencionais, começa a tocar, e junto a isso, ela sente uma presença atrás dela, que ao se virar, magicamente, em meio a chamas vermelhas que não estavam ali antes, surge uma criatura alta, e imponente, que ergue um de seus braços extremamente magros e escuros, num tom muito escuro de cinza, e estala seus dedos: "Tec!" No mesmo instante deste barulho, luzes se acendem no teto do estádio, e é possível ver muitas, muitas pessoas na plateia, todas elas se parecem com sacos vermelhos, e um circulo branco na parte do rosto, que contem algo como tinta, pintada para parecer um rosto, dois pontos, e uma linha, que aparentemente sem explicação, se mexem como se fossem coisas vivas.
  Segundos depois, todas elas berram extremamente alto, é irritante e ensurdecedor, e no meio disso, um barulho é abafado, mas ainda é possível ouvir, e a garota, ainda paralisada, consegue escutar com facilidade, o barulho de um portão abrindo.
  Todos os barulhos cessam, e a criatura desconhecida, da uma risada fina e com um tom estranho, que parece mudar a cada segundo, e vai lentamente diminuindo, até que ela mostre que consegue se comunicar: "Muito bem vindos, meus servos e subordinados, hoje temos uma convidada especial, Júlia!" Em seguida desta surpresa, os gritos voltam e cessam após poucos segundos e o monstro volta ao discurso: "E hoje, ela enfrentará seu maior medo, em escala enorme, Palhaços!" Seguido disto, a risada se revela novamente, em meio aos gritos e um ser humanoide começa a sair do portão, um palhaço aparentemente normal, que ao olhar para a pobre garota, diz: "Ah, então você é a convidada! Hahahahaha! Eu lhe apresento a... Metamorfose." Ao falar, de forma tão imponente, a região do abdômen do palhaço começa a se deformar embaixo de sua roupa, até que seja possível ver algo rasgando sua camisa, em meio ao sangue, que se espalha cada vez mais.
  Aquele que era pra estar chorando de dor neste momento, ri como uma criança, ao ver o sangue se espalhando, e o monstro sair de dentro do próprio corpo, ele parecia querer aquilo.
  Quanto mais tempo se passa, é ainda mais fácil identificar a forma, que é gigante, e com isso, quero dizer que era do tamanho do estádio.
  Em meio a esta cena tão horrível, finalmente é possível ver a criatura completa. Ela tem pernas magras, braços extremamente longos e mãos maiores que o próprio antebraço, e como se não bastasse, uma cabeça completamente desproporcional ao corpo, com o rosto pintado de branco e um pouco manchado pelo sangue.
  Júlia, desesperada, percebe que uma mão consegue entrar por dentro da outra, assim percebendo que era apenas um sonho ruim, mas ela ainda assim não consegue acordar, e por mais que acordada dentro do sonho, ela não pode controlar os pensamentos.
  O gigante começa a andar na direção dela, que sem reação, apenas fica parada observando. Ele ao se aproximar, segura ela com dois dos dedos, que ao encostarem nela, parecem sujos e gosmentos, levantam ela com facilidade e a deixam cara a cara com o monstro, que abre a boca, com o sorriso perturbador, e a aproxima de seus afiados, sujos e tortos dentes, ao ver a escuridão toda da garganta do palhaço, a menina por sorte acorda, ouvindo de uma voz feminina: "Filha, acorde você vai se atrasar pra escola!" Júlia abre seus olhos, e sua mãe não está lá, a coisa que falou com ela, era a mesma criatura que comandava o circo, e após ela acordar, ele fala mais alto do que os gritos do sonho: "Você não deu um bom entretenimento para meus subordinados, nem ao menos tentou, e agora pagará..." Seguido disto, seu braço se levanta, seus dedos se encostam, e ao ouvir aquele mesmo barulho, ela está sentindo um calor desagradável, está vendo chamas por todo seu corpo, aquilo arde mais do que qualquer pimenta, ela sente sua pele sendo derretida, e a única coisa que ela consegue puxar com seu sistema respiratório são as cinzas e a fumaça que seu próprio corpo está produzindo, tanto por fora, quanto por dentro, dói mais do que qualquer outro desprazer ja presenciado pela Júlia, que consegue ver surgindo em sua frente, o mesmo gigante, com o mesmo sorriso, olhando atentamente e rindo mais do que a garota havia rido a vida toda, a mesma, só consegue pensar em uma palavra...

Coulrofobia

Angústia | Contos De TerrorOnde histórias criam vida. Descubra agora