Já???

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8 meses e um cadinho

Nossos dias na roça estão acabando, infelizmente. Amanhã cedo iremos embora, precisamos estar em casa para nos prepararmos para a vinda de Finn. A cesariana está marcada para daqui a três semanas e eu quero que tudo saia perfeito.

Nessa noite, estamos fazendo uma sopa para encerrar a viagem com chave de ouro. Adora refoga os vegetais enquanto eu preparo a carne.

Quando a noite não está tão fria, nós duas vestimos os mesmos roupões de cetim de sempre. Hoje, a noite está agradável. O tecido fino é suficiente para nos aquecermos.

- Amor, me passa o sal? - Ela pede.

Pego o saleiro e entrego em suas mãos.

Adora começa a salpicar o tempero sobre os vegetais, mas, do nada, ela para. Simplesmente congela.

- Ad? - Pergunto, estranhando sua reação. - Tá tudo bem?

Ela está com os olhos arregalados e o cenho franzido.

Então, vira para mim.

- Catra... Estourou...

- A quantidade? Colocou muito sal? - Olho para a comida. - A gente pode lavar um pouco e-

- A bolsa! - Ela me interrompe. - A bolsa estourou! - Praticamente grita.

Só aí que noto a poça de água no chão abaixo da mulher.

E me bate o desespero.

- Puta merda, Adora! Puta merda, Finn! Puta merda! - Coloco as duas mãos na cabeça, pensando que porra que eu faço agora.

Adora se contorce de leve, com a boca meio aberta, como se estivesse sentindo uma contração.

- Liga para emergência, Catra... - Ela diz, com medo estampado em seu rosto.

Caralho, Finn!!! Você tinha que ser tão apressado???

Conduzo a Adora até o sofá e a faço se deitar, depois corro para o celular.

- Serviço de atendimento urgente. Qual a sua emergência?

- A bolsa da minha mulher estourou! Nosso bebê vai nascer! Por favor, manda alguém para ajudar!

- Só um instante, senhora. Estou colhendo sua localização via GPS para enviar a ambulância.

- Anda rápido, moça... Por favor... - Sinto meu coração arrebentando minhas costelas quando ouço a Adora grunhir de dor mais uma vez. - Moça, pelo amor dos deuses!! - Grito ao celular.

- Senhora, consegui te localizar... Mas vocês estão há duas horas do hospital mais próximo, talvez não dê tempo do carro chegar antes do bebê nascer.

- Caralho, moça, o que que eu faço?? Eu não sou médica, sou fisioterapeuta, eu não faço ideia do que fazer!

- Preciso que você se acalme, senhora. Ouça minhas instruções com atenção. Primeiro você deixa sua esposa sentada a quarenta e cinco graus, okay?

- Okay... - Vou até a Adora e coloco várias almofadas atrás de suas costas.

- Okay?

- Okay, moça. E agora?

- Senhora?

- Porra, moça! Não está me ouvindo??

- tu... tu... tu...

- Mas que inferno!! Está sem área nessa merda!!! - Jogo o celular em qualquer canto e me ajoelho ao lado de Adora.

Querida Cegonha...Onde histórias criam vida. Descubra agora