As Três Palavras

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Nota: essa história de passa no mesmo universo de uma das minhas One-Shots (Frieden) publicada na minha coletânea de One-Shots

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Juntos, Armin e Annie adentraram o pequeno quarto daquela instalação, uma das que resistira em uma das poucas cidades restantes. As mãos se tocavam, os dedos entrelaçados de uma forma protetora, não queriam se soltar. Não. Nunca mais. Estavam cansados - exaustos, na verdade -, fracos de tantas batalhas vencidas, mas estavam juntos, e se isso fosse um sonho, não queriam acordar de jeito nenhum.

Aos poucos, os sobreviventes começavam a se reerguer, recuperando suas casas, reencontrando suas famílias, comemorando por estarem pelo menos respirando. Um final agridoce para uma vida tão amarga era tudo o que poderiam pedir. Aqueles que voltaram com vida da grande batalha eram vistos como salvadores - por mais que, para muitos, ainda fossem os vilões de suas próprias histórias. Por hora, os guerreiros da Aliança ficariam fora de Paradis, um consenso mútuo de que não seria uma boa ideia voltar agora, afinal, foram os responsáveis pela morte de Eren Jeager, o adorado pelos Eldianos da ilha.

Annie fora a primeira a reagir ao constatar que estavam a sós no cômodo. Encarando-o, ela levou as mãos até o rosto alvo, tocando suas bochechas de uma maneira tão delicada que era como se ele pudesse simplesmente se quebrar com um minimo deslise de seu toque. Armin sorriu para ela, colocando suas próprias mãos sobre as dela antes de aproximar seus rostos para as testas se tocarem.

Aproximação. Toque físico. A confirmação muda de que estavam ali, de verdade, um para o outro.

A loira o guiou até a única cama do quarto, sentando-se sobre o colchão e vendo-o fazer o mesmo, deixando-os lado a lado. O cômodo era simples; uma cama de casal, um guarda roupas e uma pequena porta que levava ao banheiro, mas era tudo o que eles precisavam no momento. Agora, foi a vez dele tocar o rosto dela, acariciando sua bochecha e seus lábios com o polegar, antes de puxá-la com carinho para si, unindo as bocas em um beijo tão esperado por ambas as partes. A última - e única - vez que estiveram tão próximos assim fora no navio a caminho de Odiha, estavam angustiados, com medo, cansados, porém necessitados um pelo outro.

Era diferente agora, eles sentiam, o desejo mútuo era o mesmo de antes, porém sem os sentimentos ruins que os assombravam. Era apenas... tão bom poder usufruir da felicidade, da paz, sabendo que poderiam estar assim no dia seguinte - e em todos os próximos, sem a incerteza do que teriam no amanhã.

— Por que me ignorou quando estávamos lá fora? —  Annie indagou baixo quando se separaram.

— O que?

— Você nem se aproximou de mim depois que a poeira baixou, quando os soldados Marleyanos deixaram de nos perseguir — ela explicou, agora sentindo-se boba por se importar tanto com isso — Fiquei até surpresa de ter me chamado para vir com você...

— Não, é isso! — Armin disse prontamente, fazendo-a arregalar os olhos brevemente pelo tom desesperado — É que seu pai estava... Era um momento de pai e filha, e você ficou tantos anos sem poder vê-lo. Não queria ser inconveniente e deixar as coisas desconfortáveis de algum modo — ele coçou a nuca envergonhado.

A loira assentiu, sentindo-se estranhamente aliviada pela confirmação.

— Entendo... — respondeu simples, deitando a cabeça timidamente no ombro dele e sentindo-o passar um dos braços por suas costas para abraçá-la de modo carinhoso — Aliás, meu pai disse que você é corajoso, ele gostou de você.

O Arlert riu brevemente.

— Bom saber disso.

Um silêncio confortável pairou no cômodo e eles permaneceram apenas aproveitando o contato e o calor um do outro. Armin hora ou outra acariciava as costas alheias com delicadeza e Annie prendia a respiração a cada vez que sentia o toque. Não que não gostasse, muito pelo contrário, percebeu que amava aquele tipo de demonstração de carinho, principalmente vindo do loiro, ela só... não estava acostumada com tanto contato físico - ao menos sem ser em algum combate corpo a corpo.

Viver • AruAniOnde histórias criam vida. Descubra agora