Viver • AruAni

Um Pouco de Paz

Semanas se passaram, corridas e cheias de afazeres, mas no geral, as coisas pareciam estar caminhando para o melhor. A pequena vila estava sendo o suficiente para abrigar os sobreviventes da região e aos poucos crescia e se desenvolvia, apesar das intrigas iniciais, todos se esforçavam para ajudar no mínimo que fosse. Afinal, a sobrevivência era mais importante do que qualquer desavença passada.

Armin colocou o último prato sobre a prateleira na cozinha e encarou Annie, que terminava de limpar a sala da pequena casinha que iriam dividir, e sorriu fraco. A guerra deixava marcas em todos, isso era inevitável, mas estava feliz que seus amigos - e ele mesmo - estavam conseguindo seguir em frente. A súbita memória do dia que decidiram - da maneira mais atrapalhada e aleatória possível - morar juntos ali o fez soltar uma risada baixa, atraindo a atenção da loira sem perceber.

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"Havia acabado de começar o horário de almoço, filas se formavam próximo ao local onde alguns moradores já começavam a distribuir os alimentos para todos. Armin saiu da barraca onde um pequeno grupo de apoio montado por Reiner se reunia todos os dias, parecia algo idiota, mas era um meio simples de lidar melhor com tudo o que acontecera, e incrivelmente, estava funcionando.

Ao entrar na fila, encontrou Pieck, que acenou indo de encontro ao Arlert junto com Yelena - a loira alta optou por se juntar a Aliança em Marley, de acordo com a mesma, não tinha vontade de ficar no meio de uma revolução política em Paradis. A morena estava sendo de grande ajuda em questão de tratamento e recuperação dos feridos e mostrou ser ótima no meio, em uma de suas breves conversas com o loiro, a Finger comentou que gostaria de estudar mais para seguir como médica e Armin, claro, prontamente a apoiou.

Não demorou muito para que chegasse em sua vez, o loiro pegou dois pratos como sempre fazia e, após se despedir de Pieck, foi rumo ao pequeno centro da vila, onde encontraria a loira para comerem juntos mais uma vez. Era quase gratificante ver como as coisas estavam evoluindo de maneira positiva, pelo menos ali, não queria pensar muito em como estava o resto do mundo e ainda esperava alguma carta ou qualquer coisa sobre Paradis.

Mas enquanto esperavam notícias, a Aliança seguia fazendo seu melhor; Annie passava a maior parte do tempo com o pai, ou ajudando Pieck no que conseguia. Connie e Jean se mostraram incrivelmente bons com crianças e logo já conquistaram a confiança dos pais  - e o Kirstein, bem, conquistou alguns corações também -, o que os levou a montar algo que chamaram de "esquadrão de brincadeiras do Connie & Jean", ato bem útil aliás, assim os adultos podiam ajudar na cidade sem se preocupar com a segurança dos pequenos. Armin era responsável por manter a organização e apaziguar os pequenos conflitos que ainda surgiam graças as diferenças e indiferenças de alguns poucos, mas também ficava muito feliz em ajudar Reiner, participando das reuniões diárias do grupo de apoio do colega. E Levi, que havia praticamente sido sequestrado por Gabi e Falco - as crianças insistiram que ele precisava de "uma companhia mais divertida", e o Ackerman incrivelmente não recusou.

— Demorei muito? — o loiro saiu de seus pensamentos ao ouvir a voz de Annie, enquanto a mesma sentava ao seu lado no banquinho em que estava.

— Não, não se preocupe — sorriu gentil, entregando-lhe um dos pratos.

— Obrigada.

Começaram a comer em um silêncio confortável, hora ou outra trocando pequenos olhares, gostavam de aproveitar a presença um do outro, então sempre deixavam a conversa para depois. Annie fora a primeira a terminar de comer, depositando o prato e o talher sobre sei colo e encarando os próprios pés, pensativa.

— Você tá mais quieta que o normal, aconteceu algo? — Armin indagou quando também terminou de comer.

— Armin, você tem pesadelos?