capítulo cinquenta e sete

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eu estava no sofá, sentada em uma toalha de banho, observando meu marido andar pela sala sem parar, ele me deixava nervosa com aquele olhar preocupado. tivemos algumas aulas sobre isso, a hora tensa do parto, o que devíamos ou não fazer, coisas que ensinam em cursos para grávidas. hero reclamou que as aulas não ensinavam nada que ele já não sabia mas agora, quando realmente está acontecendo, ele deveria se lembrar das lições que aprendemos. eu estava tranquila, fazendo meus exercícios de respiração que aprendi, apenas esperando ele se acalmar para me levar para o hospital.

– trouxemos vinho. – ted quase cantou a frase quando entrou em casa, a porta estava apenas encostada, já que estávamos esperando eles. hero pareceu querer matar meu melhor amigo, talvez tenha o fuzilado com o olhar.

– o que aconteceu? eu vou levar um soco agora? – eu ri mas tive de olhar feio para hero, que continuava olhando para ted com aquele olhar assustador.

– minha bolsa estourou. estamos indo para o hospital. bom, estou esperando ele se acalmar primeiro. – minha irmã, que trazia seu filho nos braços, o entregou para seu marido e soltou a mão de aurora, que correu para hero.

– eu vou com vocês. – katherine disse desesperadamente. eu me levantei, apoiando no sofá e segurei seus ombros.

– você vai ficar exatamente onde está. o jantar será servido na hora planejada porque eu passei semanas organizando isso. minha sogra está para chegar e vocês vão ficar com ela, será uma noite divertida para todos. você não quer me contrariar agora, kat. – eu estava começando a sentir uma contração, seria capaz de enforcar minha irmã caso ela me contrariasse em uma vírgula.

– uma noite divertida. com certeza, é o que vamos fazer, jo. eu prometo. – eu concordei com a cabeça e parei na frente de hero, que estava com nossa sobrinha no colo. ele parecia estar em choque mas eu estava com dor, nada mais importava agora.

– vai me fazer brigar com você agora? – quebrei seu transe, fazendo ele soltar aurora. fiz o que pude para me abaixar e dar um beijo na testa daquela pequena, ela abriu um sorriso enorme, que me confortou.

hero correu para pegar a bolsa que eu deixei pronta para casos assim, eu esperava ter que sair às pressas para a maternidade mas não hoje. os bebês decidiriam um dia que eu não queria mas eram nossos filhos, o gene deles seria forte como uma boa mistura entre hero e eu, então o que eles decidirem, está decidido. a primeira contração chegou de verdade quando eu estava atravessando a sala, katherine correu até mim e eu me apoiei nela, enquanto quase gritava de dor. eu não me lembrava que doía tanto assim.

– acabaram de fechar as estradas. é uma tempestade de neve, pelo que disseram no jornal. – ted comentou, olhando para a tela do celular. eu senti meu mundo parar de girar.

em segundos, a sala se preenche com vozes, os três discutiam o que fariam, enquanto eu me segurava em katherine com todas as minhas forças. eu não ouvia nada além de vozes distantes, estava entrando em pânico. tínhamos um plano, de como tudo aconteceria, minha médica era ótima e faria o parto quando fosse a hora. agora, não temos nada além de estradas fechadas. minha irmã me sentou onde eu estava antes e tentou se comunicar com hero mas ele estava bravo demais para conversar, andava pela sala e como se fosse abrir um buraco no chão.

– liga pra sua irmã. agora. – com o pouco de razão que me sobrara, lembrei que mercy estava fazendo sua residência, estava no último ano. ela não tinha uma especialização ainda mas me contou que passou horas em obstetrícia, e era só o que eu tinha, minha cunhada para tirar os bebês de mim. deus, era meu pior pesadelo.

– vou te ajudar a subir e deitar na cama. teddy, procure ela como se sua vida dependesse disso. – katherine se referiu a mercy. elas deviam estar chegando, se tivéssemos sorte. minha irmã me ajudou a subir as escadas, degrau por degrau, até o quarto de hóspedes. ela sabia que eu ainda não havia tirado o colchão do plástico, estava adiando por ser pesado demais para segurar aquilo. seria o local mais higiênico para fazer aquilo ou ao menos era o que pensávamos.

Every breath you take | Herophine ∞Onde histórias criam vida. Descubra agora