The Life I've Lost | a minsung shortfic [Dark Stories of Love: Story 1]

🍃 Dois: A vida de Jisung 🍃

          Desde a noite de chuva eu permaneci seguindo aquele humano, Jisung. Ele morava em um apartamento em uma área classe média de Seoul. O apartamento era minúsculo, tinha apenas um quarto que com muito esforço cabia uma cama de casal qual estava sempre bagunçada como todo o apartamento.

       A cozinha era dividida da sala apenas por um balcão, não tinha sala de estar, apenas alguns bancos ao lado de uma mesa pequena que estava lotada de jornais. Um deles tinha como notícia destaque, que li rapidamente antes que Jisung o jogasse no lixo, " Raio atinge árvore e incendeia pequena casa ao sul de Gimpo. " Essas tempestades tem realmente sido perigosas.

          O banheiro poderia ser facilmente o único cômodo qual se podia andar sem trombar em algum outro móvel no meio do caminho. Ele era até um pouco grande, tinha uma banheira (qual estava imunda), um chuveiro pequeno acima, um vaso sanitário e uma pia com vários produtos e remédios espalhados sobre ela, e na parede acima da mesma pia tinha um espelho médio que também estava em péssimo estado. Bem, de qualquer forma não iria me servir, porque não tenho reflexo e graças à isso não sei nem ao menos qual era meu rosto.

            Me pergunto às vezes: Como eu sou? Será que sou bonito? Será que fui bonito antes de virar um mero espectro vagando em meio ao mundo? Perguntas e perguntas direcionadas ao vazio. Nenhuma resposta além do eco de minhas próprias palavras.

           Voltando à Jisung, ele vivia naquela situação deplorável de vida em uma tristeza que por vezes chegava até me doer um pouco. Não falava muito, não recebia visitas, apenas atendia o telefone de vez em quando para falar com um amigo, mas era só isso. Sua vida era solitária, e a pouca companhia que tinha em casa era a de três gatos e um hamster.

           Tinham fotos espalhadas por uma das paredes que me revelou vagamente a razão de sua dor. Eram fotos dele com outro jovem de idade possivelmente próxima a sua, fotos românticas, de encontros, brincadeiras, fotos que transmitiam felicidade, mas que toda vez que ele as encarava só conseguia desabar em lágrimas e se trancava no quarto chorando por horas até que conseguisse dormir.

           Vendo aqueles momentos gravados nas paredes me fez por um momento entender porque ele se sentia tão depressivo através dos dias. Eu não sabia qual era a sensação de amar, mas pelos dias que vaguei pela cidade pude perceber que é algo intenso e bonito. Esse tipo de sensação sendo seguida de uma morte deve realmente desmoronar qualquer pessoa. Eu não podia julgar sua bagunça, ou procrastinação, na situação delicada qual ele se encontrava era de ser compreensível, mesmo que nada saudável.

            De noite ele costumava se sentar ao sofá e assistir filmes repetidos na esperança de ocupar um pouco sua aflita mente. Tinham vezes, raras vezes em que ele sorria ouvindo alguma piada e aquilo por algum motivo fazia meu corpo vazio se aquecer.

            Quando ele conseguia finalmente pegar no sono, eu ficava observando seu corpo descansar. Ele era um rapaz muito bonito de fato, até um morto como eu poderia admitir. Tinha uma pele que parecia ser incrivelmente macia e braços pouco definidos, mas que eram suficientes para pegar alguém no colo sem sentir nenhuma dor na coluna.

                Seu sono era pesado, e ele dormia abraçado em travesseiros, e seus gatos (ou de seu namorado já morto, não sabia dizer) costumavam deitar em seus pés. Percebi que Jisung quando dormia ficava em uma única posição por várias horas, até que finalmente a mudava, e mudava de novo, mas em nenhum momento ele largava o bendito travesseiro.

             Talvez sentisse saudade de seu namorado, de o abraçá-lo enquanto dormia, de ser abraçado daquele jeito. Eu nunca saberia explicar como achava que ele se sentia, porque aquela sensação era refletida de uma maneira tão inexistente em mim que mal mal conseguia reproduzí-la em palavras. Mas eu ainda assim tentava à qualquer custo entender seu sentimento.