she was the girl in red

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Minhas mãos soam, molhando o microfone tradicional que estou segurando.
Ouço meu nome sendo gritado por milhões de pessoas, fazendo com que eu abra um grande sorriso.
Euforia, ansiedade e acima de tudo, orgulho.
Vários sentimentos e pensamentos estão percorrendo pelo meu corpo neste momento, como se essa fosse a primeira vez que eu passo por algo assim, mas isso já virou rotina.

Tremo minhas mãos desesperadamente, ao mesmo tempo que alongo meu pescoço de todas as formas possíveis.

Me aproximo da cortina que separa o palco do meu camarim e posiciono meu rosto de uma forma que consiga enxergar toda a multidão do outro lado.

-- Está bem cheio aqui,não é? - diz meu acessor, Finn, se aproximando de mim, fazendo com que me assuste.

Finn é meu melhor amigo desde que me entendo por gente, ele era o vizinho bonitinho que eu beijava na época que nem sabia direito o que era beijo; coitados, tão ingênuos.
Ele sempre foi uma das pessoas que mais me apoiaram em relação a música, e desde que comecei a minha carreira, ele me acompanha como acessor.

-- Você me assustou!

-- As vezes acho que está devendo alguém, se assusta com um vento um pouco mais forte do que o normal -- diz soltando uma pequena risada -- ei,você está nervosa?

-- Sinceramente? Para um caralho.

-- Não tem necessidade disso! Você é incrível! Vai subir naquele palco e arrasar como sempre, fica calma. -- sorri e passa a mão direita no meu cabelo, o colocando atrás da minha orelha.

Durante todos esses anos, em nenhum momento, eu vi ele perdendo uma chance de me enaltecer, e confesso que amo isso.
Vivo dizendo que ele é meu maior fã, e realmente é! Prevejo o momento em que tatuará o meu nome em sua testa.

-- Obrigada! -- digo e ele abre um sorriso ainda maior para mim -- É só que isso é muito louco! Eu me lembro de quando tínhamos 5 anos de idade, e você ficava tocando aquele meu violão roxo de brinquedo, enquanto eu cantava as músicas sobre pizza que escrevíamos juntos.

-- Não toque nesse assunto! Sinto falta daquele violão roxo mas do que qualquer coisa nesse mundo. -- rimos juntos ao relembrar esses momentos -- Mas concordo com você, é muito louco pensar isso! Éramos apenas duas crianças inocentes, sem saber nada da vida, somente um mini microfone e um violão. E olhe para você hoje! Olhe o que se tornou! Você está encerrando uma turnê enorme e sabemos que merece tudo isso. Tenho muito orgulho de quem você é, minha pequena...

-- Obrigada por tudo! Você é e sempre foi fundamental para essa jornada.

-- Eu te amo! -- se aproxima,deixando um beijo em minha testa. -- E você tem um show para fazer!

-- Sim, eu tenho. -- digo e me viro para olhar no reflexo do espelho. Mexo um pouco em meu cabelo, arrumando o mesmo, e me preparo para entrar.

* - *

Abro a porta do bar, olhando ao redor. As mesas estão iluminadas com lâmpadas que refletem uma luz amarelada, deixando o lugar mais confortável.
Ando em direção a bancada principal, enquanto observo as pessoas ao meu redor, rindo como se esse fosse o melhor momento de suas vidas... Bom, a bebida faz isso com as pessoas.

Me sento em uma banqueta e olho para o garçom que está a minha frente, e ele logo se aproxima.

-- Posso ajudar?

-- Normalmente, negaria, mas eu acabei de encerrar um trabalho enorme, então, me passa quatro doses de whisky, por favor!

-- Agora! -- diz rindo, enquanto coloca os copos em minha mesa, enchendo- os com todo aquele álcool, que eu não deveria estar tomando, mas...

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