ʜᴀʀʀʏ ᴘᴏᴛᴛᴇʀ|𝑼𝑵𝑺𝑻𝑶𝑷𝑷𝑨𝑩𝑳𝑬 𝑬𝑴𝑷𝑰𝑹𝑬.

𝐓𝐡𝐞 𝐃𝐚𝐦𝐧 𝐁𝐨𝐨𝐤

Olivia O'Brien - Empty

"Eu não posso acreditar, Potter é o herdeiro da sonserina!" Daphne exclamou.

"O quê? Não seja estúpida. Se Potter odiasse os nascidos-trouxas, por quê ele seria tão próximo de Granger?" Nine argumentou.

"Você não viu aquilo? Ele fala a língua das cobras, sua desmiolada!" Daphne empurrou levemente a cabeça de sua amiga, de um jeito amigável.

"Pois é, eu também!" Nine tinha sua carranca diária formada em seu rosto mas sua expressão mudou quando ela percebeu o que havia dito.

Ela arregalou os olhos e tampou sua própria boca com uma de suas mãos imediatamente.

"O quê?" Daphne pareceu perder a cor, com seus olhos arregalados, sem qualquer reação possível. "Você fala a língua das cobras?" Ela disse depois de alguns minutos.

Nine apenas desviou o olhar, tentando evitar a situação ou se convencer de que era apenas um pesadelo.

"Você fala a língua das cobras!" Um sorriso de orelha a orelha se juntou a expressão surpresa de Daphne.

Tudo bem, não era apenas um pesadelo.

"É melhor manter sua boca bem fechada sobre isso ou vou cortar a sua língua e enfiar bem fundo aonde o sol não bate!" Nine se lavantou e espalmou as mãos na mesa do salão principal aonde elas estavam sentadas - agradecendo mentalmente por o salão estar completamente vazio pela manhã - e então fazendo gestos enquanto ameaçava a loira.

"Certo, certo. A minha boca é um túmulo!" Daphne falou animadamente e fez um x na frente da boca com os dedos. "Mas nem mesmo para o Blaise? Ele vive grudado em você e acho que ele ficaria chatead-" Ela começou depois de alguns segundos.

"Eu estou falando sério, se eu souber que contou isso para uma pessoa se quer, vão encontrar partes do seu corpo em sete países diferentes!" Ela cortou a fala da outra garota.

"O quê-"

"Vou fatiar você!" Ela simplificou aumentando o tom de sua voz e deu um olhar homicida a Daphne.

"Tudo bem, tudo bem, eu entendi." Ela fez sinal de rendição com as mãos.

"Você tem um grande potencial para ser uma assassina em série. Já te disseram isso, gata?" Era possível reconhecer a voz de Fred quando ele disse perto de seu ouvido, ele imitava um tom paquerador fazendo Nine rir.

"Há quanto tempo estão aqui?" Ela se virou para eles, tentando esconder seu nervosismo.

"Relaxa, chegamos agora e não queremos saber sobre seus assuntos criminosos." George respondeu.

•••

Ela abriu seus olhos e viu as paredes de algum dos corredores de Hogwarts, a dor em sua cabeça latejava e ela se sentia fraca.

Estava acontecendo de novo.

Ela baixou seu olhar, havia o corpo de um aluno petrificado ao lado de si e então ela arregalou os olhos vendo que em seu colo.. se encontrava aquele maldito livro.

O mesmo livro que ela havia taxado como apenas um objeto inocente mesmo que seu interior lhe disesse o contrário.

Ela tomou o livro em suas mãos rapidamente, pronta para destruir aquela velharia amaldiçoada, mas assim que a pele da palma de suas mãos tocou a capa, ela sentiu uma queimação em seu braço.

"Nem pense nisso, garotinha estúpida"
Foi escrito na lateral de seu pulso, assim como costumava aperecer escrito em tinta nas páginas do livro mas agora estava escrito em cortes em sua pele.

Calafrios passeavam por seu corpo.

"Fique quieta e então todos vão estar em paz quando você se for, livres de você."
Foi escrito em cortes na pele de seu outro braço e então coisas como: "Inútil" "Irritante" "repugnante"
começaram a ser escritas em cortes por toda a sua pela fazendo com que ela sentisse a queimação horrível da dor por todo o seu corpo.

"Você achou mesmo que alguém gostaria de ouvir você? você é patética."

Ela sentiu uma respiração próxima a seu ouvido, mesmo que não houvesse realmente alguém ali, e então juntou o resto de suas forças para se levantar daquele chão e correr até o banheiro feminino, aos prantos.

Ela atirou o livro para longe.

Tentou molha-lo para dissolver as páginas e talvez queimar a capa depois.

Todas as inúmeras tentativas desesperadas de destruir o livro.

Ela virou o banheiro de cabeça para baixo em meio a seu desespero, ela estava assustada e sentia muita dor, fisicamente e emocionalmente.

A garota estava em colapso.

Ela não tinha condições de estar em contato com aquele objeto maldito por nem mais um segundo.

Nada resultava então ela tentou dar descarga no livro, apenas na intenção esperançosa de se livrar, e deixou o banheiro rapidamente.

•••

Nine havia chegado ao dormitório vazio há alguns segundos depois de sair daquele banheiro devastado.

Ela se encontrava sentanda em sua cama, haviam lágrimas escorrendo por suas bochechas e ela tinha uma expressão vazia em seu rosto enquanto encarava um ponto qualquer no quarto, aterrorizada.

Era possível sentir a dor de todos aqueles machucados queimar lentamente em seu corpo, seu uniforme estava molhado - acabando por umidecer parte dos lençóis de sua cama. - e ela não tinha nem mesmo se importado em acender a luz do quarto.

A garota mal piscava seus pequenos olhos azuis que, neste momento, se encontravam vermelhos e inchados.

A porta estava trancada para que ninguém a pertubasse e o silêncio assustador se juntava a escuridão para preencher o interior do quarto.

Era como um cenário de filme de terror e ela parecia ser o monstro.

Mas ela não se importava.

Era difícil se importar depois de tudo.

Era difícil sentir alguma coisa além de angústia e dor, não importava o quanto ela se esforçasse.

Ela estava emocionalmente exausta e quando ela finalmente se sentia bem, algo sempre acontecia para fazê-la se sentir da pior forma possível novamente.

Esse era um dos momentos em que Nine sentia-se afogar nas memórias horríveis de seu passado e pensava que ela era exatamente como seus pais.

Ou ainda mais repugnante que eles.

Afinal, eles ainda eram mais importantes que um simples fardo.

Ela sentia todas as ofensas de Tom Riddle penetrarem em si, ela as acolhia como velhas amigas.

Ela sentia como se tudo aquilo fosse apenas a dolorosa verdade, sem precisar de ninguém para dizer isso a ela.

Uma coisa era certa, Riddle sabia que isso a aterrorizaria o suficiente para que ela não contasse a ninguém sobre o livro.

Não importa o quanto isso acabasse com seu emocional.

O importante é que ela não teria a capacidade para choramingar sobre o livro, assim como talvez não tivesse capacidade de conversar normalmente com qualquer um de seus amigos no momento.