Capítulo 6: De raspão

356 51 23
                                    


Poncho dirigia o carro velozmente enquanto ouvia Anahí se contorcendo no banco traseiro. O lugar já estava inundado de sangue.

Anahí foi atingida no braço. A bala parecia queimar sua pele a cada segundo que passava.

- Aguente. Já estamos chegando. - Poncho dizia, amargo, enquanto dirigia. Sentia-se nervoso, não tinha certeza se o plano havia dado certo, se seus parceiros conseguiram escapar a tempo e a salvo. Mas, naquele momento, os gritos de Anahí consumiam sua mente, não havia outra coisa que ele pensasse senão sair do gabinete e deixar Anahí a salvo.

Em vinte minutos, numa velocidade extrema e até arriscada, Poncho parou o carro derrapando em frente à casa de Madalena. Imediatamente abriu a porta traseira do veículo e pegou Anahí no colo, de modo que seu braço ficasse imobilizado.

Madalena prontamente veio até eles, ajudando Poncho para que a levasse até dentro da pequena casa. Poncho já se encontrava ensanguentado, mas sequer se dava conta disso. Anahí estava no limbo entre estar acordada e estar prestes a apagar completamente.

- Poncho, o que houve? - Madalena perguntou, exasperada. Ela abria espaço no sofá para que Poncho deitasse Anahí. Poncho rapidamente a deitou e a posicionou de maneira que o braço atingido ficasse à vista.

- Sem perguntas agora. - Poncho respondeu, rapidamente. - Precisamos tratá-la, Madalena.

Não se arriscaria a levá-la ao hospital. Poderia deixá-la em algum lugar e telefonar para a emergência. Mas Anahí poderia entregá-lo à polícia e todo o plano estaria fadado ao fracasso, pensava Poncho. Agora ajudaria Anahí, que ainda agonizava.

Madalena tratou de amarrar o braço de Anahí para que o sangue fosse contido. Poncho deixou que Madalena trabalhasse.

- Foi um tiro de raspão. - Madalena disse, enquanto analisava a ferida de Anahí. - A queimação e o sangue se intensificaram com a viagem no carro. - ela olhou Anahí. - Irei te ajudar, querida. Por favor, aguente firme.

Poncho buscava entre a casa panos que pudessem ajudar a fazer uma compressa. Já passara por isto em diversas outras situações, mas a FLPM não fazia ações arriscadas assim há mais de dois anos.

Finalmente conseguiu panos e gazes. Levou até Madalena. Ela limpou a região do braço de Anahí o mais profissionalmente que pôde. Acenou para que Poncho pegasse mais panos e começasse a fazer a pressão na região da ferida.

Anahí se sentia delirar. Ainda que o tiro tivesse sido de raspão, a dor parecia tirar seus sentidos. Viu que Poncho fazia pressão em seu braço. Com o rosto com a expressão de concentração, ele apertava panos quentes sobre a ferida. Os dois estavam sujos de sangue e suor. Anahí passou a encarar Poncho como forma de tirar sua atenção da dor. Analisava as marcas de expressão de seu rosto e seus olhos esverdeados. Em alguns minutos, Anahí pôde sentir que a dor começava a abrandar.

- Está se sentindo melhor? - Madalena perguntou à Anahí, aproximando-se. Agora ela trazia toalhas e roupas limpas. Poncho encarava Anahí, buscando alguma reação que pudesse responder à questão.

- Sim, estou melhor. - Anahí respondeu depois de alguns instantes. A voz em um tom perdido.

Ao ouvir isso, Poncho se tranquilizou. Tirou finalmente os panos quentes do braço de Anahí, com o sangue já estancado, e enrolou o braço com gases e bandagens.

- Obrigada. - Anahí respondeu baixo, com o olhar fixo em Poncho, que acenou com a cabeça e a encarou rapidamente.

Madalena levou Anahí até o banheiro para que ela pudesse se lavar. Enquanto isso, o celular de Poncho tocou. Ele havia se esquecido, por alguns minutos, que seus parceiros poderiam estar em apuros. Prontamente atendeu.

Dos VecesOnde histórias criam vida. Descubra agora