Caçadores

Quem sou?

Levantei em um sobressalto ao me lembrar do que aconteceu no dia anterior quando estava quase acordando, olhei a minha volta e suspirei, o primeiro dia sem Reina ali estava bastante melancólico. Me levantei e depois de me arrumar cheguei a cozinha, de onde podia ver a sala parcialmente destruída pela batalha do dia anterior, as paredes queimadas e lascadas contavam uma breve história de terror e mortes. Minha mãe chegou logo depois e começou a preparar o café, meu pai e minha avó Hikari chegaram logo depois, comemos em silêncio e de certa forma tranquilos. 

Meu pai foi o primeiro a se levantar e se retirar, porém logo depois ele retornou com um grande embrulho, feito de panos negros como a noite e preso por três cordas prateadas, o conteúdo desse embrulho se revelou sendo uma katana, com uma escritura na lâmina e incrivelmente leve. Ele então me explicou que aquela arma ele costumava a utilizar quando era um caçador em sua juventude, e, devido a escolha de tentar se dedicar a vida familiar aquela katana já não era mais necessária.

Minha mãe chegou em seguida com seu presente, um pequeno chaveiro, com oito frascos, cada um contendo pequenas quantidades de cinzas, água, terra, pedra, lã, metal, madeira e concreto, e junto desde conjunto um selo com algumas escrituras. Ela também explicou que eu devo carregar comigo este conjunto em todos os lugares, uma vez que ao colocar o conteúdo de um frasco em cima da escritura, este irá se multiplicar e utilizando as palavras corretas posso molda-los ao meu gosto durante esta transformação. Por fim me alertou sobre sempre manter os frascos carregados, para que nunca faltem esses utensílios. 

Por último minha vó se aproximou e me abraçou antes de me dizer que seu presente vai precisar de algumas instruções extras. E antes que eu perguntasse qualquer coisa, ela estalou os dedos, fazendo surgir uma figura com pouco mais de quarenta centímetros de altura, vestindo uma típica armadura samurai, porém ao invés de utilizar o capacete, a figura tinha o longo cabelo preso em um rabo-de-cavalo,  e ela inteira emanava uma leve cor azul.

- Esta é Otohime - Vovó disse e a figura se curvou - Ela é meu guia espiritual, e agora irá ensinar para você o que precisa saber durante a sua jornada.

- Muito prazer Otohime - Me curvei de volta - Bem, você fala certo?

- Posso falar sim meu senhor - Otohime disse polidamente - Depende muito de vossas ordem para que eu diga algo, eu permaneça em silêncio até que me pareça oportuno dizer algo.

- Certo, agora que estão devidamente apresentados, vou explicar algumas coisas meu jovem.

Me sentei em uma poltrona enquanto vovó andava em círculos em minha volta e Otohime flutuava atrás dela. Minha avó disse então que todas as pessoas que possuíam poderes, também possuem um guia espiritual, seja este ruim ou bom, variando de acordo com a índole de cada pessoa, podendo esta herdar características como impaciência, calma, raiva dentre outras de seu humano. Este guia espiritual só é liberado quando a pessoa destrava seus poderes e através deles passa a partilhar esse laço especial com o guia, que também irá assumir a forma da alma de seu parceiro.

Otohime por sua vez explicou que ela pode ser "Emprestada" para que outra pessoa aprenda sobre os poderes, possam destravar os seus próprios ou aprender a se defender assim como minha avó estava fazendo comigo. Disse também que apesar de parecer uma criatura de incomum presença e história, guias não participam de batalhas, mas cada uma em sua individualidade dão ao seu parceiro um poder especial, sempre utilizado através de uma chave diferente. Como exemplo utilizou a transformação da vovó Hikari, seu poder especial, que concede a pessoa alguns minutos de seu auge, variável quando ainda não alcançado e em seu pico quando já encontrado e ultrapassado. E a chave é a raiva, apenas quando vovó está realmente com raiva este poder é acessível a ela, por isso o poder dela é extremamente útil e poderoso, uma vez que nem sempre ela irá poder contar com ele.