Com a chegada da pequena Natasha, o cuidado que Derek tinha para manter Jennyfer escondida foi dobrado, pois ele teria que deixar a pequena longe das mãos do governo também, caso contrário ela iria ser recrutada quando estivesse maior.
Dentro da organização, a discrição que ele tinha com os seus aliados no golpe contra o governo também era a mais cuidadosa possível. Eles se comunicavam por códigos que somente eles conheciam, como expressões, a junção de iniciais de cada palavra em uma frase, gestos, etc.
Derek e Jennyfer estavam constantemente caminhando sobre uma estrada de ovos. Mas tentavam ao máximo se distrair entre eles. Derek era um ótimo pai e seus momentos de mimos com sua filha renderam muitos sorrisos e admiração da parte de Jennyfer que não se cansava de pensar como seria maravilhoso se a situação em que se encontravam fosse diferente, sem ter que fugir ou se esconder. Uma vida de passeios em família e sem preocupações do tipo.
Era um sonho que ela queria tornar real a todo custo e trabalhava dia e noite para que isso fosse possível. Sua fé e seus esforços tinham que valer a pena.E ela sorri com um olhar determinado, pois este sonho estava prestes a ser concretizado.
E também temos Caio do outro lado, que está a ajudando. – Vamos lá, Jennyfer. Estamos quase prontos... – Pensava Caio a sorrir enquanto trabalhava nas armaduras.Ele tem um passado obscuro com os agentes do governo e desde que perdeu seu irmão, vem buscando vingança com os responsáveis, mas não só isso. Ele também sonha com a liberdade. Jennyfer e ele não se conhecem pessoalmente, mas sabem da existência um do outro graças a uma pessoa em particular.
Enquanto Jennyfer e Caio finalizam seus projetos, esta pessoa dava um último toque a eles através de seus pensamentos, inclusive para o Derek. – O momento tão esperado está chegando. Iremos garantir nossa liberdade, não só de quem está aqui dentro, mas também quem está nas ruas. Todos sofremos com este sistema ditador e injusto inicialmente imposto por um só homem. São eles quem deve nos temer, não o contrário. Temos os elementos necessários para garantir nossa vitória e não vamos desistir até conseguirmos. Amanhã, às 17:00 horas, iremos dar jus ao trabalho que tanto dedicamos e aos sacrifícios que tivemos que tomar. Eu, Tierry, declaro iniciada a Aliança Titã. – Tierry, revelando ser o prisioneiro 02A, compartilha para os seus principais aliados, o seu discurso de liberdade com o dom da telepatia.
Todo esse tempo ele estava por trás dos planos que envolvem Jennyfer e os outros. Despistando e distraindo a todos no QG para não encontra-la e também ajudando Derek e Caio a selecionar pessoas confiáveis que poderiam vir a aliar-se a eles.
Flashback de anos atrás entre Tierry e Jennyfer:
Jennyfer estava prestes a tirar sua vida após ter seu braço destruído por três soldados covardes que tentaram abusar de seu corpo. Por resistir, eles a maltrataram e humilharam, então ela estava disposta a dar um fim nisso tirando sua vida. Mas, em meio ao desespero, ela escuta uma voz em seus pensamentos. – Jennyfer... Não faça isso!
- O... O quê? – Jennyfer se assusta e olha para os lados pensando que alguém estava perto de si, mas não havia ninguém. Ela pensa estar louca, então a voz continua a falar. Daí ela percebe que vinha de seus pensamentos.
- Escuta. Eu sei que parece estranho, mas eu estou conversando contigo por telepatia. Assim como você, sou um prisioneiro da Organização. Mas estou entre aqueles que possuem habilidades especiais. – Explicava Tierry. – Você sabe quem sou. Estava lá quando fui registrado. Eles me chamam pelo codinome de 02A.
Jennyfer lembra-se de ter dado visto neste codinome quando estavam registrando os primeiros descobertos. – Não é possível... – Ela questiona. – Você está sendo contido, suas habilidades são diminuídas com Alta dosagem de um misto de tranquilizantes e atordoantes mentais.
- É, foi o que eu achei também. Eu acreditei mesmo que estava sendo verdadeiramente manipulado, e assim me deixei levar. Isso até alguns minutos atrás, quando senti seus gritos internos, sua dor e sua agonia. Me despertaram. Eu percebi que minhas capacidades vão muito além e que minha própria mente estava me enganando quando achava estar limitado a usar minhas habilidades. Perdoe-me por ter descoberto isso só agora. Certamente eu teria evitado muitas intervenções se a situação fosse diferente. E no momento em que você desmaiou, eu tomei a liberdade de vasculhar suas memórias e achei um surpreendente projeto inimaginável que você estava criando. Mas nunca dava certo, pois não tem as ferramentas necessárias. - Tierry.
- Sim... Era um plano perfeito, se fosse possível de ser realizado.
- Haha minha cara, pois eu digo que já é real. Digamos que aqueles seres celestiais do passado não se foram e nos deixaram de mãos vazias. Os anjos possuíam armaduras feitas com uma espécie de metal forjado por Deus em pessoa. A probabilidade de encontrarmos elementos necessários nas armaduras dos que foram mortos é maior do que se possa imaginar. Você, mais do quê ninguém, sabe dessa possibilidade. Basca buscar em sua memória. - Tierry.
- E como você pode saber disso tudo? - Jennyfer continuava confusa. - Ah, sim. Você invadiu minha mente... Mas ainda assim não tem como saber por mim, se existe esse tal metal dos anjos e onde estão localizados...
- Ainda existe um deles vivendo entre nós. Ela não gostou muito da ideia de eu ler seus pensamentos. Inclusive, me expulsou deles com muita facilidade e o pouco tempo que tive, consegui algumas informações. Isso foi antes de me capturarem... Eu só estava testando meus poderes e acabei me ‘esbarrando’ com um anjo. Tudo o que você precisa está enterrado em nossos pés e eu consegui identificar algumas localidades onde podemos iniciar nossa busca por esses materiais divinos. Com a minha ajuda, não só o seu, mas o sonho de vários de nós pode se tornar realidade. Basta querer...
Jennyfer bate a mão na mesa com o bisturi e desmancha a sua tristeza com um semblante de raiva e determinação. Ela iria pôr em prática o seu projeto com a ajuda de Tierry e Derek.
Flashback de anos atrás entre Tierry e Caio.
Quase todas as noites, desde a morte de seu irmão mais velho, quando tinha apenas seis anos de idade, Caio sofre de insônia com seus pesadelos que passou a lhe assombrar.'Os soldados da Organização invadiram sua casa e tentaram traze-lo a força. Seu irmão, Matheus, não queria ficar longe dele e implorou para leva-lo junto. Por ter sérios problemas de visão, Matheus foi rejeitado alí mesmo e humilhado pelos homens. Então ele lutou para tirar seu irmão das garras dos soldados e acabou sendo morto por um deles com um tiro em seu peito.
Naquele momento Caio chorava horrores e chegava a ficar sem ar. Presenciou a morte da única pessoa que cuidava dele e era o único membro de sua família vivo.'Essas eram as lembranças que não deixavam ele dormir.
Desde pequeno ele buscou saber quem foram os responsáveis por sequestra-lo e matar seu irmão, mas não achava nenhuma resposta. Tudo o que ele tinha era a memória das vozes dos soldados que estavam presentes no atentado, pois o capacete escondia seus rostos. Ele não descansou, foi paciente e gradativamente subia de cargo até ter poder suficiente para ter acesso aos registros de recrutamento no dia em que chegou a sua vez. Ele descobriu os responsáveis e planejou mata-los de uma só vez em uma emboscada que os prenderia no refeitório e causaria uma explosão que não atingiria somente os membros da Organização, mas também prisioneiros em selas próximas.
Caio não estava pensando nas consequências, até porque, se ele não morresse junto com a explosão, seria torturado e executado depois. Foi quando Tierry falou com ele pela primeira vez.
- Eu tenho certeza que você não quer fazer isso. – Disse Tierry que deixa Caio confuso, olhando de um lado a outro procurando quem havia lhe dito isso e apreensivo por achar que foi descoberto. – Digo, você quer sim, mas existem maneiras melhores. Não me procure, pois não estou presente no mesmo local que você. É telepatia.
- Você é um dos especiais? – Questionou Caio que ainda matinha a surpresa em sua expressão. - É telepata...
- Sim. A base é de Washington. – Respondeu. – Antes que diga que é impossível eu conseguir utilizar meus poderes de tal maneira, saiba que ninguém tem controle sobre mim além de eu mesmo. Eu sei da sua história com o seu irmão e que esses canalhas precisam pagar por isso, mas essa não é a maneira correta de se fazer. Seu irmão morreu para lhe manter vivo e a salvo, então não deixe que seu sacrifício tenha sido em vão acabando com a sua vida e de pessoas inocentes também. Nem todos aqui são ruins e sem falar de quem está nas selas. Eu tenho um plano e no momento ele já está sendo executado. Tudo o que você precisa fazer agora é ir para Washington e lá te darei as instruções. Te darei mais detalhes com o decorrer do tempo, pois o pessoal aqui não me deixa em paz.
Então, Tierry 'induz' os superiores a fazer uma reunião qual Caio foi chamado para ser representante do Brasil e lá se envolveu na investigação da fuga de Jennyfer, sendo instruído por Tierry a construir armaduras para pessoas selecionadas por ele, qual eram confiáveis.
Tierry também tinha outra tarefa importante, fazer Jennyfer passar despercebida por todas as investigações e também com que nem ela, Derek e Caio fossem descobertos. Era fácil, bastava mentir sobre saber seu paradeiro, já que eles conseguiram se esconder por si só. E também, convencer seus colegas de prisão a acreditar no potencial que tinham de resistir aos medicamentos que lhes eram dados para conter seus poderes, fingindo e aguardando o momento certo para reagirem. Tudo sem ninguém perceber.
Quando tinha doze anos, foi descoberto junto com os outros sobre suas capacidades além da compreensão. Agora com vinte anos, ele tem o que é necessário para poder obter sua liberdade. Dr. Calisto e os demais acreditam cegamente que ele está contido e que segue suas ordens, mas por baixo dos panos, ele planeja tudo.
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Colapso na Criação: Crônicas Cibernéticas
Science FictionApós ter sido salva da morte certa, Jennyfer cresceu imaginando que deveria ter sido deixada nos escombros de um prédio quando tinha cinco anos de idade. Para ela, teria sido melhor do que a vida que passou a ter após ser recrutada pelo governo para...