FIM

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"Você pode ver? Ele se aproxima...!"


O Fim sempre nos alcança. Sempre. Felizes ou não. Preparados ou não. Dispostos ou não. Ele nos envolve em sua teia branca e nos faz dele sua presa. Caçada. Abatida. Ele vai devorar algo de nós. E somos obrigados a permanecer imóveis, inertes... pois o choque que ele nos causa é apavorante. O Fim é um ser faminto...


Materializado a nossa frente, olhamos para o Fim e ele nos olha de volta. E vemos que ele se veste como a Morte, e que se move como a Morte. São tão similares que talvez ambos sejam a mesma entidade. Será? Apenas sei que ele nos enxerga além da carne e deseja nos usurpar um tesouro, algo precioso. E descobrimos que o Fim é um ladrão.



"Você sentiu a rasteira ou apenas quando seus pés perderam o chão?


...



Mas já parou para analisar em que momento o invocamos? O Fim. Pois em todas as possibilidades pintadas em um quadro em canvas, com exceção da morte, somos nós, todos nós, que moldamos a estrada que nos leva ao beco sem saída. Sim. Ocupados demais; distraídos demais; Emergindo mais e mais no mais na profundeza de si mesmo. O dia a dia; o corre-corre; a rotina que desgasta, a mente, o corpo a vida... Não é proposital, apenas faz parte de um todo que se tornou. Talvez, só talvez, já tenha perdido Tempo demais... o Fim é um artista e nos faz dele seus dançarinos... que irônico.



E devemos entender que sempre há um motivo... para tudo há uma razão. A Escolha por um determinado caminho, talvez, que tenha sido conquistado por um trabalho muito árduo...


Isso é uma droga! ...Deprimente! ...Um ridículo clichê! Isso é o Fim e suas silhuetas.



...O Fim brinca com nossas emoções e testa nossa sanidade.


Quando acaba, acaba. É o que dizem. É o que processamos com veemência ao longo dos dias, meses e talvez, anos... é que nos marca como gado tendo o seu proprietário. É o que nos força a mudar para não nos machucarmos mais. Nos tornando seres imotivamente blindados! Porque a dor do Fim é avassaladora... Mas não tenha percebido um importante detalhe, nós podemos cair ao chão várias vezes, mas não ao Fim... não ao verdadeiro, ao menos... isso somente porque ainda estarmos vivos. Porque sangue quente percorre por nossas veias, e que só há um final irreversível, somente um é definitivo... e contra ele não há barganha. Pois a Morte é o único final sentenciado. Não a invoque também! Eles são similares, lembra?!


Vamos lidar com o Fim que é corriqueiro... aquele que é uma pausa... um afastamento... Na verdade, ele vem para nos devolver o discernimento. Nos trazer de volta o processo que nos leva até o equilíbrio perdido. Que vem para nos desvinculas do ar pesado e das impurezas tóxicas. Ele vem para nos restaurar. Fazer com que nos encontremos em meio ao Caos que criamos com o poder de um deus. Parece loucura, eu sei, mas é extremamente plausível!


Só que no início, não enxergamos os fatos com simplicidade e o Fim nos mostra que, em alguns aspectos, somos imaturos e egoístas. Não vemos nada além da dor... nossa dor... e com a certeza unilateral, nós tentamos pular o abismo emocional na intenção (desesperada) de chegar do outro lado. Mas sem a sabedoria como a tração para um salto longo, caímos em queda livre...


Tudo está acelerado... pensamentos, memórias, desejos... o corpo entra em abstinência... PARA!


"Você é capaz de parar apenas por um segundo e respirar?


Respire.






O Quebra-Cabeça da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora