"Aí meu Deus." foram às únicas coisas que eu consegui falar quando entrei no apartamento.
Deveria ter no mínimo trinta pessoas ali dentro. Passei o olhar devagar pela sala, às luzes havia sido substituídas por luz negra, tinha uma cabine de DJ montada perto da lareira, no centro da sala, pessoas cheiravam usando a mesinha de centro.
"Ei, onde você conseguiu isso?" Vinnie perguntou puxando alguma coisa da mão de uma menina.
"Peguei em um dos quartos, se quiser eu te mostr..." falou, tocando o ombro de Vinnie de leve.
"Sai da minha frente." mandou, antes de se virar para mim.Vinnie me entregou a boneca da Twyla e a segurei com força, vendo os desconhecidos vagarem livremente pelo apartamento sem sinal algum de Nessa.
"Vamos pro seu quarto." Vinnie falou, segurando a minha mão.
Seguimos em meio a pequena multidão em direção do meu quarto, empurrei a porta vendo um casal deitado na cama, conseguia reconhecer Bryce e uma menina loira que eu havia visto na festa na casa de Thomas, mas não me lembrava o nome dela.
"Hall!" Vinnie gritou.
"Ah cara, procura outro quarto." falou, sem tirar a boca do pescoço da menina.
"Esse é o quarto da (SeuNome)" falou, fazendo Bryce erguer o olhar "da pra sair?"Bryce suspirou se levantando, então puxando a menina consigo enquanto murmurava um desculpa, passando por a gente.
Minha cama estava bagunçada, os livros da prateleira estavam no chão e alguém havia quebrado o braço da minha boneca da Robecca, por sorte o meu closet estava aparentemente intacto.
Deixei a Twyla encima da cama e me abaixei para pegar a Robecca, minha mãe havia me dado aquelas bonecas quando eu era mais nova, sempre tinha cuidado com tanto carinho delas, pra vir um desconhecido e quebrar."Hey, não fica assim não" Vinnie falou se aproximando e tocando meus ombros por trás "a gente acha o braço dela e concerta."
"Vinnie, é uma segunda-feira, são onze horas da noite" falei, com a voz trêmula "tem pessoas nesse prédio que trabalham, tem crianças e idosos, essa festa não deveria estar acontecendo, é falta de respeito com os outros e olha o que fizeram com o meu quarto."Vinnie me abraçou de lado em silêncio, o que me fez chorar. Eles não tinham limites, faziam festas todos os dias e não respeitavam o fato de vivermos em sociedade, era loucura fazer uma festa em uma área residencial em plena segunda-feira.
"(SeuApelido)!" Nessa gritou entrando no quarto.
Seus olhos estavam baixos e o nariz um pouco avermelhado, sabia o que isso significava, ela estava chapada pra porra. Na verdade, eu acho que desde que me mudei para cá, nunca havia visto Nessa sóbria e isso me dava um sentimento ruim bem na boca do estômago.
"Eu fiz essa festa para comemorar o seu emprego!" falou sorrindo "Tem um monte de bebidas, comida, pedi pizza."
"Nessa, eu só tô cansada, só quero dormir e..."
"Não!" interrompeu "Você não pode dormir, a gente tem que beber, virar shots."
"Vou passar." falei breve.
"Eu só queria passar um tempo com a minha melhor amiga" Nessa falou irritada "porque você não tem me dado atenção."
"Não vou discutir." falei simples "Será que você pode me dar licença?"
"É o meu apartamento, eu não vou sair" gritou "tudo nessa merda de lugar é meu, então você vem beber ou vai pra rua se não quer ficar na festa."Senti meus olhos se encherem da lágrimas, ao mesmo tempo que Vinnie se levantava indo em direção do meu closet. Observei o rapaz abrir pegar às minhas malas e às colocar abertas encima da cama, antes de começa a colocar às coisas dentro.
"Você está agindo feito uma escrota de marca maior" falei "na verdade, eu nem te reconheço mais Nessa, você é uma completa estranha pra mim."
"Meu Deus, você não vê?" Nessa gritou para mim "Eu te dei uma oportunidade e você ficou enrolando, uma puta oportunidade pra crescer nessa vidinha medíocre que você tem e você recusou!"
"Só porquê eu não quero que a minha vida sejam drogas e festa todos os dias?" perguntei irritada "Só porque eu quero mais do que um cara que se recusa a ir ao Hospital comigo?"
"Você não sabe do que tá falando."
"Eu não sei?" perguntei irônica "No dia em que você estava desmaiada na Paraíso, eu tive que te levar pro Hospital porquê o Josh não ia te levar, você fica entupindo o seu corpo de droga e fazendo coisas sem pensar mais a vida não é assim, uma hora o karma vem."Nessa me encarou com às bochechas vermelhas, sabia que ela estava com raiva de mim naquele momento, mas eu não me importava, ela havia sido escrota primeiro, não eu.
"Eu te odeio." falou, entredentes.
"Com certeza você não é a primeira e muito menos a última a falar isso pra mim Nessa" falei "eu posso conviver com isso."Nos encaramos de forma fixa, apenas com a música abafada de som ambiente, nenhuma de nós iria dar o braço a torcer e desviaria o olhar, éramos orgulhosas demais para isso.
Suspirei de forma pesada ao ver Vinnie entrar na minha frente, fazendo o contato visual com Nessa se quebrar. Desviei o olhar do loiro vendo que às malas estavam fechadas, encima da cama."Isso, vai com o seu namoradinho traficante" Nessa falou debochada "ele é tão diferente de todos nós."
"Cala a boca." Vinnie murmurou.
"Ou o que?" perguntou "Você não é melhor do que eu, ou do que o Josh, você é pior do que todos nós aqui, eu tenho pena porque você tenta passar uma imagem de que é diferente mais é pior do que todos nós."
"O que está acontecendo?" Jaden perguntou, parando na porta.
"A Nessa está agindo feito uma descontrolada" Vinnie falou "da um jeito nela ou eu dou."
"Quero ver você tentar tocar em mim, ainda tá putinho porque eu não dei bola pra você?" gritou "Isso que você tá ouvindo (SeuNome), na semana passada ele tentou foder comigo!"
"O que?" Jaden e eu perguntamos juntos.
"Eu não tentei trepar com a Nessa, ela que é uma vaca narcisista que acha que todo mundo é afim dela!" Vinnie falou "Porquê ela fez a mesma coisa com o Chase e advinha onde ele tá agora? Trabalhando com o Thomas, por sua culpa!"
"Já deu pra mim, de verdade." falei, pegando as minhas malas.Nessa colocou o braço na minha frente, me impedindo de sair do quarto. Encarei ela com uma das sobrancelhas arqueadas, segurando a vontade de dar um soco bem no meio do rosto dela.
"Você só sai daqui quando me pagar."
"Vai se foder Nessa" falei "você sabe que eu comecei a trabalhar hoje."
"E eu não me importo, quero o meu dinheiro" falou sorrindo de lado "e se você não me pagar, vou mandar o seu namoradinho ir te cobrar, porque sabe, é ele que comanda essa parte é você não vai querer saber o que ele faz com filhos da puta devedores."
"Nessa..." Jaden murmurou "...deixa ela ir embora."
"Não, eu quero a porra da grana que ela tá me devendo." falou "E eu nem vou cobrar às saidinhas, porquê eu sou gente boa."
"Vinnie." falei simples para o loiro que assentiu.Vinnie abriu a carteira jogando às notas nos pés de Nessa, que seguiu o dinheiro com o olhar até ele tocar ao chão. Seus punhos estavam fechados e eu sabia que ela estava se segurando para não me bater, não saberíamos o que iria acontecer se algo uma de nós partisse para violência.
"Tá aqui o seu dinheiro" falei com um sorriso nos lábios "uma hora você vai ver que eu tô certa e pode deixar, eu te desculpo, está bem?"
"Você é uma piranha e eu vou acabar com a sua raça." falou, com o mesmo sorriso entre os lábios "Espero que você morra engasgada, pra largar de ser otária."
"Tudo que você deseja pra mim, eu te desejo em dobro." falei.Peguei às minhas coisas e segui para fora do quarto, estava com um aperto no peito, Nessa e eu éramos amigas desde de pequenas, havíamos crescido juntas, brincado, nos apoiado nos piores e nos melhores momentos, ela estava lá quando a minha mãe morreu e eu estava lá quando ela tentou se matar.
Queria acreditar que não era ela ali, que eram às drogas, a cocaína e o êxtase falando comigo, mas eu sabia como Nessa era, sabia o que ela fazia para machucar às pessoas, ela sabia como me machucar e eu estava machucada, sempre achei que ninguém conseguiria quebrar o meu coração, mas Nessa havia conseguido, de todas às formas, trejeitos e falas, ela havia me quebrado de dentro para fora.
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Fighter | Season One
Randomonde você é puxada para o mundo das lutas clandestinas. Sinopse extendida: Convivemos com a violência desde do nosso primeiro sopro de ar, quando os nossos pulmões se expandem de forma dolorosa arrancando um choro sofrido do fundo de nossas garganta...