Fighter | Season One

vinte e cinco.

Não sabia quantas horas haviam se passado, mas eu não conseguia tirar os olhos de Vinnie, ele dormia de forma profunda no sofá, conseguia escutar a música de boate do lado de fora da Diretoria.
Passei a mão devagar pelos cabelos loiros de Vinnie, havia limpado o sangue e feito os curativos, mas tinha quase certeza de que ele havia quebrado o nariz, teria que ir no Hospital assim que acordasse.

"Desculpa" murmurei, com os olhos marejados "me desculpa, eu não tinha que ter distraído você."

Segurei a mão dele devagar, dando um beijo suave nela antes de me sentar no tapete felpudo.
Respirei fundo, abrindo a fivela da minha sandália e a chutando para longe, antes de apoiar a cabeça no sofá, ainda segurando a mão de Vinnie em silêncio.

"(SeuApelido)?" Blake chamou, parado na porta "Precisamos conversar."

Balancei a cabeça de forma positiva, me levantando sentindo os meus pés doerem, havia me arrependido por ter usado salto naquela noite.
Segui pra fora da sala, parando na ponta da da escada na frente de Blake, ele estava sozinho e isso não me dava uma boa sensação nesse momento.

"O que foi?" perguntei com os olhos fixos nele.
"Sei que você não curte isso tudo, e eu não vou extender além do necessário" começou "estamos fodidos pra porra, o Vinnie te contou, certo?"

Neguei brevemente com a cabeça, o que fez Blake suspirar e cruzar os braços, apoiando as costas na parede atrás dele.

"Estamos tentando fechar um novo negócio, com esse cara da Flórida e podemos dizer que o Thomas não está muito feliz" falou breve "e nessa luta tinham apostas altas, de gente bem perigosa a favor do Hacker."
"O quão perigoso, estamos nos referindo?" perguntei em um murmúrio.
"Fodidamente perigoso, do tipo de coisa que você não queria se envolver e que o Vinnie não queria que você estivesse envolvida." falou com a voz rouca.
"Isso é ruim" falei baixo "é muito ruim, de verdade Blake."

Nos encaramos em silêncio, não sabia ao certo o porquê Blake estava me contando aquilo, talvez fosse receio, de eu não saber aonde estaria pisando daqui em diante, aonde estaria pisando com Vinnie.

"E o que a gente vai fazer?" perguntei, com a voz fraca "Tipo, com o Thomas e tudo isso, porquê eu sei que é pessoal."
"Essa merda deles dois e mais longa do que deveria" admitiu "desde da Nailea e parece que agora com você, quando ele descobriu que o Thomas foi no seu trabalho ele surtou."
"Qual é o lance com a Nailea?"

Blake me encarou de forma pesada, lembrava da Nailea na festa de Thomas, ela parecia íntima de Vinnie e eu não julgava, ele havia tido uma vida inteira antes de mim, havia conseguido arrancar poucas coisas dele, mas sobre a Nailea era um segredo, muito bem guardado.

"Eles eram melhores amigos, tipo, de verdade" explicou "se conheceram assim que o Vinnie chegou aqui, ou algo assim, só que a Nailea, ela trabalhava como acompanhante de alguns caras barra pesada o Vinnie tentou convencer ela a sair, mas o Thomas é o cafetão, por isso que ele veio pro nosso lado, ele não aceita o que o Thomas faz, porque não é só um pouco de cocaína e algumas mulheres é algo sério, nível de tráfico humano e essas merdas."
"Aí meu Deus." falei incrédula.
"O Vinnie descobriu que ele estava arrumando... porra, elas eram crianças a mais velha deveria ter no máximo quartoze anos, sabe o quão fodido é isso?"

Senti o meu estômago se revirar, aquilo era doentio de uma forma que eu não conseguia descrever com palavras, Thomas era uma pessoa doentia.

"Eu não sei o que falar Blake" falei com a voz embargada "de verdade, eu literalmente cai nesse mundo sem paraquedas e é muita loucura."
"Gata, eu sei que você não curte o que fazemos, mas por incrível que pareça nós não somos os vilões aqui." falou, tocando o meu ombro de leve.
"Não somos pessoas ruins" falei em um quase sussurro "o Mundo está fodido demais para que sejamos."

Escutei algo sendo derrubado dentro da Diretoria, o que me fez desviar o olhar de Blake e empurrar a porta e ver Vinnie de pé, com um copo de whisky em mãos.
Arregalei os olhos indo em passos rápidos em direção do loiro, vendo o mesmo erguer o copo acima da minha cabeça, me fazendo revirar os olhos, já que eu batia bem abaixo dos ombros dele.

"Vinnie, larga esse copo" falei, em um quase rosnado "você foi... aí, eu nem quero falar disso agora."
"Porque você não tá em casa?" perguntou me ignorando "Achei que você estaria em casa, com um pijama bem curto me esperando pra gente trep..."
"Vicent!" gritei, interrompendo ele, desviando o olhar para Blake que observava a cena.
"Você não deveria estar aqui" falou, se inclinando na minha direção "porquê você está aqui?"
"Eu só quis te ver" falei levemente ofendida "não posso? Querer ver o meu namorado?"
"Aqui?" perguntou irônico "Não, não pode, porquê você odeia aqui."
"Acho que você bateu a cabeça com muita força." murmurei.
"Claro, você entrou lá, com esse vestidinho minúsculo, não tinha muita idéia pra imaginação, não é?" falou, fazendo às minhas bochechas cotarem.

Vinnie passou a mão de leve pelo o meu queixo, terminando de beber o whisky em somente uma golada, antes de olhar por cima do ombro e sorrir para Blake.

"Eu ainda quero entender o que te trouxe aqui." falou com a voz rouca.
"Um Uber, não é tão difícil." resmunguei.
"Gosto muito do seu senso de humor, e da sua boca, como eu gosto da sua bu..."
"Vinnie!" resmunguei, dando um tapa no ombro dele vendo o mesmo dar um passo para trás.

Senti minhas bochechas ficarem vermelhas com às coisas que ele falava, uma coisa era no quarto, outra era ali, com Blake. Mordi o meu lábio inferior me apoiando contra a parede em silêncio, Blake sustentava o olhar sobre Vinnie, que agora tomava mais um copo de whisky.

"Bem, de qualquer jeito eu perdi a luta e isso é uma droga" falou com a voz rouca "mais foda-se né, é só a porra de uma luta, porquê cara... quando eu te vi entrando naquela sala, com esse vestido, meu Deus, eu gosto desse vestido, eu te imaginei chupando o meu pau de uma forma que me faria te quebrar ao meio."

Engoli a seco com às palavras de Vinnie, abaixando o olhar, antes de sustentar ele para Blake por alguns segundos, tentei dar um passo para trás ao ver Vinnie bater com força na parede atrás de mim, antes de segurar às minhas bochechas, me forçando a olhar para ele.

"Não olha pra ele, porquê você tá olhando pra ele?" perguntou com a voz rouca.
"Eu..." murmurei sentindo os seus lábios se roçarem contra os meus.
"Olha pra mim" falou firme "ele não vai te ajudar."

Vinnie se afundou contra a minha boca, me beijando de forma violenta, mantendo a mão na minha garganta, a segurando devagar.

"Ou você quer que ele te ajude?"