i'm already cursed

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point of view Mare Barrow

As paredes de pedra silenciosa anulam quaisquer que sejam minhas forças, me matam de dentro para fora, pouco a pouco.  A cela fria, as pulseiras apertadas em meus pulsos e a marcação em minha clavícula são o que me restam, isso foi o que restou de Mare Barrow. Em meus piores momentos penso que Cal nunca irá voltar, talvez tenha decidido que não precisa de mim, que a Guarda está melhor sem minha presença, que devo  apodrecer na cela de Maven.

Maven...

A minha maior decepção, meu maior problema, minha maior confusão.

"Eu o odeio". Digo isso à mim mesma todos os dias, mas não consigo, não me permito odiá-lo por inteiro.

"Ele ainda está lá, o meu Maven, aquele qual amei. Ele ainda está lá". -Diz parte de mim. A parte que mais me atormenta, a parte que mais odeio, a parte que quero estilhaçar e jogar em um abismo.

Lágrimas espessas e quentes escorrem de meu rosto até pingarem em minhas roupas surradas. Sou tirada de meus devaneios pelo barulho enferrujado da porta da cela.

Maven, vestido com roupas de gala pretas e uma capa vermelha da cor de sangue, da cor de meu sangue.

-Olá Mare. -Ele diz tranquilamente com sua voz aveludada, maldição.

Eu quero matá-lo, rasgar toda sua farda de rei, destruir sua coroa, assistir seu maldito sangue prateado escorrendo.

-Como ousa vir até aqui? -Pergunto indignada.

-Até onde sei esse é o meu castelo e você é minha prisioneira. -Ele diz com um sorriso se repuxando no canto de seus lábios.

-Você já deixou bem claro que sou sua prisioneira me marcando como um animal. Acha isso engraçado? Está acabando comigo Maven Calore, está acabando comigo de todas as maneiras. -Digo tentando me manter o mais firme possível.

Culpa, remorso, nojo, arrependimento. Seus olhos cristalinos brilham.

-Me desculpe. -Ele diz em tom quase inaudível. -Às vezes me pego imaginando, como seria se... Minha mãe não estivesse em minha cabeça, se eu ainda tivesse a chance de amar, se eu tivesse tido a chance de te amar, de ser seu rei prateado, de acordar ao seu lado em uma manhã tranquila; sem guerra, apenas nós dois e o sol iluminando sua pele castanha.  -Ele diz e noto uma lágrima avulsa escorrer por sua bochecha

-Você fodeu com tudo. -Digo, já não aguentando as lágrimas pesadas.

Ele se senta na beirada de minha cama, próximo demais, mas não próximo o bastante.

-Eu tenho apenas essa droga de coroa. -Ele ri. -Não tenho ninguém ou nada pelo que lutar, nunca tive. Toda a minha vida dedicada à um pedaço de ouro, toda a merda da minha vida sendo privado de amar, de sentir, de viver. Cal tem tudo isso, sempre teve a coroa a seu favor, todos sempre o escolheram. -Ele suspira. -Por um momento, pensei ter recuperado aquele sentimento, o amor. Mas é claro que, você nunca me escolheria, mesmo se eu tentasse, sempre seria o Cal. 

Como ele podia pensar aquilo? Como ele nunca percebeu que eu o amei? Que o beijo de Cal naquele salão de dança não me encantou, que os beijos de Cal desde sempre nunca foram nada comparado ao simples toque dos lábios de Maven contra os meus naquele navio. Nada fazia sentido e tudo fazia sentido. Eu fui traída, ele foi traído.

-Eu te amo. -Digo desacreditada em minha própria língua. -Minha nossa, essa veio do nada como se... Eu te amo. -Dou risada.- E-eu disse de novo.

-Eu-eu te amo. Isso mesmo, eu amo você. -Digo e desvio o olhar da confusão azul que são os olhos de Maven. Tento tomar coragem paras as próximas palavras que vou dizer.

Locked out of Heaven - Mareven (Mare e Maven)Onde histórias criam vida. Descubra agora