Prólogo

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Todos nós nascemos loucos. Alguns permanecem. 

[SAMUEL BECKETT]


— Você não tem coragem, Magali.

Magali sobressaltou-se, mas ficou calada.

— Eu aposto oitocentos reais como você não fará isso — concluiu Suzi, sua amiga, num almoço no restaurante Felicíssima Gourmet em Bom Jesus da Lapa, na Bahia. 

Tornara-se comum a vinda das duas amigas, secretárias de um escritório de advocacia, ao melhor restaurante do centro da cidade.Magali sorriu, após beliscar um pãozinho.

Suzi piscou, aturdida. — Isso é loucura.

— Já ouvi essa frase várias vezes — ponderou Magali.

— Eu estava apenas brincando quando disse aquilo. Você é maluca, mulher, não pode fazer isso. Pode até ser presa.

— Já enjoei de ouvir essa ladainha também. Eu farei isso, Suzi, eu posso fazer.

— Não vou me responsabilizar caso você seja internada em um clínica. É insanidade total.

Magali riu, mordiscando uma azeitona. 

— Quem mandou você ser amiga de uma louca?

— Bom, já que vai mesmo fazer isso, eu aposto apenas trezentos reais — concluiu Suzi.

— O quê? Está bem, mão de vaca. Que tal, quinhentos reais, e não se fala mais nisso? Você começou com isso...

— O.K. Aposta é aposta — completou Suzi.

Magali levantou-se, pegou sua bolsa e agarrou o jornal matinal (responsável pelo início daquela discussão) das mãos de Suzi. E como se fosse tirar o pai da forca, saiu do restaurante às pressas.

Suzi balançou a cabeça, incrédula. Cinco minutos depois, ao pagar a conta, ela recebeu uma mensagem de texto no celular enviada por sua amiga.

Prepare o bolso. 

Já estou pronta para agir!

Oh, Deus, tomara que ela não seja internada, desejou Suzi, saindo do restaurante.

Uma Aposta InsanaOnde histórias criam vida. Descubra agora