I- sua alma gêmea

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"My God, I'm so lonely

So I open the window

To hear sounds of people

To hear sounds of people"

Era provavelmente a manhã mais normal da vida de um certo loiro, não tinha nada para aquela manhã tão quente e aconchegante ser ruim. O que estragaria uma manhã? Ah sim, o loiro havia se lembrado que era segunda, o fato de ter a obrigação de ir para a escola, onde todos a sua volta o jugavam e eram sempre tão chatos o irritava.

Sua vontade era de dormir e acordar formado e rico, mas infelizmente isso era impossível.

O loiro pensava em formas de conseguir dinheiro enquanto olhava para o teto, dinheiro para ele era algo muito além de trabalho, também definia status e a personalidade da pessoa, já que focar apenas no dinheiro te transforma em uma pessoa desagradável. Nunca havia conhecido alguém realmente legal, ele nem sequer tinha amigos.

Sua cabeça doía, ele sabia que se não levantasse logo sua mãe iria aparecer a qualquer momento para puxa-lo pela orelha até o banheiro, e se ele não acordasse abriria o chuveiro em sua cabeça com ele ainda vestido. Era isso que Katsuki pensava de sua mãe, e seus pensamentos com certeza subestimavam o que a mulher, também loira, faria com ele.

Ele estava pronto para levantar, havia apoiado as mãos no colchão e começado a fazer força para levantar. Se encontrava sentado a beira de sua cama, ele coçava os olhos enquanto tentava, em uma tentativa falha, acordar.

Então, o mesmo decidiu abrir sua janela para deixar os raios de sol entrarem em contato com sua pele pela primeira vez naquele dia.

A rua estava calma e as pessoas não haviam acordado ainda. Era bem cedo, o loiro gostava de acordar cedo para não ter sua mãe enchendo o saco para não se atrasar. Havia virado um costume de Katsuki todos os dias acordar e observar a rua calma, que aos poucos se enchia de pessoas e carros.

Mas naquele dia ele não tinha tempo para fazer isso, era uma segunda que infelizmente tinha aula.

O mesmo se vira dando de cara com um fio vermelho, um vermelho vivo que aos seus olhos parecia brilhar. Ele poderia ficar observando a beleza daquele fio por muitas horas, se ele não soubesse o que aquilo significava.

Ele arregala seus olhos de tons avermelhados e muito chamativos, não conseguia acreditar, ele não queria acreditar...

Conhecia muito bem que fio era aquele, o via todos os dias quando tomava café da manhã com sua mãe. Aquele fio era o motivo do loiro praticar bullying com seu "amigo" de infância, que foi apelidado pelo mesmo de Deku.

O fio que estava a sua frente aparentemente juntava pessoas, mais especificadamente almas gêmeas. Katsuki sempre odiou esse clichê de almas gêmeas e não conseguia se imaginar em uma vida ao lado de alguém, alguém que o amasse e ele o amasse de volta. O loiro odiava e tinha nojo de qualquer coisa que envolvesse o amor, ele sempre achava aquelas coisas tão chatas e desnecessárias.

Ele não ligaria para o fio que estava preso ao seu dedo mindinho, já que seus próprios pais não dividem o mesmo fio, e mesmo que o casal não compartilhassem a mesma linha avermelhada, eles se amavam. Ele não precisava de ninguém, muito menos de uma alma gêmea, que era algo tão vergonhoso na visão do loiro.

O garoto acordou de seu devaneio com cinco batidas fortes na porta. Ele sabia exatamente quem era e se desanimou ao ver uma mulher de cabelos loiros e espetados colocando a cabeça para dentro do quarto:

"Ei Katsuki por que está demorando tanto para descer? Eu estou te chamando faz uns cinco min-". A loira estava paralisada, não conseguia acreditar no que estava vendo, Katsuki rapidamente seguiu o seu olhar e viu que o mesmo repousava sobre o seu dedo mindinho que tinha aquele maldito fio brilhante amarrado.

"O que você quer, velha?", Katsuki finalmente havia se pronunciado, voltando a encarar a mais velha que parecia ter acordado de uma espécie de sono.

"Katsuki, chegou sua vez!", ela dizia ajeitando a posição e entrando por completo no quarto do loiro.

"Ta, mas idai? Nem você nem o velho são almas gêmeas, por que eu deveria ficar tão animado ou coisa do tipo?", ele diz revirando os olhos, ele estava tão irritado e seu dia mal havia começado direito, sentia que poderia matar qualquer um que entrasse em sua frente perguntando sobre o fio. "Apenas me dá licença que eu quero ir tomar banho".

Ele diz se desviando de sua mãe que estava encostada no batente da porta, a mais velha olhava atentamente todos os movimentos de Katsuki.

"Você pelo menos pretende ver quem é? Vai ver é até uma menina bonita que você pode se apaixonar", Mitsuki dizia sem muita esperança, já que conhecia o filho que tinha e sabia que não iria aceitar os sentimentos de ninguém.

"Você sabe que não, por que ainda pergunta?", disse o loiro mais novo se virando para a mulher que o encarava com um olhar feio.

"Apenas vai logo tomar seu banho, o café da manhã 'tá na mesa. Não demore, eu estou com fome", mandava a mais velha com um olhar sério.

"Não precisa me esperar hoje, vou demorar no banheiro", dizia se virando e caminhando calmamente até o banheiro para tomar seu banho relaxante. A loira apenas revira os olhos e continua sua rotina matinal, mas sem Katsuki.

A única coisa que deixava o loiro calmo com certeza era um bom banho, ele agradecia todo dia por acordar cedo e poder aproveitar seu banho em paz. Estava parado de frente para o espelho, encarava o próprio rosto tentando imaginar como seria a dona da outra ponta do fio vermelho vivo que estava amarrado ao seu dedo mindinho com um laço fofo.

Katsuki pensava que o pior de tudo isso seria chegar na escola com aquele fio chamativo e ridículo, não queria que os outros pensassem que ele era um fracassado que iria conseguir uma namorada, ele não queria uma namorada!

Ele suspira baixo, nunca teve vontade de encontrar a pessoa que era denominada "sua alma gêmea".

Foda-se o fio vermelho de merda!Onde histórias criam vida. Descubra agora