II- novos horizontes

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"Venus, planet of love

was destroyed by global warming

did its people want too much too?

did its people want too much?"


Era uma segunda feira de manhã quando Eijiro havia acordado com uma empolgação fora do normal. Ele era do tipo que adora segundas por, segundo ele, ser um ótimo dia para começar novos hábitos saudáveis. 

E essa segunda não seria diferente, o ruivo levanta da cama rapidamente e se dirige a sua escrivaninha. Esse seria seu primeiro dia de aula em uma nova escola, havia acabado de se mudar por conta do trabalho de sua mãe. Socializar nunca foi um problema para ele, mas se mudar sim. 

Novos rostos e novos hábitos eram coisas que o incomodavam muito, ele tentava ao máximo dar seu melhor para sempre se sair bem com os outros e impressionar sua mãe. O fato de ter acordado mais cedo naquela segunda era por um único motivo: se preparar para a guerra que é mudar seus horizontes. Na sua escrivaninha ele checa as horas. 05:30.

Talvez ele tenha exagerado quando decidiu acordar cedo. Mesmo assim o ruivo continua positivo e pensa nas coisas que pode fazer até chegar a hora de ir para a escola. Ele imagina a sua nova rotina na sua nova casa: ir andando pra escola ou pegar o ônibus? Voltar cedo ou passear pelo centro? Fazer novos amigos ou focar nos estudos? Ir tomar banho ou reparar no fio vermelho que havia aparecido em seu dedo-? FIO VERMELHO? 

Isso sim que era choque. Por incrível que pareça ele era o maior fã de clichês existentes, e ver aquele fio vermelho vivo amarrado a seu dedo mindinho era uma alegria incabível. Todos os planos para os próximos dias haviam sumido e tomou conta dos seus pensamentos como seria sua alma gêmea. Era um sonho sendo realizado, finalmente era sua vez de encontrar felicidade e não apenas sonhar com a hora certa.

Seu dia parecia ter sido iluminado, um banho seria o primeiro passo da sua jornada para encontrar o dono do dedo que completa o seu fio brilhante.

O menino encontra sua mãe no corredor que parece surpresa também com o novo fio que cobre o tapete do cômodo. 

"Meu filho, já aconteceu?", parecia que sua cabeça era uma mistura de sentimentos entre felicidade e tristeza. "Mas você é tão novo..."

A mãe de Eijiro havia passado por muita coisa em sua vida mesmo sendo nova, não recomendaria nada do que já viveu para seu filho e desejava o melhor para ele. Talvez a aparição do infame fio fosse o começo da independência do mesmo, o que a assustava muito, não tê-lo embaixo de suas asas com certeza era um dos maiores medos da mulher de cabelos morenos. Era inegável sua alegria pela conquista do filho, já que era um sonho dele ter seu próprio fio do destino, mas sua infelicidade também reinava. 

"Estou muito feliz por você, Eijiro", ela disse se aproximando do garoto. "Mas tome cuidado com quem quer que esteja do outro lado, não acredite que o destino vai ser bom com você."

O ruivo entendia o medo da mãe e sabia que deveria ser cuidadoso com quem quer que estivesse do outro lado, mas ele não poderia negar que mesmo sendo a pior pessoa possível ele iria amar da mesma forma ter uma alma gêmea.

A mulher morena abraça o ruivo, e por mais que isso seja um hábito ela nunca reparara como o mesmo cresceu, era necessário ficar nas pontas dos pés para conseguir passar os braços por cima dos ombros do filho. Eijiro aceita o abraço e volta a pensar bastante nas próximas coisas que faria naquele dia.

Após o abraço apertado ele se sente desnorteado, estava feliz e preocupado ao mesmo tempo. E se sua alma gêmea não for da maneira que ele vem imaginando por tantos anos? Aparência nunca foi um tópico a tomar seus pensamentos, - mesmo sendo inegável a ideia de ser uma garota linda - contanto que seja uma pessoa boa de coração e que tenha tópicos interessantes de conversa ele já estaria feliz. E se essa garota fosse grossa? E se não acontecer um romance do jeito que ele tanto havia sonhado? Eram tantas preocupações que rodeavam sua cabeça.

Kirishima é o tipo de pessoa que alguns rotulam como ansioso, ele não iria parar de pensar em sua alma gêmea até finalmente conseguir vê-la. Por um momento ele cogitou faltar aula para ir atrás do rastro que seu fio tinha deixado, não seria tão ruim encontrar essa pessoa logo de cara, seria? As vezes ele se sentia desconexo por pensar tanto, achava até bobo toda essa preocupação por cada detalhe.

Um banho iria com certeza acalmar os nervos e o fazer pensar melhor, pensar melhor em suas ações, pensar se ele iria tratar seu fio como uma coisa normal para seus colegas ou se iria compartilhar esse choque com seus novos amigos. Pensar se vale mesmo a pena criar tantas expectativas em torno dessa pessoa misteriosa se no final ela poderia o decepcionar, o que seria terrível. Pensar em como ele irá fazer amigos e se ele vai se sair bem com todos. Pensar na possibilidade da sua alma gêmea fazer parte da nova turma dele ou se ele a encontraria por acaso no metro ou em um passeio no centro. Ele com certeza pensava demais nas coisas erradas.

Pensar já estava o deixando com dor de cabeça, pensar, pensar, pensar, imaginar o pior e imaginar o melhor.

E no final das contas o banho não ajudou em nada, ele se sentia cada vez mais ansioso e pensativo em como seria seu dia, cada minuto criando novas expectativas e novas frustrações, o melhor que ele poderia fazer é parar.

Enquanto se vestia com seu novo uniforme ele se lembrava de sua antiga escola e como ele se sentia acolhido, se sentiria feliz em sua nova sala? CHEGA EIJIRO, VOCÊ ESTÁ PENSANDO DEMAIS DE NOVO!

Tomar um café da manhã com uma boa dose de dipirona o prepararia para esse dia que promete muitas surpresas e novas experiências.


Foda-se o fio vermelho de merda!Onde histórias criam vida. Descubra agora