Juliette
Eu estava aliviada. Tinha sido salva mais uma vez do paredão e também todas as pessoas que eu amo aqui dentro. Camilla, João, Pocah...
Estava aliviada principalmente por ela. No começo nós éramos tão distantes e agora tudo mudou completamente. Até a semana passada eu dizia que ela era minha opção de voto, mas hoje eu simplesmente não conseguia mais. Tudo o que nós passamos juntas nos últimos dias: o carinho, as carícias, as conversas sobre assuntos tão pessoais que eu nem sequer imaginava que ia discutir dentro do BBB... eu não tinha mais como votar nela, porque eu não sabia mais como eu poderia ficar sem ela aqui dentro. Depois que eu tinha sentido o que era dormir nos braços dela, não tinha como me imaginar mais aqui sem esse conforto. Eu tentei essa noite e ficou provado que eu não vou mais conseguir dormir sem ela...Por isso que quando Tiago pediu que fôssemos pra área externa eu imediatamente busquei a sua mão. Eu queria transmitir nesse toque o alívio que eu estava sentindo. Por nós.
Até que ela confessou que votou em mim. Aí meu mundo caiu. Fiquei completamente em choque! Eu pensava que aquele sentimento que estava crescendo dentro de mim era recíproco, mas o que eu descobri é que eu sou uma trouxa. Trouxa, trouxa, trouxa!!!____________________________________________
Pocah
A Carla era a minha âncora aqui dentro. Era a amizade dela que me mantinha de pé quando eu me sentia afundando e afundando cada vez mais. Quando ela saiu, eu pensei por muitas vezes em desistir. Eu não via sentido em mais nada, até que a Juliette olhou pra mim...
Foi mágico porque eu sentia que ela me entendia, eu sentia que havia uma conexão que ia muito além do jogo. Os nossos momentos juntas se tornaram cada vez mais sinceros: os risos trocados nas festas, cada vez que a gente dançava juntas, nossas conversas enquanto lavávamos a louça, a hora de dormir... eu me sentia querida, até amada, se é que se pode usar essa palavra, quando ela me envolvia em seus braços. Finalmente eu conseguia dormir à noite e me sentir saciada de sono durante o dia, parece que ela me transmitia a energia linda que ela tem dentro dela durante o sono....
Mas o que mais me fez sentir segura ao lado dela é que nós conversamos sobre estarmos de lados diferentes do jogo, deixamos claro que a nossa relação não era sobre jogo e tudo bem votar uma na outra, e agora ela ficou desse jeito por saber do meu voto??? Eu senti o meu mundo cair. Me senti usada, porque eu pensei que a nossa relação estivesse além disso, e claramente não está. Mas eu sou uma trouxa mesmo. Trouxa, trouxa, trouxa!
____________________________________________
Pocah sentia como se não pudesse respirar. Ela precisava entender o que estava acontecendo, precisava conversar com Juliette para que pudesse aliviar o seu coração, porque com certeza ela tinha entendido errado. Não seria um voto que iria separá-las. Não podia ser!
Mas parece que sim, porque Juliette não queria em absoluto falar com ela. Ela sentiu como se a paraibana não tivesse nenhum interesse em suas explicações nem em suas súplicas por ser ouvida. Parecia um pesadelo e ela só queria acordar!
Aquela noite foi um martírio para as duas. Nenhuma das duas mulheres conseguiu dormir bem. Quando finalmente pegavam no sono logo acordavam em meio a um pesadelo. Os pesadelos sempre tinham o mesmo tema, as duas brigando, um clima pesado entre elas, a distância cortante. Foi uma noite que demorou uma eternidade para passar.
Na tarde seguinte, Juliette não aguentava mais aquela distância. Reconsiderou e decidiu falar com a funkeira. Ela tinha cometido um erro, mas se ela pelo menos pedisse perdão, se pelo menos demonstrasse arrependimento as coisas poderiam voltar mais ou menos ao normal. Agora a paraibana estava decidida a votar na outra mulher, mas a relação delas não precisava mudar por isso. Mas esse fio de esperança foi destruído quando Pocah não deu o braço a torcer, e pior ainda quando levantou a voz. Ela não tinha passado a infância e adolescência inteira ouvindo o pai gritar com ela e com todo mundo dentro de casa para agora que era independente ficar passando por isso de novo, não importa quem seja.
Quando Pocah saiu do local de maneira intempestiva Juliette se sentiu arrasada. Todo o seu corpo, cada milímetro de pele, queria chorar. Mas ela não podia. Não ia dar a outra mulher esse gostinho, jamais iria abaixar a cabeça. Se levantou calmamente e se dirigiu ao quarto cordel, onde poderia digerir tudo o que aconteceu em paz. Mas ela não imaginava que Pocah teria a coragem de aparecer na frente dela de novo. Ela teve.
- Ju, só vim pedir desculpas por ter me exaltado. Desculpa não ser tão controlada como você, mas eu sou assim! Eu pensei que você me entendia, mas agora eu entendo que me iludi. Mas, enfim, desculpa ok?
- Tu viesse pedir desculpas ou me acusar de novo??? Era só o que me faltava!
- Eu não tô te acusando de nada Juliette. Eu tô apenas desabafando. Eu te amo e eu pensei que a nossa relação era diferente. Não é culpa sua que eu me iludi. Você não é obrigada a me entender. O erro está em mim!
O "eu te amo" tocou fundo no coração da nordestina. Ela tentava se convencer que esse "eu te amo" era maneira de dizer, mas não tinha como não estremecer ao ouvir essas palavras daquela mulher deslumbrante.
- É só isso que eu queria dizer, Ju. Me desculpa! Agora eu vou embora e te deixar sozinha, já te importunei demais...
Juliette queria muito pedir pra ela não ir. Parecia que aquele momento passava em câmera lenta: Pocah girando o corpo, caminhando em direção a porta, tocando a maçaneta, olhando para trás como se esperasse uma palavra dela, virando o rosto de volta, abrindo a maçaneta, puxando a porta, saindo, fechando a porta. A cada ação dessa Juliette queria desesperadamente pedir pra ela ficar, o coração dela clamava por isso, mas a razão não permitia.
Mas assim que ela se viu no quarto sozinha, sem a mulher que tinha entrado de maneira tão surpreendente em seu coração, o coração conseguiu ganhar a luta e todo o seu corpo ganhou vida. Ela se levantou correndo e consegiu alcançar Pocah ainda em frente a porta do confessionário.
- Espera!
Pocah olhou pra trás com lágrimas nos olhos. Ao olhar as lágrimas que caiam daqueles belos olhos Juliette não pôde mais conter as lágrimas que há várias horas ela tentava tragar dentro de si, sem deixá-las sair. E as duas morenas estavam ali, em meio ao corredor, paralisadas, apenas olhando as lágrimas uma da outra, tentando explicar com o coração o que as palavras não conseguiram traduzir.
- Eu também te amo!
Foi essa frase que rompeu a paralisia que tinha acometido a funkeira. Como em um passe de mágica Pocah já tinha chegado a milímetros da advogada, e agora beijava as lágrimas que tinha ajudado a provocar. Beijava com urgência, como se quissesse acabar com qualquer prova que aquelas lágrimas tivessem existido. Juliette envoveu suas mãos na cintura da mulher que a beijava, apenas sorvendo cada um daqueles toques, como se fossem remédios que iriam curar a ferida irremediável do seu coração. Ela não sabia se realmente iriam curar, mas sem dúvida era um grande passo. E o resto só o futuro iria dizer.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Quando tudo mudou - Poliette [ONE SHOT]
FanfictionNos últimos dias Pocah e Juliette estavam se aproximando cada vez mais. Nenhuma das duas imaginaria no início do programa que chegariam a ser tão próximas, mas agora sentiam a amizade crescer a passos largos. Mas no último paredão uma atitude de Poc...