A tal festa dos bichinhos

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Essa fic é como eu imagino que deveria ter terminado a confusão entre Pocah, Juliette, Gil e Camilla na festa da Organact.

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- Eu surtei mesmo Camilla, me desculpa.

- Não, tudo bem. Eu fiquei chateada porque matou a vibe, mas foi só um mal entendido, fica de boa. Mas Juliette tá chateada com você.

- Eu sei, eu vou falar com ela. Só vou esperar ela se acalmar um pouco.

As duas saíram de volta para a festa. O clima estava um pouco tenso, mas todos estavam fazendo o máximo pra aparentar que estava tudo bem.

Pocah observava Juliette flertar com Fiuk e sentia seu estômago embrulhar. Sua vontade era chegar no meio dos dois e empurrar aquele branquelo pra um lado e afastar a paraibana o mais longe possível dali. Infelizmente tinha que conter seus impulsos, não tinha nenhum direito de fazer isso, não era nada nem ninguém na vida dela, por mais que doesse admitir.

Seu coração se enchia de ternura ao observar o sorriso travesso de Juliette pegando bolinhas da piscina de bolinhas pra jogar em Fiuk e Camilla. Morria de vontade de estar ali e ser alvo de suas brincadeiras, mas não sabia como chegar nela. Alguns minutos depois Fiuk se levantou e saiu, provavelmente pra ir ao banheiro, e Pocah respirou aliviada. Se sentiu mal por desejar que ele tivesse uma diarréia e ficasse lá por muito tempo, mas o sentimento de culpa não durou muito porque assim que Camilla se levantou e saiu dali deixando Juliette sozinha, o corpo inteiro da funkeira a impulsionou a ir falar com Juliette.

Enquanto caminhava seu coração batia acelerado. Morria de medo de fazer algo que piorasse as coisas e ao mesmo tempo não se importava se piorassem, porque preferia ter a atenção da nordestina brigando com ela que sua indiferença. A raiva era algum sentimento, um sentimento forte. A indiferença significava não ter nenhuma importância na vida dela, e isso Pocah não conseguiria suportar.

Chegou caminhando lentamente, como se esperasse que algum fato, alguma jogada do destino entrasse em seu caminho e a impedisse de falar com ela, mas nada aconteceu. Entrou na piscina de bolinhas e pelúcias e ficou bem ao lado da advogada. Ela não a viu de imediato, estava de olhos fechados curtindo a música que tocava naquele momento. Por isso, quando abriu os olhos e viu Pocah ao seu lado, olhando pra ela em silêncio, não pôde evitar se assustar.

- Tudo bem, Ju?

- Eu... sim. Só não esperava abrir os olhos e te ver aqui.

- Você preferia que eu não estivesse aqui?

- Não, não é isso...

- Porque se você quiser que eu saia, eu saio. Não quero te pressionar.

- Não, fica! - respondeu Juliette com voz de urgência. Se sentia chateada e confusa. Não conseguia entender porque a funkeira mexia tanto com ela. Não entendia a razão de tudo ser intenso com Pocah. Todo esse tempo no jogo ela vinha conseguindo controlar seus sentimentos pra usar o que acontecia com ela da melhor maneira para o seu jogo, mas quando Pocah estava envolvida ela sempre perdia a razão, por mais mínima que fosse a situação. Agora mesmo estava perdendo a razão porque simplesmente não conseguia desviar os olhos dos olhos daquela morena.

Pocah agora se encontrava com um sorriso no rosto. Juliette pediu pra ela ficar, então tudo ia ficar bem. Por entre aquele monte de brinquedos a funkeira procurou a mão de Juliette, até que encontrou e segurou com força.

- Pode não parecer às vezes, mas eu gosto de você. Muito. - disse a mais nova, segurando o olhar na outra mulher.

- Eu também.

- "Eu também" o quê?

- Deixa de ser boba, tu entendesse! - respondeu Juliette, dando risada.

- Eu sou meio burrinha, preciso que as coisas sejam ditas de maneira bem clara.

- Eu também gosto muito de tu, Celeste.

Quem estava acompanhando esse momento no pay per view se sentia até um pouco instruso, como se invadisse a privacidade de um casal, tamanha era a química e a áurea de romance que cercava aquelas duas, mesmo que não conseguissem ver o que acontecia entre elas por estarem totalmente cobertas de brinquedos, com exceção da cabeça.

Pocah, que até aquele momento apenas segurava a mão de Juliette, fazendo carinho no dorso da mão dela com o polegar, se sentiu à vontade para procurar mais contato. Começou a subir a mão vagarosamente, com um carinho bem delicado: pulso, antebraço, braço. Juliette não conseguiu sustentar o olhar por muito tempo, logo fechou os olhos e se entregou à sensação, atenta a cada reação do seu corpo.

Pocah estava se sentido poderosa ao ver as reações que provocava na nordestina. Ficava claro que ela não era indiferente. Queria chegar mais perto, queria sentir os pelos da mais velha arrepiando quando ela tocasse seu pescoço, mas isso ficaria visível nas câmeras. Do braço, no lugar de subir a mão, desceu pela lateral do tórax dela. Lentamente. Torturante. Quando colocou sua mão por baixo da blusa da outra mulher, sentiu uma corrente elétrica percorrer o seu corpo à medida que o abdômen dela contraía. Sabia que estava fazendo uma loucura, mas era como se um ímã gigante a prendesse ao corpo daquela mulher e ela não conseguiria se soltar, por mais que quisesse.

Ficou perdida por ali alguns minutos, fazendo movimentos circulares naquele abdômen definido, sem saber o que fazer, indecisa em como prosseguir. Era incrível como num lugar com música alta e vozes gritando ela ainda conseguia ouvir a respiração de Juliette, que ficava mais pesada a cada segundo.

Pocah, que também tinha fechado os olhos, agora os abria de supetão, surpresa. A paraibana, que estava imóvel todo aquele tempo, tinha segurado seu pulso e agora a olhava profundamente. Pocah teve medo, não suportaria se ela retirasse a sua mão e se levantasse dali. Mas ela fez o contrário. Soltou o pulso e colocou a mão em cima da sua, conduzindo em direção ao sul, por baixo do cós da sua saia. O olhar de Juliette era quase um apelo, uma súplica.

Pocah mordeu o lábio inferior. Tentou pensar em algum motivo pra não atender aquele apelo, mas a única coisa que conseguia ver era os olhos suplicantes de Juliette, suas bochechas coradas e sua respiração ansiosa. Todo o resto do mundo tinha virado uma folha em branco, sem nenhum significado.

Sua mão tremia, era um cubo de gelo deslizando pelo corpo ardente da nordestina. Sorriu de maneira safada ao sentir que a calcinha da outra mulher era de renda e por um segundo ficou triste por não poder ver. Juliette sorriu de volta. Um sorriso tímido mas ao mesmo tempo cheio de tesão. Ela não sabia que esperava tanto por esse momento até que ele tinha chegado; finalmente iria tocar o mais íntimo do corpo daquela mulher por quem tinha se apaixonado. Se assustou ao se dar conta que tinha pensado naquela palavra: "apaixonada". Tinha se apaixonado e não podia mais negar para si mesma, agora era deixar rolar. Levantou com delicadeza o cós da calcinha e levantou uma sombrancelha pra Juliette como se perguntasse "tem certeza?". Ela apenas moveu a cabeça. Era um sim.

- Voltei minha esposa! - Disse Fiuk entrando de repente na piscina de bolinhas.

Pocah ficou paralisada. Juliette olhava para ela e para ele uma e outra vez, sem saber o que dizer. A funkeira se levantou e saiu, correndo em direção à casa para tomar um banho gelado.

- Deus! O senhor sabe o que faz! Livrai-me da tentação, amém! - disse Pocah, agradecendo a Deus por não permitir que ela fizesse algo que pudesse se arrepender depois.

Quando tudo mudou - Poliette [ONE SHOT]Onde histórias criam vida. Descubra agora