Capítulo 10 - Conflitos

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Ametista: Arg!! Vou continuar! Se a Peridot e a Pérola leram, eu também vou!

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Pérola estava abalada pelas mortes da última aldeia cristal, e por mais que eu não quisesse mostrar nem admitir, eu também estava. Sugeri que voltássemos para a caverna, a que encontramos ao chegar no planeta, para descansar, afinal era o único lugar onde havíamos estado que não possuía corpos espalhados ao redor.

Já na caverna Pérola entrou e sentou o mais ao fundo possível, bem longe de mim. Eu me sentei perto da entrada com as costas e a cabeça encostadas na rocha dura enquanto olhava para fora perdida em meus pensamentos e lembranças nada agradáveis.

Por passar muito tempo na minha câmara sem fazer nada, ou por realmente não ter nada para fazer ou porque não conseguia fazer o que devia, eu adquiri um hábito incomum. Passei a ficar durante muito tempo num estado de imobilidade com meus olhos fechados, como se meu corpo desligasse e minha mente trabalhasse em segundo plano de uma forma diferente. Depois descobri que outras espécies chamavam isso de dormir, e necessitavam realizar tal ato tanto quanto se alimentar (coisa que gems também não precisam fazer).

Por força do hábito, ou talvez por estar emocionalmente exausta, acabei adormecendo ali onde estava sentada. Não sei por quanto tempo, mas durante todo o meu sono tudo que pude ver foi a cena daquele filhote morrendo por meu machado.

Acordei sobressaltada com Pérola me chamando e sacudindo um de meus ombros.

Eu: O que foi? - perguntei olhando ao redor e não percebendo nenhum perigo à vista.

Pérola: Eu que pergunto! De repente você fica aí estática sem se mexer. Não respondeu quando chamei e quando me aproximei vi que você estava chorando.

Nessa hora eu percebi as lágrimas que brotavam aos poucos dos meus olhos e escorriam no meu rosto. Enxuguei-as, porém outras brotaram e depois outras. Simplesmente não conseguia parar.

Pérola: Qual o problema? - ela perguntou preocupada e apreensiva, provavelmente nunca havia passado por sua cabeça a possibilidade de me ver naquele estado.

Eu: Não consigo parar de pensar naquele filhote. - confessei deixando minhas lágrimas tomarem conta e caindo num choro forte.

Pérola não disse nada, apenas abraçou minha cabeça colocando meu rosto contra seu corpo. Eu a abracei em reflexo e deixei aquela dor que consumia o meu ser tomar forma. Acabei chorando até adormecer novamente, dessa vez minha cabeça repousava no colo de Pérola que acariciava meus poucos cabelos vermelhos e cantarolava baixinho. Aquilo me trouxe uma paz que nunca imaginei que pudesse sentir.

Quando acordei e olhei para seu rosto, sem me levantar, ela sorriu de forma compreensiva. Eu estendi minha mão e acariciei seu rosto.

Eu: Obrigado. - agradeci meio rouca.

Pérola: Agora eu sei que você não é o monstro que pensei que fosse. - aquelas palavras de alguma forma machucavam, mesmo que ela estivesse tentando dizer algo bom com aquilo.

Eu: Talvez eu seja. - disse sem emoção.

Pérola: Você sofre pelo que fez, um monstro não sentiria isso. Eu sinto muito por não ter entendido na hora. Nós estamos aqui porque é o nosso dever e não porque queremos. Isso é uma guerra! Não vou mais julgar suas decisões nem ir contra elas.

Eu: Ainda bem que White escolheu você para vir comigo. - disse admirando o cinza prata de seus olhos - A única coisa boa disso tudo é que estamos juntas. - ela corou levemente e desviou os olhos dos meus.

De repente um nativo aparece na entrada da caverna com uma das armas de três mãos e atira. Imediatamente eu crio uma bolha para nos proteger.

Nos levantamos e nos preparamos para o combate. Eu faço meu machado aparecer na mão esquerda enquanto controlo a bolha com a direita. Pérola faz sua lança surgir e fica em posição.

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