Narrado por Jasmine:
Se uma água-viva morre, ela vira uma água-viva-morta, uma água-morta ou só uma água? - perguntou meu subconsciente enquanto eu olhava a professora de matemática falar, ela falava e falava, mas eu não conseguia prestar atenção em mais nada, além da menina da carteira da frente desenhando flores pequenas na folha do caderno.
Pois é, como podemos ver, não sou muito (nada) fã de matemática, mas eu não tenho culpa se colocaram letras no meio de cálculos, era mais fácil quando tudo eram apenas números. Meus devaneios idiotas são interrompidos quando eu escuto o sinal irritante, mas que me enche de felicidade, tocar. Era o último sinal daquela sexta-feira, ou seja, eu estaria livre a partir daquele momento, já que minhas férias do meio do ano tinham acabado de começar.
Arrumo meus materiais com pressa, são poucos, dois cadernos e um estojo, já que eu não trago meu caderno de poesias melosas. O que? Acha mesmo que eu nunca li "Quase um clichê"? Pois saiba que eu li e morro de medo de alguém ler meu caderninho, tanto pelo fato de que se lerem, irão descobrir que eu sou Mercúrio, e que isso acabaria com minha pose de aquariana sem coração, só a Alice e meus pais sabem que eu sou Mercúrio e sabem dos meus poemas. Enfim, voltando ao assunto, acabo de arrumar meus materiais e saio sozinha da sala, pois é, sozinha, infelizmente minha melhor amiga já acabou a escola e mora em outro bairro, então vou para casa andando em silêncio
Quando chego em casa, meu gato se enrosca nas minhas pernas miando, provavelmente pedindo comida. "- Oi filho, vamos lá colocar comida pra você meu bebêzinho -", falo enquanto passo a mão nos pelos incrivelmente macios do Percy, sim, Percy de Percy Jackson. Vou andando até meu quarto, com o Percy me seguindo todo animadinho, coloco ração no pote dele, deixo minha mochila na cama e vou tomar um banho. Depois do meu banho, coloco uma roupa bem levinha e envio uma mensagem para minha melhor amiga.
Conheci a Alice através de uma rede social, onde são postados textos, poemas, músicas e afins, e um certo dia eu tinha acabado de postar um "poema" meu, depois de uns 2 minutos, vejo que tinha uma curtida, um retweet e uma mensagem de um usuário chamado @alicesemmaravilhas. Assim que eu abri a mensagem, li a mensagem e vi que era um elogio aos meus poemas, dizendo que eu escrevia muito bem e que queria ser minha amiga de rede social, ou seja, webamiga, eu topei, já que ela não era daqui.
Essa webamizade durou até nós falarmos onde morávamos uma para outra, ou seja, na mesma cidade, mas em bairros diferentes. Quando ficamos sabendo disso, decidimos nos encontrar, mas era bem difícil por causa de todas as regras estúpidas, então ela me falou do Hotel Saltitante e que poderíamos nos encontrar lá, eu concordei e marcamos de nos ver no dia seguinte.
Quando eu estava indo, criei mil hipóteses de ela ser um velho pedófilo e que quisesse meus órgãos para vender, mas no final a Alice era ela mesma, e eu também, e desde então somos melhores amigas, não nos vemos todos os finais de semana, mas sempre que precisamos uma da outra ou sentimos saudades, marcamos de nos ver.
E esse poema que ela leu foi tão importante para o começo da nossa amizade, que se tornou meu poema favorito.Poema: Em Marte
Talvez em outro planeta, Marte, quem sabe.
Talvez em Marte eu seja menos intensidade, menos nebulosa,
talvez lá eu saiba demonstrar todo meu sentir.
Mas aqui em Mercúrio, eu sou oceano,
eu sou inteira.
Aqui eu sou eu, aqui eu amo sem falar.
Com toda minha falta de carinho, Mercúrio.Quando acabo de falar com a Alice, me levanto da cama e decido fazer um chá de camomila, mas antes passo pela sala para colocar uma música na televisão. Ultimamente meu álbum favorito tem sido "O tempo é agora", da AnaVitória, então coloco ele como trilha sonora para um chá da tarde, sentada na área de casa, enquanto observo o céu.
Me sento na cadeira de balanço e falo um pouco com as minhas plantinhas, porque elas também merecem todo o amor o mundo, aproveito e já dou água pra elas. Depois de dar água para elas, me perco nos meus pensamentos enquanto observo o degradê azulado do céu, quando saio dos devaneios, decido entrar para dentro de casa.
Ouço o portão abrir, ou seja, já é 15:30, minha mãe sempre chega nesse horário. Me levanto do sofá, calço meus chinelos em tons azuis e vou fechar o portão para ela, quando acabo de fechar o portão, me viro e dou um beijo na bochecha dela. "- Oi mãe, tudo bem? - ", pergunto pegando a bolsa dela e levando para dentro. "- Tudo sim filha, vou ir tomar um banho e me deitar um pouco, me acorda quando der 17:30? - ", minha mãe pergunta, "- Claro mãe, vai lá. Me chama qualquer coisa - ", respondo dando um beijo na testa dela e indo para a sala de volta.
Acordo minha mãe para irmos fazer janta, porque jantamos muito cedo. Nós fizemos um arroz, feijão, brócolis gratinado e uma salada de alface e tomate, logo quando acabamos de fazer a janta, meu pai entra pela porta e dá um beijo em mim e na minha mãe. "- Oi meus amores, vou ir tomar um banho e já venho aqui para nós jantarmos, tá bem? -" ele fala, eu e minha mãe concordamos. Quando ele encerra seu banho, nos sentamos na mesa da cozinha e jantamos, um jantar repleto de brincadeiras, todos nós contamos como tinha sido nossos respectivos dias e rimos bastante das piadas sem graça do meu pai.
Quando o jantar acaba, eu logo já lavo a louça e vou me sentar no sofá com eles. Me deito no colo da minha mãe enquanto ela passa a mão nos meus cabelos curtos e escuros, mas logo para, pois é, minha mãe dormiu sentada no sofá.
Quando vejo ela de boca aberta, seguro a risada e peço para meu pai levar ela para a cama e dou um beijo na bochecha dos dois. Quando o meu pai se levanta com minha mãe no colo, eu desligo a tv, confiro se a casa está toda trancada, escovo meus dentes e vou para o meu quarto, fecho a porta e me jogo na cama, pegando meu celular.
Envio uma mensagem para a Alice, porém ela me responde com uma breve mensagem falando que estava indo dormir, então começo a assistir Grey's Anatomy de novo e acabo dormindo, com o celular na minha barriga e toda enroscada nos fios do meu fone.
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Todas as nossas cores
Romance• Antigamente, uma pequena cidade chamada Serra Negra, no imenso estado de São Paulo, foi dividada em seis bairros, todos distantes e inimigos. • Por mais irônico que seja, os bairros foram divididos de acordo com as cores do arco-irís: Morro A...