VI. Eduardo

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Desço do Uber correndo quando chego no teatro de Campinas, hoje é uma peça super importante, tanto que foi contratado vários fotógrafos, e claro que o protagonista estaria atrasado. Quando entro ao teatro, corro ao camarim e já vejo todos se arrumando, e óbvio que já começo a me arrumar em uma velocidade impressionante.
Quando acabo de me vestir e me maquiar, ouço o diretor se aproximar e me chamar, vou até ele, que me pergunta como eu estava, se eu estava confiante e preparado. Respondo que sim, e que essa peça seria um arraso, então ele sorri e fala que seria mesmo, e vai embora do camarim.
Quando deu o horário da peça, eu subo no palco, dando piruetas e estrelinhas, mas errando no final de propósito, afinal, era uma peça de teatro, mas entra um palhaço rindo e me ajudando a levantar, e logo a peça segue, fazendo várias pessoas rirem, principalmente um fotógrafo que estava bem próximo.
O fotógrafo que chamou minha atenção tem um cabelo meio escuro, jogado para o lado e uma tatuagem no antebraço, mas que eu não consegui ver muito bem, por causa da distância entre nós dois.
Quando a peça acaba, esse mesmo fotógrafo vem até mim, perguntando se poderia tirar uma foto comigo, pois tinha amado minha maquiagem e minha roupa, eu balancei a cabeça sorrindo, dizendo que ele podia sim. Então ele pega o celular e eu sorrio, quando ele tira a foto, eu peço para ele me mandar ela, então passo meu número e falo que meu nome é Eduardo, ele então confirma e se despede.
Quando ele vai embora, eu entro e vou me arrumar para ir embora, logo quando entro no camarim, recebo elogios vindo do meu diretor e dos outros participantes da peça, eu fico com vergonha e agradeço baixinho, dando um sorrisinho fraco e indo para o banheiro. Quando acabo de me arrumar, chamo um Uber, mas antes passo em uma lanchonete de esquina e compro um salgado, estava morto de fome.
Quando entro no Uber, cumprimento o moço e pego meu celular, vendo que o fotógrafo tinha me mandando a foto, então eu agradeço e pergunto o nome dele e pergunto se ele morava em Campinas mesmo, ele me responde em menos de um minuto. “Meu nome é Davi, e não, eu não moro em Campinas, eu sou de Serra Negra, e você?”, assim que eu leio, fico surpreso e digo que eu também morava lá, no bairro Monte Verde, ele me responde surpreso e fala que mora no Morro Amarelo ou Ipê Amarelo, então nós começamos a conversar, mas logo chego em casa e me despeço, falando que depois eu o chamava.
Desço do Uber e passo pela portaria, ando mais uns minutos e chego em casa, abrindo a porta e vendo meus pais, cumprimento eles e conto como foi a peça e eles me contam como foi o dia deles, quando a conversa acaba, eu subo para tomar um banho. Assim que acabo o banho, meu celular vibra, avisando que tinha acabado de chegar uma mensagem, assim que abro, vejo o nome do Davi, leio a mensagem que falava: “- Oi, desculpa atrapalhar, mas queria saber se você quer sair comigo, a gente pode ir para Campinas, tomar um sorvete, não sei. Mas tudo bem se você falar que não quer ir, por causa desse lance de bairros diferentes e tal, mas enfim, me avisa. :) -”.
Confesso que quando acabei de ler, fiquei surpreso, mas respondi falando que eu topava sim, que só ia me arrumar e avisar meus pais, então ele me fala que ia se arrumar também e que passaria para me pegar daqui meia hora, envio uma mensagem concordo e corro me arrumar.
Acabo de me arrumar e aviso meus pais que estava saindo e eles falam para eu tomar cuidado e que avisasse qualquer coisa. Assim que eu sento no sofá, recebo uma mensagem dele avisando que estava próximo a portaria, então me despeço dos meus pais e vou até ele.
Entro no carro o cumprimentando e elogio a música, falando que eu amava o Konai e que ele cantava demais, então ele se empolga e diz que ele é seu cantor favorito, então nós falamos dele e de como as músicas são boas até chegarmos em uma sorveteria qualquer em Campinas.
Quando fomos realizar nossos pedidos, falamos ao mesmo tempo “Eu quero um sorvete todo de chocolate”, a atendente deu risada e nós dois também. Quando nossos sorvetes chegaram, nós ficamos conversando sobre o mundo todo, nossos sonhos, metas e etc.
Até que eu peço para olhar a tatuagem dele e vejo que é uma câmera fotográfica, e ele diz que pretende abrir o próprio estúdio de fotografia no futuro, então eu elogio a tatuagem e falo que eu também tenho, mas tenho três. Ele pergunta se pode ver elas, e eu confirmo levantando e subindo um pouco a blusa, mostrando o símbolo de Libra, o símbolo do teatro e viro de costas, mostrando que eu tenho um dragão no ombro esquerdo e que desce até o meio das minhas costas. Ele então elogia minhas tatuagens e diz que é virginiano e que queria tatuar uma cobra enrolada na cintura e eu digo que ficaria bom.
Nós então acabamos nossos sorvetes e decidimos ir dar uma volta pela cidade, entramos no carro e começamos a conversar sobre nosso passado, ele então me fala que as mães deles descobriram que ele é gay depois de verem ele matando aula para beijar um garoto, e eu morro de rir, falo que eu disse para os meus pais sobre meu gosto por meninos quando eu fiz 15 anos, e que eles me aceitaram muito bem.
Falo também que sou apaixonado por cavalos e que meus pais têm um rancho em uma cidade perto de Serra Negra, ele fica empolgado e diz que ama os animais, então nós entramos no assunto de amor por bichinhos, e quando eu menos espero, vejo ele estacionar o carro e falar que tínhamos acabado de chegar na entrada de Serra Negra, mas que não queria ir para casa.
Eu digo que também não queria, que tinha adorado passar o tempo com ele, ele então sorri e diz que me achou lindo naquela peça. Eu fico tímido e falo que fico feliz que ele tenha gostado e que eu amo atuar.
Ele então desce do carro e vem até minha porta, a abrindo e me estendendo a mão, eu fico confuso, mas mesmo assim a seguro. Ele me puxa para a frente do carro e nos sentamos no capô, como já era noite, não haviam muitos carros passando por lá, então nós nos “deitamos” no carro e ficamos observando o céu. Após alguns minutos em silêncio, ele me pergunta se poderia juntar nossos dedinhos, eu falo que sim, e quando sinto ele os entrelaçando, solto um fraco suspiro e sorrio.
Ficamos assim por quase meia hora, até notarmos que já estava bem tarde e que precisávamos ir embora, então soltamos nossos dedinhos e entramos no carro. Assim que entramos, ele coloca uma música relaxante para tocar e entrelaça nossos dedinhos novamente, soltando apenas quando tinha que trocar alguma marcha do carro.
Quando chegamos perto do meu bairro, ele estaciona o carro e fala que amou nosso dia, eu digo que também amei e que gostei muito dele, ele dá um sorriso e confessa ter gostado de minha também. Então eu me aproximo dele e o abraço, inalando seu cheiro gostoso de se sentir e sorrio, o abraçando mais forte ainda.
Quando vou soltar ele, ele sussurra em meu ouvido que meu abraço é muito bom e confortável, eu digo que o dele também é, e que se eu pudesse, o abraçaria para sempre. Ele dá uma risadinha fraca e beija meu pescoço, se soltando e me dando um beijo na bochecha, eu decido então ir para casa logo, antes que meus pais surtem.
Me despeço dele com um beijo na bochecha e saio do carro, passando pela portaria e indo para casa. Assim que chego em casa, vejo que meus pais estão no sofá vendo novela, dou um beijo neles e vou para o banho.
Saio do banho e dou boa noite para meus pais, alegando que estava sem fome e que já ia dormir, eles concordam e me dão boa noite, falando que me amavam.
Subo para o quarto, me deitando na cama e pegando meu celular. Vejo que tem uma mensagem do Davi, me desejando boa noite e perguntando se eu queria entrar em um grupo de amigos que moram em outros bairros, mas que eu não poderia contar para ninguém sobre esse grupo. Eu fico então animado e falo que quero sim, e que não contaria para ninguém, ele me responde com um “Tá bem então” e não me manda mais nada.
Meu celular vibra, mostrando uma nova notificação:
• Você foi adicionado ao grupo “Saltitantes”
Eu então abro o grupo e envio uma mensagem me apresentando, logo as meninas me respondem, se apresentando também.
Nós então começamos a conversar, mas recebo uma mensagem do Davi, me perguntando se poderia me ligar, pois estava sem sono, eu digo que sim e pego meu fone. Assim que ele me liga, meu corpo se arrepia
Eu atendo e sorrio quando escuto a voz calma e baixa dele falar “Oi, anjo.”, e falo “Oi, lindo.” Nós ficamos conversando sobre várias coisas, até eu notar que ele não estava mais me respondendo e escuto a respiração leve e profunda dele, dou um sorriso e desligo, mas antes sussurro um boa noite fraco.
Assim que encerro a chamada, apago a luz e entro em um sono incrível.

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