3. por amor

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Música Inspiração: Over the Love - Florence and the Machine

As minhas mãos tocaram as teclas do piano lentamente, como se as estivessem acariciando

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As minhas mãos tocaram as teclas do piano lentamente, como se as estivessem acariciando. Os meus olhos se fecharam quando eu ouvi a primeira nota soar, os meus dedos dedilharam as notas da canção, passando todo o meu sofrimento para o piano. Transformando a minha dor em arte.

Fazia tanto tempo que eu não me sentia assim, que não dedicava a minha dor para a arte e por um momento fiquei com medo de que ela me rejeitasse, de que me chamasse de traidora por tê-la abandonado. Mas ela me acolheu, assim como faz a todos que lhe procuram.

Me lembrei de quando eu era criança, quando as pessoas e as suas palavras tão amargas quanto o café desciam pela minha garganta e chegavam ao meu coração, o machucando ferozmente.

Então eu perdia a cabeça, corria para o piano, me sentava com o meu vestido amarelo e contava para ele em forma de melodia tudo aquilo que eu sentia, me entregava as notas musicais e chorava.

Hoje novamente me encontro nessa posição, com um vestido longo amarelo e o meu coração ferido, lhe contando tudo aquilo que ninguém mais sabe e nunca saberá. E inevitavelmente as memórias chegam até mim.


DEZ DIAS ANTES


Sai do elevador, segurando a mala firmemente em minhas mãos. Os médicos e enfermeiros andavam pelos corredores do movimentado hospital e do outro lado algumas pessoas esperavam nas cadeiras. Me aproximei da recepção onde uma moça estavam digitando no computador e conferindo uma pasta de documentos.

- Oi, você sabe me dizer se a Dra. Liz está? - Perguntei exibindo um sorriso suave nos lábios.

- Sim. Mas não está mais atendendo, o turno dela está acabando. - A atendendo me respondeu de maneira simpática.

- Tudo bem. Não preciso consultar, vou aguardar ela. Obrigada. - Rapidamente me afastei do balcão e me encostei na parede, enquanto a aguardava.

Eu pude ver uma mulher chorando, sendo abraçada pelo marido. Na sala de receptação havia cerca de doze pessoas sentadas. Eu me perguntei quantas dali receberiam uma notícia que acabaria com as suas vidas.

Eu nunca gostei de hospitais, nós nunca sabemos ao certo o que esperar quando vamos ali. Eu nunca entenderei como a minha irmã pode se apaixonar pela medicina e escolher trabalhar em um lugar, comunicando, em sua grande maioria, notícias ruins e presenciando o sofrimento de tantas pessoas.

Rapidamente afastei os meus pensamentos quando a vi andar pelo corredor de mãos dadas com o namorado. Obviamente que ele seria médico também, Liz jamais poderia amar alguém que não amasse a profissão dela. Eu ainda não o conhecia pessoalmente.

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