Quando tudo começou...

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Amigo seu é coisa séria,

pois é opção do coração, viu?

You've got a friend in me

Newman Randall S

Quando tudo começou...

A pequenina e macia mão da menina apertou a imensa e calosa mão do homem. Os olhinhos, ansiosos, olharam para aquele que sempre a protegeu e esteve ao seu lado. O pai de Jéssica era imenso, e ela sempre o vira como um super-herói. Seria muito estranho passar o dia longe da casa e dos pais.

— Não tenha medo. Se você precisar, é só pedir para a tia ligar para o papai que venho te buscar.

Os finos fios negros deslizaram pelo rosto da filha quando ela balançou a cabecinha concordando.

Ao lado dos dois, ela observou um menino loiro apertando firme a mão da mãe. Uma senhora rechonchuda, com as bochechas vermelhas e os cabelos em um coque feito apressadamente. Ela se abaixou e segurou os ombros do garotinho.

— Não tenha medo. Você é um garoto forte e corajoso. Já enfrentou dragões e feiticeiros, bruxas e monstros. Uma professora não será nada difícil.

Estufando o peito, o garotinho olhou com os olhos reluzentes para a mãe.

— Ela é uma vilã, mamãe?

— Não, pequenino. Sua professora é a heroína.

Com um beijo ruidoso no rosto afogueado, o menino se despediu da mãe e correu porta adentro.

Invejosa da coragem do menino, a pequena Jéssica desprendeu-se das mãos do pai e correu também.

— Hey, garotinha! Não vai se despedir?

Freando bruscamente, a menininha deu meia volta e correu até os braços do pai. Um abraço apertado, um longo beijo e, então, um novo começo.

— Não sei se é mais difícil para eles ou para a gente — a senhora desabafou quando Jéssica sumiu pelo portão de entrada.

— Definitivamente, para a gente

O senhor deu um sorriso ansioso.

— Evandro

Ele estendeu-lhe a mão. 

— Elizabeth.

Ela pegou a mão do homem e a balançou para cima e para baixo algumas vezes.

— Filho único?

Evandro apontou com a cabeça em direção à entrada da escolinha.

— Não. Matias é meu mais velho. Mas Eduardo tem só um ano — ela estrondou em uma gargalhada. — Não sei como minha mãe deu conta de oito. Estou sofrendo com dois.

— Só posso imaginar. Eu e Luzia não queremos outro. Jéssica dá o trabalho de um batalhão!

— Eu e Enzo também não queríamos. Eduardo veio por puro descuido.

Os dois se viraram e começaram a andar, ainda conversando. Em poucos passos, antes mesmo de atravessar a rua em frente à escola, os dois pararam, viraram-se e olharam para a porta.

— Eles ficarão bem, não é?

Evandro entortou a boca. Demorou ainda alguns segundos antes de suspirar e responder:

[DEGUSTAÇÃO] Por que não eu?Onde histórias criam vida. Descubra agora