Capítulo 2

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Aurora Santini

Tem coisas na vida que a gente não consegue entender porque acontece ou como acontece. Uma dessas coisas loucas foi o fato de... wow, eu entrei na seleção Canadá... A partir daquele dia em que descobrir ser uma selecionada tinha certeza de que as coisas seriam bem diferentes, ganhando não. O príncipe era Aaron Monthorn, herdeiro do trono canadense, aquele moreno alto que arrancava suspiros das meninas, mesmo que aparecesse apenas pela televisão. Ter a chance de dizer pelo menos um oi para qualquer um daquela família era uma possibilidade quase inexistente, mas além de poder dizer oi para qualquer um deles, eu estaria indo morar na casa deles nem que por um tempo. E que casa, era literalmente um Palácio. A sensação era diferente e eu não fazia ideia do que me esperava, mas tinha certeza de que sem experiências eu não sairia dali. Eu arrumava minhas malas com entusiasmo para ir ao palácio e só podia pensar no quão louco tudo aquilo seria.

Meu primeiro contato com o príncipe foi por meio de telefone mesmo, mas eu reconheci sua voz na hora em que começou a falar. Aquela seria a entrevista de que me avisaram. Todas as selecionadas seriam entrevistadas pelo príncipe antes de chegarmos ao Palácio, e aquele seria nosso primeiro contato com ele. Pelo os olhares da equipe que me orientava, percebi que não era o protocolo a ser seguido. O príncipe estava mesmo querendo conhecer as meninas se estava entrando em contato conosco antes da hora. Minhas mãos suavam e tentava soar o mais natural possível.

- Olá, senhorita Aurora Santini! Como vai? - foram suas primeiras palavras e ouvir meu nome sair da boca do príncipe me arrancou um sorriso maroto. Ele acrescentou: - Eu tenho sua ficha em mãos, mas eu gostaria de ouvir da senhorita. Então poderia por gentileza falar um pouquinho sobre você mesma?

Aquela era uma das perguntas que eu já esperava, então eu não pensei muito antes de começar a contar sobre mim.

- Hum...sou filha de imigrantes, meu pai é italiano e minha é alemã. Tenho um gêmeo e poderia dizer que o que mais amo fazer é cozinhar, fotografar e ler.

Talvez o básico servisse, ainda teríamos muito tempo para conhecer um ao outro.

- A senhorita é muito versátil!

Ele exclamou surpreso, e eu esperava sinceramente que aquilo fosse bom. O básico, aquela entrevista revelava nada mais do que o básico de nos. Revistas de fofocas e até o Jornal oficial já contavam bastante sobre a vida da família real e consequentemente sobre a vida de Aaron Monthorn. Mas e eu? Será que realmente teríamos tempo para ele conhecer sobre emim? Não era como se eu estivesse totalmente segura de que ganharia a seleção.

E naquele momento eu vi como eu também queria muito conhecê-lo, então sem perder tempo usei as palavras dele para saber um pouco mais também.

- E vossa alteza poderia me falar um pouco sobre si?

Perguntei, e o som como de uma risada do outro lado da linha me fez morder o labio. Aquilo era bom, certo? Depois de um instante, a resposta veio.

- Ah, eu só aprecio a pintura mesmo em meu tempo livre. É uma maneira que encontro para me expressar. Mas pelo visto tenho muito a aprender com a senhorita. Cozinhar, por exemplo.

Uma pausa se estendeu entre nós por um momento, e eu aguardei ansiosa por mais, e estava prestes a conferir se a ligação tinha caído quando ele voltou a falar. E o tom dele, era intimo, quase como se estivesse me contando um segredo. Não sabia que era possível me sentir daquele jeito, tão eufórica por algo tão banal.

- Nem sei onde é a cozinha se for sincero, então pode imaginar como devo ser um desastre. Então, adoraria aprender com a senhorita.

Eu até podia imaginar que ele não fizesse a menor noção de onde ficava os também daquele Palácio. Compreensível. Mas para minha surpresa, o tom intimo que ele havia usado comigo a segundos atrás havia me tranquilizado. Ele estava tentando me deixar a vontade, percebi.

E foi ali que eu eu consegui ver o bastante. O príncipe não era uma figura inalcançavel, não para mim, e pensar que poderíamos desenvolver algo me deixava mais relaxada.

- Como se vê profissionalmente daqui a alguns anos?

Seria arrogância da minha parte dizer que me via como rainha? Esperava que não, pois foi justamente o que disse.

- Eu me vejo futuramente, em primeiro lugar, neste momento, como rainha se tiver tal sorte. Mas, em segundo plano, eu gostaria de me formar em gastronomia e levar o restaurante dos meus pais adiante.

- Não sabe como eu fico feliz com isso, de verdade.

O alívio tomou conta de mim, mas a sinceridade em sua voz me pega de surpresa. O príncipe logo se apressa em explicar.

- Meu maior medo era de que eu fizesse minha escolha e a mesma se arrependesse depois de alguns anos. Por exemplo, eu adoro viajar, mas dificilmente consigo fazer isso, e quando o faço é uma viagem diplomática e não lazer. Então tento aproveitar o máximo que posso dessas viagens. Sua vida seria assim também, entende? Isso seria um problema?

Não, aquilo definitivamente não seria um problema .

- Sabe também adoro viajar, mais pra mim não seria um problema ter poucas oportunidades, pois sei que quando encontrar a pessoa a quem vou dar metade do meu coração, estar ao lado dela e poder ser o seu porto seguro será o bastante pra mim, além disso isso tornaria as oportunidades a frente únicas e mais mágicas!!

Leva um instante para a resposta vir, mas quando vêem, o carinho com que ele fala, sei que estou completamente perdida quando se tratava de Aaron Monthorn.

- Isso é muito importante pra mim, querida. Saber disso.

As palavras são sem sentido para mim por um instante. Por que era tão importante afinal?

- As viagens foram um exemplo de como certas coisas acabam se tornando apenas diplomacia entende? Mas tem tantas outras coisas que acabamos abrindo mão em prol do Reino. Então, preciso de uma pessoa que ame o reino também. E então irei ama-la mais que isso. Pode parecer meio clichê, mas é isso.

Estou sem palavras, a paixão dele me comove. Não tenho tempo de falar nada, mesmo que tivesse palavras, ouço uma movimentação do outro lado da linha e então ouço a voz do príncipe novamente. A vulnerabilidade em sua voz se foi. Substituído por um tom formal, com uma pitada de algo parecido com provocação.

- Querida, muito obrigado pelo o seu tempo. Mal posso esperar para conhecê-la pessoalmente.

- Eu que agradeço. Mal posso esperar para nos conhecermos.

Repeti, e acho que nunca fui tão sincera. Eu estava mais do que ansiosa para conhecer o verdadeiro Aaron Monthorn.

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