07 - Isaac Walcher

2 0 0
                                    

A seguro em meus braços e corro o mais rápido que minhas pernas aguentam. A cabana de Anne era isolada, e os cavalos não conseguiam passar pelas pontes estreitas que levavam até lá. Apressei o passo quando vi a mancha negra se estender até os cotovelos de Diana. Por um segundo, ela puxou o ar e parecia não respirar.

— Diana — a chamo enquanto corro — Diana, você não pode morrer!

Passo pela ponte que havia acima do rio e corro entre a floresta. Assim que avisto a cabana de Anne, suspiro aliviado.

— ANNE — grito quando estou chegando na porta — ANNE, ME AJUDE, DIANA ESTÁ FERIDA.
Quase no mesmo segundo, a mulher de cabelos cor de fogo sai da cabana.

— O QUE VOCÊ FEZ!? — grita desesperada.

— Eu não fiz nada — falo colocando Diana numa cama — Estávamos voltando e fomos encurralados por Sarah e quatro demônios. A bruxa fugiu, matamos três demônios, mas antes de matar o quarto, Diana se meteu na frente quando ele ia me arranhar.

— Ela foi cortada pelas garras dele?

— Sim.

— DROGA! — grita correndo até uma estante cheia de potes coloridos — Por isso as mãos dela estão negras. O veneno vai se espalhar até chegar ao coração e depois...

— E depois o quê? — pergunto.

— Depois ela morre — sussurrou, mas eu consegui ouvir.

Anne mexeu em todos os potes até pegar um de coloração roxa. Ela o misturou na água e depois veio até nós.

— Levante a cabeça dela — pede.

— O que é isso? — pergunto enquanto Anne faz Diana beber aquilo.

— Um tônico para tentar atrasar o efeito do veneno.

— Atrasar? Mas e a cura?

— Eu preciso do sangue do demônio para fazer o antídoto — fala se levantando e mexendo num livro.

— Minha espada ainda está suja com o sangue do demônio — falo tirando-a do suporte de couro.

— Perfeito — fala pegando a espada da minha mão — Agora só precisamos da rosa negra.

— Rosa negra?

— É uma flor característica da floresta das fadas e também o ingrediente chave para a cura.

— Eu vou pegar essa flor.

— As fadas não são conhecidas por ajudar homens — falou.

— Eu imploro, me humilho, mas não vou deixar Diana morrer.




◁━━━━◈✙◈━━━━▷





Assim que entro na floresta encantada, vejo uma pequena luz voando em minha direção. Ela parou no ar, e Azura apareceu ficando do meu tamanho. Suas asas rosas brilhavam e seu vestido branco se iluminava.

— O que faz aqui? — perguntou.

— Preciso de ajuda, Azura — falo.

— Não ajudamos homens — falou, se virando para ir embora.

— Espere! — grito fazendo-a parar — Eu a ajudei há alguns anos. Por favor, só me escute e depois veja se vale a pena.

Ela me analisou por alguns segundos e depois se sentou na grama.

— Fale.

— A Princesa Diana foi arranhada por um demônio da Montanha de Gelo — começo — Eu preciso da rosa negra para ajudá-la.

— A rosa negra pode ser usada para feitiços poderosos — falou se levantando — Como vou saber se o que diz é verdade?

— Por favor, eu não viria aqui se não fosse verdade.

— Arquila e Triuna se odeiam há muitos anos — falou vindo na minha direção — A morte da Princesa Diana seria uma vitória para seu reino. Então, por que ajudá-la?

Eu fiquei em silêncio. Azura parecia estar me testando, como se quisesse saber o real motivo daquela aproximação.

— Diana salvou minha vida. Ela se jogou na frente do demônio sem pensar duas vezes e levou o golpe por mim — falo — Eu faria qualquer coisa para salvá-la.

— E por quê? — perguntou Azura — Só por ela levar o golpe por você? Será que é tão difícil dizer a verdade?

— E qual seria a verdade, Azura? — pergunto sem paciência.

— Você a ama — fala, me fazendo rir — A primeira vez que você desafiou seu pai foi para defendê-la.

— Como sabe disso? — pergunto surpreso.

— Eu sei de muitas coisas, Isaac — fala mexendo nos cabelos brancos.

— Eu não posso falar isso.

— E por que não? — pergunta.

— Você sabe por quê — falo olhando-a — Se eu falar isso em voz alta, será verdade e não terá mais volta.

Azura me analisou com uma feição que eu não conseguia distinguir.

— Bom, se não vai me dizer a verdade — fala se virando.
O desespero tomou conta de mim. Se ela fosse embora, Diana morreria, e eu não vou deixar isso acontecer.

— EU A AMO — grito fazendo Azura parar — Eu a amo. Não deveria nem mesmo simpatizar com a sua existência, mas eu a amo — falo passando as mãos nos cabelos — Já faz sete anos, e eu não consigo esquecê-la nem por um mísero segundo.

Pronto, aqui estava a verdade que eu mantinha escondida e presa na garganta por anos. Prometi nunca dizer tais palavras em voz alta, jamais pronunciá-las para que não fossem reais. E aqui estou eu, implorando pela vida de Diana. Eu faria isso até o fim.

— Muito bem — falou estendendo o braço e abrindo a mão. Um segundo depois, uma luz apareceu na palma de sua mão e a rosa negra estava ali  — Salve-a, Isaac Walcher, porque somente vocês podem acabar com o mal que assombra estas terras.

— Como você sabe? — pergunto.

— Todos os seres mágicos que caminham sobre esse solo sabem a verdade — falou.

— E por que nunca disseram nada?

— Cada ato deve ser usado como aprendizagem. Se você não errar, como irá aprender? — Azura se iluminou e começou a flutuar no ar. Era lindo ver a luz ao seu redor.

— Erros do passado são lições para o futuro, Isaac. Lembre-se disso.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 27 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

A Princesa Guerreira - EM BREVEOnde histórias criam vida. Descubra agora