Capítulo 3

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Saímos do Uber e pegamos o elevador. Draco continua com o braço envolto em minha cintura protetoramente. Quando que iria imaginar uma cena dessas? Tratávamos um ao outro como gato e rato desde sempre, e honestamente era até divertido... mais seguro. Eu estaria num caminho muito ferrado em me apegar ao garoto. Ele não era de ninguém.

- Vai ficar tudo bem – diz ele pela milionésima vez naquela noite.

- Eu sei – suspiro e apoio meu corpo do dele, contente pelo seu calor e seu cheiro. Me tranquilizava, eu percebi.

Ele me acompanha até a porta do meu apartamento e me vira de frente para ele, me olhando preocupadamente. Com delicadeza, ele estende sua mão e com cuidado passa seus dedos por meu rosto numa leve carícia. Me controlo para não fechar meus olhos, mas aproveito o toque delicado e carinhoso. Era estranho ser cuidada por alguém tão inesperado. Eu devia mais a ele do que eu gostaria de admitir.

- Você precisa de algo?

- Não, obrigada – dou de ombros. – Quer entrar? – tento soar indiferente, mas não queria ficar sozinha, e por mais que tenhamos brigado uma vida inteira eu sei que ele jamais seria capaz de fazer algo comigo.

- Você quer que eu entre ou está sendo educada? – ele me olha desconfiado, com uma ameaça de sorriso.

- Besta – reviro os olhos. – Vai entrar ou não?

- Você sempre se recusa a dar o braço a torcer – ele ri divertido e abre a porta para que eu passe.

Como se fosse o dono do local ele entra e começa a abrir os armários.

- Ei! – resmungo, largando minha bolsa na ilha.

- Onde tem uma chaleira?

- Serve a elétrica dançando na frente do seu nariz? – apoio os cotovelos e o encaro enchendo a chaleira e abrindo os armários novamente. – Se é o chá que procura, eles estão do lado da chaleira, Draco. Me impressiona que saiba sequer colocar algo na tomada... – provoco ele como sempre fiz, aquilo me animando um pouquinho.

- Você não se cansa de me cutucar nunca? – ele vira para mim e me encara de braços cruzados.

- Não – sorrio satisfeita. – Vou tomar um banho, estou me sentindo imunda – mordo meu lábio inferior e tento não pensar no que aconteceu mais cedo naquela noite.

- Ei, pequena – ele me olha preocupado e vem em minha direção.

Não aguento seu olhar apiedado e dou um passo para trás, controlando para que nenhuma lágrima caia na frente dele. Eu estava exausta física e emocionalmente. Eu sempre fui forte e sempre seria. Não seria esse episódio ridículo que mudaria isso. Assim sendo, com o queixo em pé sigo para o quarto.

- Sinta-se em casa. Já volto – digo conforme sigo meu caminho.

Corro para meu quarto, indo direto para o banheiro e batendo a porta. Lá me deixo escorregar até o chão e coloco as mãos sobre o rosto, me deixaria abater por um momento e então eu levantaria e fingiria que nada nunca aconteceu.

Eu sabia que não tinha acontecido nada de sério no fim das constas, mas o desespero era real. Eu não conseguia me deixar pensar no que teria acontecido se Draco não estivesse lá. Eu sempre o desprezara e foi ele que me ajudou e acabou sua festa para estar em minha cozinha/sala minúscula para cuidar de mim. Eu iria matar Gina por ter me deixado sozinha...

Ainda tremendo me levanto e tomo um banho rápido. Me enrolo na toalha e saio do banheiro cuidando para ver se ele não estaria ali, como não estava corro até o guarda-roupa e escolho meu pijama fofo. Foda-se o que Draco iria achar, eu precisava de algo que me confortasse.

Red Dress - DRAMIONE (UA)Onde histórias criam vida. Descubra agora