––– Dois –––
Bela festa do pijama!
Se pudesse imaginar que o clima ficaria tão tenso, eu teria desmarcado. Alice não foi nada piedosa me fazendo sentir remorso elevado ao cubo. Eu sei que ela estava coberta de razão, mas não precisava pegar tão pesado.
Enfim, agora eu tinha que consertar a minha burrada.
As meninas se despediram logo após o café da manhã. E eu estava decidida a acertar o passo. Tinha duas missões para realizar, mas não fazia ideia de qual seria a mais árdua:
Contar que eu estava mal na escola e que havia mentido a respeito disso.
Dominar em poucos dias a matéria que não consegui aprender durante meses.
Maravilha!
Respirei fundo e analisei friamente a minha situação. Obviamente, acabei chegando à conclusão de que precisava primeiro aliviar a minha consciência, pois só assim eu conseguiria estudar em paz. Então, comecei a vasculhar a casa à procura de minha mãe.
Meus pais viviam ocupados. Eles eram donos de uma produtora. Meu pai era cineasta e minha mãe jornalista. Os dois trabalharam muitos anos até conseguir abrir a própria empresa, e eram muito dedicados a ela. Em geral, eles produziam shows e grandes eventos.
Por isso Heitor se enveredou tão cedo pelos caminhos da música. Desde pequeno interagia com todo mundo nos bastidores. Ele era talentoso e também conhecia as pessoas certas. Já eu não me envolvia muito. Costumava ficar mais na minha.
Além disso, eu não era nada deslumbrada e não me envaidecia quando meus pais trabalhavam com algum famoso. A Patrícia sim, costumava ficar bastante animada com a possibilidade de conhecer alguém que estivesse bombando na mídia.
Nós duas éramos amigas desde criança e sempre estudamos no mesmo colégio. Nossa amizade com Alice era mais recente. Ela tinha se mudado para o nosso bairro no início daquele ano, mas logo se mostrou uma fiel escudeira. Ela não costumava falar muito a respeito de sua vida pessoal, o que às vezes deixava a Patrícia meio cismada. Está certo que nossa nova amiga nunca havia mencionado sequer o motivo de sua mudança. Tudo o que sabíamos a respeito de seu passado era dito vez ou outra, em fragmentos soltos e sem qualquer ordem cronológica. Também era nítido que ela não gostava quando fazíamos muitas perguntas.
Mas, honestamente, eu não me incomodava com o jeito reservado de Alice. Só que a Paty vivia com a pulga atrás da orelha. E eu, que não queria perder a piada, brincava: “O que você pensa, afinal: que a menina é uma agente do FBI ou uma serial killer? Ah Patrícia, faça-me o favor.”

VOCÊ ESTÁ LENDO
Que fase!
Fiksi RemajaMelissa tem 15 anos e é uma menina divertida e atrapalhada. Ela e suas melhores amigas estão vivendo muitas aventuras no primeiro ano do ensino médio. Apaixonada por um garoto que mal nota a sua existência, quando tem a chance de chamar a atenç...