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= H O P E =

Pela maneira que a Cynthia segurava minha mão enquanto o médico passava o aparelho em sua barriga, era visivelmente que estava nervosa.

- Quando foi que descobriu a gravidez? - Ele pergunta e Cynthia me olha.

Devolvo o olhar na intenção que ela responda a pergunta.

- D-dois dias - ela gagueja.

Ele passa um pouco mais o aparelhinho em sua barriga e aponta para a pequena TV.

- Você está de cinco semanas - diz sorrindo e eu faço o mesmo.

- Cinco?! - Cynthia exclamou nada feliz.

- Isso mesmo, ele é semelhante...

- Doutor, eu não quero ter essa criança - Cynthia o interrompeu.

- Eu já imaginava, parece ser muito nova - ele se recompôs voltando a digitar mais algumas coisas no computador.

- Tira isso aqui de mim, por favor - Cynthia pediu fazendo gestos com a mão para onde o gel havia ficado em sua barriga.

Peguei um pouco de papel e a ajudei a tirar o gel.

Cynthia se levantou da maca e arrumou sua roupa, ficando preparada para ir embora.

- Eu sei que gravidez na adolescência não é fácil, então se tiver certeza do que quer, você liga nesse número - o médico entrega um folheto com informação referente ao que Cynthia planejava fazer.

Ela pega o folheto e apenas agradece com a cabeça, saindo o mais rápido possível da sala.

• • •

Sento-me na cadeira de frente a Cynthia e entrego a ela o sorvete que pediu.

- Está melhor?

- Não muito - responde pondo a mão na testa.

Ficamos em silencio durante um bom tempo, pois não sabíamos o que dizer uma a outra.

O clima entre a gente estava estranho, não por querer, e sim porquê não tínhamos nada para falar.

- Vou ao banheiro, eu já venho - digo e ela afirma com a cabeça.

Olha em volta a procura de Jackson, que tinha tido que iria nos encontrar por aqui, mas ele não parece faz uns vinte minutos.

Estava tão avoada que não percebi ao bater com um homem grande e alto.

- Hope, não é? - Perguntou e com as sobrancelhas juntas confirmei sua pergunta. - Acho que poderia vir comigo - ele juntou as mãos ma frente do corpo.

- Mas quem é você?

- Isso não importa - ele sorriu tentando pegar no meu braço mas eu me afastei.

- Olha eu já vou indo - digo dando as costas para voltar o mais rápido possível para onde Cynthia estava.

- Hope...

- Gabriel, nem tente - me assustei com Jackson provavelmente chamando o homem que estava atrás de mim.

- Meu assunto é com ela, Jackson. Nem tente - debochou.

- É com Vinnie - Jackson diz já ao meu lado pondo a mão no meu ombro.

Eu já perdi as contas de quantas vezes um homem diferente me abordou.

- Hope... viria comigo? - Ele pergunta e eu nego.

- Não, eu tô muito ocupada agora, talvez outra hora - sorri e sem me despedir peguei no braço de Jackson e o puxei o mais rápido possível para longe daquele estranho.

Voltamos para onde Cynthia estava e olhei para Jackson na intenção que ele me contasse o porquê desse homem queria falar comigo ou com Vinnie.

- O que aconteceu? - Cynthia pergunta confusa.

- Não estamos atrasados pra última reunião do colégio? - Jackson riu sem graça.

Ele põe as mãos no bolso e simplesmente sai andando até o carro.

- Por que as vezes eu acho que um dos meninos do nada vira nosso segurança? - Pergunto a Cynthia quando ela está ao meu lado.

Ele teve que vir com a gente pois Vinnie havia perdido seu celular, e então como o mesmo disse, isso era uma forma mais fácil de ele conseguir "falar comigo", como dizia.

- Não sei - me responde baixo ajeitando sua roupa.

Suspiro fundo e balanço a cabeça lentamente, na intenção de me livrar desses pensamentos.

• • •

Já estávamos na escola e já havia se passado duas horas que aconteceu a reunião.

Consegui terminar as últimas coisas do baile, e ainda provei um vestido para o mesmo.

Tomei um pequeno susto quando Vinnie se sentou ao meu lado, beijando minha bochecha logo em seguida.

- Onde estava a manhã toda? - Pergunto.

- Em casa, depois vim pra cá - respondeu se juntando a conversa dos meninos.

Suspiro fundo e levanto-me da mesa caminhando até o banheiro, mas me arrependo no mesmo instante quando percebo que duas meninas estavam cochichando. Sobre mim.

Elas me olham torto enquanto lavava as mãos, e me seguro para não berrar para perguntar qual é o problema comigo.

As pessoa dessa escola não superam as coisas tão fáceis, ainda não acredito que todos aqui ainda lembram da minha humilhação.

Saio do banheiro imediatamente e logo percebo que por onde eu passo, tiro sorrisos, cochichos e olhares tortos dos alunos.

O que está acontecendo?

Vejo Cynthia correndo até mim com os olhos arregalados e o celular na mão.

- O que aconteceu? - Pergunto preocupada pensando que é algo com o bebê, mas ela apenas me puxa para o banheiro novamente.

As mesmas meninas que encontrei minutos antes já não estavam mais aqui, por sorte.

Cynthia bate a porta e a tranca.

- Cynthia, poderia me dizer o que está acontecendo?! - Exclamo e ela joga a mochila no chão, colocando o celular na minha cara.

- Foi o Powell? - Ela pergunta.

Não pode ser.

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