[Emerson]
5 – A incursão
Eu observei a fogueira ser acesa no acampamento e vi quando o pastor reuniu o rebanho perto de uma árvore frondosa. Eles estavam se preparando para comer. Eu iria tentar roubar roupas, quando eles estivessem ao redor da fogueira, comendo. Porque daí, os cães pastores estariam com o faro concentrado na comida. Pelo menos, eu esperava que sim.
-Boa sorte! – sussurrou Manuela.
-P-para nós dois! – Hesitei com um pé para fora. – Não ligue a lanterna nem o c-celular. Fique no escuro e em s-silêncio. Se eu não voltar até o a-amanhecer. Siga para o n-norte, mantendo o sol à s-sua direita. Encontre G-göbekli Tepe.
Ela me olhou com os olhos esbugalhados.
-P-para o caso de me a-apanharem – expliquei.
-Se pegarem você, irei socorrê-lo! Óbvio!
-N-na-não!!! V-você não é nenhuma Ju-juna, pirata, pelo amor de Deus! – Respirei fundo, e continuei, num tom menos exaltado. – V-você vai embora, e vai levar o a-a-g-áá... – vendo que ela não compreendia, fiz um esforço para dizer certo, num sopro só: - O "H". Ufa! Caso c-contrário, nenhum de nós d-dois escapará desta época.
E saí, sem dar margem para discussão.
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Caminhei agachado parecendo uma barata, ou lagartixa... Tanto faz. Em parte, estava com medo de que meu turbante improvisado caísse e o meu corte de cabelo ficasse visível. Olhei de relance para cima, para o posto de vigia nos muros de Troia. Meu Deus! Quem diria que eu estaria aqui, de verdade? Pra valer!? Alguém me belisca!
Não, não quero que ninguém me belisque.
Continuei descendo a pequena colina, de olho no grupo de pastores, que estavam bebendo e comendo em torno da fogueira. As tendas ficavam atrás e – espero! - estavam vazias. Agora...
De repente um rosnado me fez parar a meio caminho. Eu congelei no lugar. Era um cão pastor. As ovelhas baliram, em resposta, agitadas com a aproximação de alguém que nenhum deles conhecia – no caso, eu.
De repente, um dos pastores gritou da fogueira, mostrando um pedaço de carne para o cão, e o chamou. Eu podia vê-lo, de onde eu estava, mas ele não podia me ver (a não ser que se levantasse para vir atrás do cão, que por sinal, ficou indeciso se ia ou se ficava sentado diante de mim). Eu o incitei, em pensamento: Vai logo, vira-lata!
O cão decidiu que o pedaço de carne valia mais a sua atenção do que eu. Enquanto ele corria na outra direção, eu segui para perto da tenda, levantei o pesado tecido da parte de trás e entrei. Eu me deparei com um ambiente escuro, onde havia um tapete no centro, almofadas e uma pequena arca. Fui direto para ela, torcendo para que fosse o que eu estava pensando.
E era.
Tirei duas túnicas, véus e lenços. Fiz um embrulho bem amassado com tudo e saí do mesmo jeito que entrei. Passei pelas ovelhas agitadas e corri colina acima, jogando-me para trás da primeira rocha que encontrei. Bem no instante em que me escondi, um dos pastores veio verificar a agitação das ovelhas. Ele olhou ao redor e, então, voltou para o grupo. Recostei na rocha e fechei os olhos, tentando normalizar a respiração. Olhei para cima. O vigia do muro devia estar entretido, porque não tinha me visto ainda. Eu corri ladeira acima e entrei na gruta como um míssil teleguiado.
Manu viu o embrulho nas minhas mãos, sorriu e bateu palmas.
-Agora, sim, vamos para a fase dois do nosso plano – ela disse.
-N-nem sabia que tínhamos a-algo tão elaborado c-como um plano – eu debochei, meio sem ar.
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[Manu]
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A Garota do Tempo 2 | AMAZON COMPLETO
Science FictionDEGUSTAÇÃO ...E a saga continuaaaaa! Manuela e Emerson perderam-se no fluxo espaço-tempo. Isso é que dá usar um dispositivo tecnológico alienígena sem primeiro tirar carteira de habilitação. E agora, Manu? Você queria salvar seu pai e sua melhor ami...