Human

700 61 14
                                    

Narrador POV

Nesse momento, Louis simplesmente não soube o que fazer, acabou caindo ao chão em frente a Marcel, fechando a porta da cabine... e simplesmente chorou. Chorou como há muito tempo não chorava. Sentia as lágrimas deslizarem por seu rosto, causando arrepios nostálgicos. Ele viu a lâmina atrás do vaso sanitário, e seu corpo estremeceu. Não de medo, de algo parecido com necessidade. Quando se deu por conta, jogou a lâmina de apontador no lixo e voltou a chorar, agora agarrado a si mesmo, em um de seus antigos ataques, onde simplesmente se encolhia, tremia, chorava e se segurava para não fazer algo estúpido. Foi então que seu mundo girou. Marcel o abraçou, e os dois permaneceram ali, apenas chorando juntos, um no ombro do outro, até que o sinal que indicava o final das aulas soasse.

Marcel POV

Quando mostrei a ele meus cortes, um tremor percorreu meu corpo, e em cerca de dois segundos minha mente gritou "ESTÚPIDO, ELE VAI ESPALHAR POR AÍ QUE VOCÊ É UM MODINHA SUICIDA, PARABÉNS SEU OTÁRIO". Eu realmente temi isso por intermináveis segundos, até que Louis escorregou pela parede, sentando-se diante de mim e prensando os olhos com força, enquanto lágrimas escorriam deles. Ele viu minha lâmina e, como se pudesse queimá-lo, jogou-a rapidamente dentro do lixo e chorou. Mas agora soluçava, chorava como eu há poucos minutos atrás, agarrado a si mesmo, tremendo. Eu temia onde isso poderia chegar, não queria que ele acabasse como eu, então com um impulso e coragem tirada sabe-se-lá-de-onde, o abracei. Ficamos ali até o sinal bater e pensei "ótimo, quer foder com a tua vida de vez? Matar o primeiro dia de aula? Maravilha"

- Louis... - não obtive resposta, ele ainda chorava de leve escorado em mim, com a cabeça em meu ombro, enquanto eu acariciava de leve seus cabelos - Ei, Tomlinson? - então ele me olhou, mas eu quis que voltássemos à posição anterior. Seus olhos estavam extremamente vermelhos e inchados, e ele parecia extremamente fraco. Não se parecia com o garoto de hoje cedo. - Temos que ir pra casa.

- Tudo bem, você precisa de uma carona? - falou ele, com a voz embargada pelo choro

- Eu adoraria - respondi, apesar de morar extremamente perto da escola, eu ainda precisava conversar com ele, e tentar entender o que aconteceu e por que ele reagiu daquela maneira aos meus cortes.

Assim que o barulho de pessoas correndo pelos corredores cessou, seguimos em silencio até o carro de Louis (esse é o momento em que tenho um ataque gay internamente, gritando feito uma garotinha, ao ver que esse fdp tem um Lincoln Continental incrivelmente conservado. Ok, eu acho que consigo viver com isso.) e entramos no carro. Assim que ele deu a partida, tomei coragem de perguntar:

- Louis, o que te deu? Por que reagiu daquela forma? O que houve?

Silêncio. Ele continuava olhando para a estrada, mas seus olhos ficaram marejados de novo. Ele parou o carro no acostamento.

- Porque eu te entendo. - disse ele baixinho, quase como um sussurro. Meus olhos se arregalaram instantaneamente. Isso significa o que eu acho que significa?

- V-você quer dizer que... - gaguejei

- Sim, Marcel, eu já passei por isso. Já fui um suicida. Já tive essas mesmas marcas, mas em maior escala. Você não sabe nem a metade da minha história, e ela é longa de mais pra ser explicada dentro de um carro, então por favor, me diga onde mora para que eu...

- Me leve para a sua casa. - disse convicto, sentindo meu corpo gelar ao perceber o duplo sentido nessa frase porque 1- Louis é no mínimo bi e, adivinha, eu sou gay 2- estávamos trancados no banheiro, abraçados, a poucos minutos - para q-que você... eh... possa me contar. Se quiser, claro... - comecei a entrar em desespero. E se ele entendeu errado?

Who's That Geek?Onde histórias criam vida. Descubra agora