Zumbi (parte 2)

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Eu era zumbi

Caia

Sem

Parar.

Me reerguia

Caia

Mais uma vez

Debulhava-me.


Minha pele morta-viva estava em estado de putrefação

As moscas me rodeavam

Vermes me comiam a carne

Eu apodrecia em segredo,

O segredo me apodrecia.


Convencida da morte precoce desta jovem,

Deitei-me em meu leito

Permiti palavras amáveis se soltarem

Mas o maxilar se despende de seu lugar de origem

A putrefação se acelerou.


Como um gesto final,

Abri as palmas das mãos

Estava pronta para partir

Se...

Se não fosse um objeto inesperado tocando as pontas dos meus dedos

Forcei as pálpebras a reabrir,

Tão pesadas quanto roxas

Eles haviam tocado em um lápis perdido

O lápis que até hoje não sei como fora parar ali

O tal lápis que, afinal, me remendou.

Cartas voadoras de uma pós adolescente (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora