A Bela e a Fera (um texto para recordar um momento muito especial de minha vida)

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A idade que eu tinha não me vem à cabeça (não era tão nova quanto nesse texto passará), apenas o estilo de meu cabelo: loiro com franja.

Minha mãe levara-me ao teatro. Possuía um palco enorme, com fileiras e mais fileiras de cadeiras estofadas vermelhas. As pessoas estavam vestidas como se estivessem em um baile de gala. Tão lindo...

Me encontrava nervosa. O tempo passava e nada de as luzes apagarem. Tremia-me toda. Estalava os dedos das mãos. Queria ver a Bela e a Fera o quanto antes.

Olhei para a minha mãe, que segurava a minha sobrinha em seu colo, e perguntei que horas ia começar. Ela apenas franziu o nariz, dando a entender que já não sabia mais.

Então aconteceu: as luzes se apagaram, o silêncio se instalou.

Prendi a respiração.

Meu coração chicoteou em meu peito.

Lá vem os atores!

Vem, não vem?

Isso, eles vieram.

  Começaram com uma melodia da qual não me recordo - é provavelmente a que a Bela está a cantar com os seus livros nos braços e os vizinhos nas janelas de suas casas. 

Os outros personagens tão importantes também entraram: o pai da Bela, Gaston, Lefou, as dançarinas, Lumiére, Sra. Potts, Chip, Cogsworth, A Fera, tudo e todos ali tão bem caracterizados, passando como se aquilo fosse real, e eu, uma estrela vendo por de cima de suas cabeças, apenas observando o desenrolar de suas histórias.

Ah, as músicas;

Ah, as falas;

  Ah, as roupas; uma mais linda do que a outra. Figurino de todo e qualquer jeito que possa imaginar:  

Calças espalhafatosas,

vestidos bufantes se pondo a voar pelo ar,

chapéus,

plumas...

Lindo, lindo...

Me emocionei como se tivesse sido a primeira vez que vira algo tão emocionante . E, tenho por mim, que realmente fora.

Não sei  dizer qual foi a perspectiva de minha mãe, já a de minha sobrinha, sei que ela não entendeu nada da beleza, pois havia dormido metade da apresentação e a outra ficou implorando para minha mãe comparar pipoca doce; sabe, coisa de criança - a vejo crescendo. Espero que tenha um momento como esse um dia.

Enfim, os atores se enfileiraram, deram-se as mãos e se curvaram. Eu me levantei na mesma hora. Os aplaudi da forma que mereciam. Gostaria de ter emendado: "Parabéns, senhores e Senhoras da magia, vocês fizeram o meu dia."

O público alvoroçou, aplaudiu, aclamou. Sorrisos aqui e colá, corações pulando de felicidade, olhos enchendo de água.

"Parabéns Senhores e Senhoras da magia, vocês fizeram o meu dia."

E não só fizeram o meu dia, como fizeram também a minha vida. Pois é isso! É isso que quero fazer. Criarei histórias, criarei sorrisos, criarei lágrimas e assovios e suspiros e aclamações. Farei tudo isso por meio das minhas tão amadas escritas e, principalmente, por meio das roupas. Roupas que darão vida aos personagens, roupas que balbuciarão por si mesmas e roupas que criarão a magia que tanto senti neste momento.

"Parabéns, Senhores e Senhoras da magia, vocês fizeram o meu dia e a minha vida."

Cartas voadoras de uma pós adolescente (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora