F O U R

927 67 43
                                    

Eu só escrevo finais felizes, não saberia escrever outra coisa.

• • • • • • • • • • • • • • •

Shuntarõ Chishiya

Se sentia em um filme.

Não havia nenhuma palavra que demonstrasse mais como se sentia naquele momento. Sentado na varanda de Niragi, com o sol se pondo calmamente por trás dos prédios.

O barulho de buzinas, sirenes e alarmes vindos lá de baixo, onde empresários cansados voltavam para casa, ou onde baristas iniciavam mais uma jornada de trabalho.

Não sabia onde o dono do apartamento estava, depois de uma semana estressante com entregas de trabalho e provas Chishiya havia aproveitado o feriado para se jogar na cama e ignorar qualquer movimentação do lado de fora. Havia acordado no final de tarde, com nada além do barulinho do filtro de água como companhia.

Ouviu a cafeteira sinalizando que seu café estava pronto e desceu da cadeira, encostando os pés no chão frio. No instante em que chegou perto da cozinha a porta da frente foi aberta, e Niragi entrou, murmurando um palavrão enquanto pressionava o dedo no nariz, de onde escorria sangue.

O que diabos aconteceu com você? — Perguntou ignorando o chamado insistente da cafeteira e se aproximando do garoto que retirava o próprio casaco.

Não é nada, é só...nada. — Andou até o próprio quarto, ignorando os passinhos insistentes de Chishiya atrás de si, e foi até um armário praguejando pelo caminho.

Como assim "não é nada"? Eu nunca vi o nariz de uma pessoa sangrar por nada. — Retrucou pousando as mãos na cintura, os pés batendo repetidas vezes contra o carpete.

Não é nada ok? Viu, já passou.. — Apertou um lencinho contra o nariz, e depois levantou os olhos encarando o garoto impaciente parado em sua porta.

Acenou com a cabeça pra que Chishiya se aproximasse e jogou o lencinho no lixo que ficava aos pés da cama, mostrando que já não sangrava mais.

Não fique com essa carinha meu bem, isso sempre acontece quando a temperatura cai, desde os meus cinco anos. — Acariciou a bochecha alheia com o polegar, podia jurar ter visto Chishiya fechar os olhos lentamente ao sentir o toque.

Tudo no platinado o lembrava porcelana, desde a cor, tão branquinho quanto a neve, quanto a fragilidade que sempre era disfarçada com um sorrisinho debochado e com as respostas tão ácidas quanto veneno.

Adorava quando aquela palidez dava lugar a uma vermelhidão engraçada e completamente adorável, sempre que o mais novo ficava envergonhado, que logo era seguida por um abaixar de cabeça e um grunhido irritado, logo reclamando de como Niragi era "meloso quando queria".

— Deveria ter falado isso quando entrou....eu não teria ficado... preocupado. — Praticamente sussurrou a última parte, dando um tapinha na mão que lhe fazia carinho.

Se importa comigo? — Deu um sorrisinho enquanto abraçava a cintura do garoto relutante.

Idiota.....meu café vai esfriar então me solte. — Deu dois passinhos pra frente, carregando Niragi a tiracolo, o moreno não fazia questão de soltar e foi arrastado até a cozinha.

• • •

Pelo menos você está longe daquele....homem. — Aya remexeu o macarrão em sua bandeja fazendo uma careta.

Morar com Niragi tinham lá seus pontos positivos, não só a presença do moreno que lhe trazia segurança, mas todo aquele ambiente trazia uma paz surreal. Como se seu corpo reconhecesse aquele lugar como casa.

𝑭𝒊𝒏𝒂𝒍𝒍𝒚 𝒇𝒓𝒆𝒆 ♾Onde histórias criam vida. Descubra agora