Ser Mulher

Prólogo

Acordo sobressaltada com o susto que levei ao escutar meu nome ser gritado dentro do quarto, meus olhos demoram a se adaptar a luz que fora acesa, porém meus ouvidos já estavam acostumados com aquela voz e de imediato soube quem era, era ele como sempre entrando sem avisar que havia chegado.

Meus olhos já adaptados com a claridade se desviam dele para a cabeceira onde tem um relógio infantil o mesmo marca 1:00 hora da manhã, olho novamente para ele e vejo sua boca se mexer, mas não consigo entender o que está falando, constato que ainda estou atordoada. Suas roupas estão mais amassados e manchadas do que estavam quando ele saiu a duas horas atrás, lembro de ter causado um pouco daquelas manchas e amarrotados quando pulei em cima dele mais cedo e este carregava uma taça de vinho.

˗VOCÊ ESTAVA ME OUVINDO? RESPONDE GAROTA!

Sorrindo balanço a cabeça negativamente isso causa irritação nele, o mesmo segue em direção ao closet e pega uma muda de roupa para ele e uma para mim:

˗Levante, limpe-se e vista-se não temos tempo para suas gracinhas.

Joga a roupa sob a cama e segue para o banheiro, mas para ao ouvir meu gemido de protesto e dor que faço ao tentar me levantar, sinto fisgadas por todo o meu corpo principalmente na parte interna da coxa.

˗ DROGA! Maldição, você só me atrasa mesmo... não sei onde estava com a cabeça quando pensei em levá-la comigo. - diz afobado andado de um lado para o outro enquanto passa as mãos em desespero pelo cabelo. Dou risada do seu desespero.

˗ NÃO RIA DA MINHA SITUAÇÃO! - diz e segue em direção ao banheiro para se trocar lá dentro, não sei por que se já o vi pelado tantas vezes, será que finalmente sua noção de respeito e sua consciência voltaram a si? Duvido muito alguém como ele nunca teria tais atributos, deve ser o desespero.

Ele volta para o quarto e fica me olhando e avalia toda situação, consigo me mover um pouco e me sento na cama ainda de olho em seus movimentos. Movo meus olhos para suas mãos e me surpreendo com o que vejo em uma está sua arma e em outra um pano molhado que está pingando no um líquido no chão.

Fazia anos que não via aquela arma, por muito tempo me acostumei em velo parado me olhando com ela em suas mãos e depois ela simplesmente desapareceu de minha vista, mas me lembro bem do incidente que fez com que ele parece deixá-la a minha vista. O pano ainda me intriga rezo internamente para aquele líquido seja água e não o que estou pensando.

˗Tenho duas opções te dou um tiro ou não, estou tentando a deixar você escolher. - diz olhando nos meus olhos sorrio para ele.

˗Surpreenda-me, não importa o que eu escolher de qualquer forma estou morta a muitos anos. - digo enquanto olho em seus olhos que retratam o quão doente ele é. Ele joga o pano em cima da cama ao lado da roupa.

˗Limpe-se, vista a roupa, pegue sua mochila e faça uma mala pequena com suas coisas o mais rápido possível. - diz saindo do quarto me deixando sozinha novamente.

Levanto com dificuldade da cama pego o pano e vou para frente do espelho e vejo o estrago que aquele monstro fez em meu corpo, começo a limpar o sangue que cobria parte das minhas pernas, braços e rosto. Limpo o máximo possível e visto o vestido que ia até acima do meu joelho, o mesmo tampou todos os hematomas novos que ele me causou.

Vou em direção a guarda-roupa e pego minha mochila e coloco algumas das minhas roupas, posso ouvir ele em outro cômodo falando no telefone, aproveito isso pego meu urso de pelúcia no guarda-roupa entro no banheiro fecho a porta por garantia. Encosto na porta e tento escutar se ele ainda está falando no telefone, constato que sim, subo em cima do vaso e abro a parte falsa do teto e pego a caixa que está lá dentro.

Desço do vaso abro a caixa pego a câmera que está lá dentro, levanto meu vestido e tiro foto dos hematomas rapidamente, pego o meu diário dentro da caixa e todos meus tesouros que restam lá dentro e coloco dentro do ursinho junto da câmera. Coloco a caixa vazia no mesmo lugar, abro a porta do banheiro e saio abraçada com o urso pego o relógio, um porta retrato e meus livros na cabeceira coloco tudo na mochila.

Visto meu sobretudo e coloco a mochila nas costas, fico esperando abraçada ao urso por ele no quarto, quando ele volta sorri ao me ver com o urso segue em minha direção.

˗Os anos passaram e você continua a mesma menininha fofa de sempre. - diz dando um selinho em meus lábios logo em seguida. ˗ Desculpa pelo que disse antes eu nunca te mataria, você é muito importante em minha vida as coisas estão ruins agora, mas passaremos por isso juntos e fugiremos desses malditos que não entendem nosso amor. Eu te amo e você me ama e isso é o que importa! Vamos superar tudo descobriremos quem está tentando nos separar e daremos um jeito nela. Temos que sair do nosso paraíso antes dos policiais chegaram, mas encontrarei outro para continuarmos nossos planos de criarmos uma família.

Ele me dá um selinho novamente sorri para mim sorrio de volto fazendo positivamente com a cabeça, pega minha mão e me puxa para sair do quarto rumo ao corredor, seguimos para a sala e consigo sentir o cheiro forte de gás que se esparramava pela casa. Saímos pela porta da frente e fomos em direção a carro ele tenta pegar minhas coisas, mas não deixo ele estranha então logo tiro sua desconfiança.

˗É melhor eu levar minhas coisas na frente comigo, se precisarmos sair correndo não seremos atrasados por ter que pegar na parte de trás. - digo sorrindo, porém ele ainda fica em dúvida, me aproximo dele dando um selinho nos lábios dele. ˗Não estávamos com pressa meu amor, temos que ir logo atrás de outro paraíso!

˗Você está certa querida.

Ele abre a porta do carro para mim entro com minhas coisas em mãos, a porta é fechada o mesmo da a volta no carro entra e da partida, ele segue ladeira abaixo em direção rodovia para a cidade nos afastamos da casa rapidamente, estávamos quase chegando na cidade e já podia escutar as sirenes dos carros dos policiais, logo em seguida escuto uma explosão e olho para trás e vejo fogo onde era localizada a casa.

Os três carros dos policiais passaram por nos rapidamente em direção a casa que agora estavam em chamas, logo atrás deles vinha os bombeiros e a ambulância. O homem ao meu lado suspira aliviado por eles não terem nos vistos.

˗ Vai ficar tudo bem, encontraremos um novo lugar com um jardim cheio de flores dessa vez, e depois nos vingaremos do intrometido que nos denunciou.

Diz isso sorrindo para mim e logo volta sua atenção para a estrada, ele não sabe quem foi ainda, isso é bom, agora eu só preciso sobreviver até eles nos encontrarem ou eu conseguir fugir.

″Eu só preciso sobreviver e não me separar do urso‶, penso abraçando o urso com mais força. ″Sobreviver e me agarrar ao urso‶.

″Só sobreviva por mais um tempo Melanie! Só mais um pouco, você consegue ser mais esperta que ele! ELE NÃO PODE DESCOBRIR NADA ANTES DE NOS ACHAREM, SE NÃO ESTOU MORTA!!!!‶