Cap.2: Sentem-se vou contar minha história

119 35 223
                                    

    A chuva continua intensa lá fora então só me resta brincar aqui dentro, vou andando calmamente passando os dedos pelas paredes do corredor. Olho para trás tendo certeza de que mamãe não está atrás de mim, deve estar ocupada com os afazeres da casa por isso não veio ainda. Ela sempre dizia para não ficar importunando os Jones, mas a senhora Jones sempre me queria por perto e dizia não se importar.

    Já estou na metade do corredor quando escuto a voz dela, vem da biblioteca, apresso o passo naquela direção com um sorriso no rosto. Pedirei para a senhora Jones continuar a ler a história que começou outro dia. Vou chegando mais perto da porta e para abruptamente quando ouço vozes alteradas.

    - VOCÊ VEM MENTINDO A 7 ANOS PRA SUA ESPOSA, COMO VOCÊ PODE? EU SEMPRE TE APOIE EM TUDO DURANTE ESSE 10 ANOS QUE ESTAMOS JUNTOS!!!! - grita a senhora Jones do outro lado da porta.

   - Querida fale baixo! Uma das crianças pode te ouvir! - escuto a voz do senhor Jones, parecendo estar tentando acalmá-la.

   - TIRE SUAS MÃOS DE MIM!!! AGORA VOCÊ SE PREOCUPA COM ELES? NÃO SE PREOCUPOU QUANDO ESTAVA ME TRAINDO!!!!! - continua ela ainda gritando. - DURANTE TODOS ESSES ANOS VOCÊ E ELA FINGIRAM QUE NADA ESTAVA ACONTECENDO, OLHAVAM NA MINHA CARA TODOS OS DIAS FINGINDO... - chora. - RINDO DE MIM PELAS COSTAS...

   -NÃO, não foi assim que as coisas aconteceram foi só uma vez e a muitos anos... - ele tenta se explicar, mas ela não deixa.

   - NÃO MINTA PRA MIM!!! - grita ainda.

   - EU NÃO ESTOU MENTINDO!!! - se descontrola ele. - Foi só uma vez a muitos anos atrás quando... quando você perdeu o bebê... eu voltei pra casa enquanto você estava no hospital, eu... eu estava triste, ela apareceu, começamos a conversar, eu bebi, ela também... - faz uma pausa. - Quando acordamos no outro dia percebemos o que tinha acontecido, ela tentou deixar o emprego só que eu não deixei, pois você gostava muito dela e ia precisar dela te apoiando por causa do bebê. Todos os dias ela pensava em te contar, mas eu nunca deixei. Me desculpa, por favor eu me arrependo todos os dias.

   - NÃO ME IMPORTA SEU ARREPENDIMENTO ISSO NÃO MUDA NADA E... A MEU DEUS... você é pai dela!!! Você e pai da filha dela?

   - NÃO, não, não! Olha pra mim meu amor ela me garantiu que eu não era, ela estava namorando naquela época se lembra?

   - E você foi idiota o suficiente pra acreditar! Estava o tempo todo estampado na minha cara, correndo pela casa sorrindo, ela se parece tanto com você, mas fiquei cega por todo esse tempo e confie em vocês.

   - Amor podemos fazer um exame de DNA e tirar a dúvida. Eu faço tudo por você, pra você me perdoar e te provar o quanto eu te amo!

   - Qualquer coisa?

  - Claro meu amor é só pedir.

   - Eu a quero pra mim, quero sua filha pra mim. Quero cuidar como minha filha, a filha que eu pedir.

   - Eu não posso fazer isso ela já tem uma mãe.

   - Não importa. Você vai pegar a Mel nem que seja a força.

   Quando falam meu nome fico sem reação não estava entendendo nada o do que estava acontecendo ali. Sinto um braço em volta de mim e uma mão tampando minha boca impedindo que eu grite.

     A pessoa me vira em sua direção e relaxo ao ver que é mamãe, ela me pega em seus braços e começa a andar em direção oposta da biblioteca. Olho nos olhos de mamãe e vejo que estão cheios de lagrimas, tento perguntar o que aconteceu, mas ela me abraça não me deixando falar.

Ser MulherOnde histórias criam vida. Descubra agora