Dez da noite

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Após cerca de dois infinitos minutos me fitando com seu olhar intensamente profundo, Park se afastou alguns centímetros de mim, e botou as mãos no bolso, como quem aguardava alguma resposta. Mesmo sabendo que era certo a merda que daria, parte do meu corpo queria aceitar, ainda mais porque se tratava de Park Jimin, o garoto que me deixava de pernas bambas — no bom sentido, safadinhos — desde a sexta série, até hoje.

Involuntariamente, cedi ao seu pedido. E, em questões de segundos, minha mão já estava colada na sua, que me guiavam até o outro lado da rua, onde uma moto preta estava estacionada.

Com um sorriso, travesso no rosto, o garoto desencaixou um dos capacetes do guidão, e me entregou.

— Uh? Essa moto é sua?

— Aham. — Respondeu, tentando desencaixar o fecho do outro capacete.

— Nem habilitação você tem. Como pode ter uma moto?

— Segredo. — Respondeu, resultando num revirar de olhos da minha parte. — Agora vamos. — Revirou o bolso a procura de suas chaves.

Assim que o garoto as encontrou, não pude deixar de notar que seu chaveiro era de gatinho. Fofo.

Park, então, subiu na moto primeiro, e se certificou de olhar para trás e sorrir mais uma vez, antes de bater em seus ombros, pedindo que eu apoiasse neles ao subir. Mas, antes que eu pudesse surtar só de pensar em fazer isso, senti meu braço sendo agarrado por alguém.

— S/n! — Mike me abraçou com força, após gritar em meu ouvido. — Eu estava preocupado, sabia? Graças a Buda eu te encontrei!

— Mike? — Sorri sem humor por vê-lo ali, justo naquele momento. — Eu não quis preocupa-lo! Eu só queria tomar um ar.

— Poderia ter feito isso em alguma parte do seu jardim, não acha? — Ele riu, sozinho. — Agora vamos voltar, tá bem? Antes que os nossos pais notem que a gente saiu.

Mike segurou em minha mão, e deu um passo, na intenção de dar o pé para fora dali. Mas, antes que pudesse dar seu segundo passo, Jimin entrou na sua frente, com uma feição nada agradável o acompanhando.

— Com licença, desconhecido. — Tentou passar, mas novamente o garoto se pôs a nossa frente.

— Solta a mão dela. — Park disse, ríspido. — Agora.

Mike não disse nada.

— Não me entendeu não? Ou fala pouco a minha língua? — Park voltou a falar. — No habla mi lengua? No me entiendes?

— Eu sou americano, e fluente em coreano, só para sua informação, espertão.

— Então, senhor americano, e fluente em coreano. — Desviou seu olhar de nós por um instante, voltando-o para seu relógio de pulso. — Eu vou te dar, exatamente, cinco segundos para soltar a mão dela.

— E eu te dou três para sumir da minha frente. — Mike o respondeu, apertando ainda mais minha mão.

— Como é? — Jimin deu um grande passo para frente, encarando Mike frente a frente. — Tá pensando que é quem, moleque?

— Moleque?! — Mike riu. — Primeiro que, eu sou no mínimo uns três anos mais velho do que você, então, baixe essa bola! E, segundo que, eu posso muito bem segurar na mão da minha namorada, porque-

— Sua o quê? — O garoto a nossa frente atropelou as palavras. — Ela é sua namorada?!

— Sim. — Mike disse, simplista. — Ela é minha namorada. — Com um sorriso cínico em seus finos lábios, o garoto ainda fez questão de botar o braço em volta do meu pescoço.

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