your eyes ༉ gojo satoru.

dois.

  Apoiei uma de minhas mãos no guarda chuva que estava em pé ao meu lado, encostado no chão. Inclinei a cabeça para o lado, semicerrando os olhos, desconfiada. Eu não conhecia nenhum dos dois — e tinha plena certeza disso, caras bonitos não eram facilmente esquecidos por mim.

— Ahn sim, sou eu. Posso ajudar em algo? — disse por fim, esperando por alguma resposta.

  Mas antes de qualquer palavra o olhar de ambos focaram atrás de mim, mas precisamente no que estava atrás de mim, curvei minha cabeça para atrás vendo aquela criatura feia da padaria novamente. Puta merda. Por essa eu não esperava, eles também conseguiam vê-la?

— Parece que você arrumou um perseguidor. — o homem mais velho se pronunciou, inclinando a cabeça na direção da coisa feia.

— Parece que eu não sou maluca mesmo. — murmurrei para mim mesma, soltando uma risada baixa entre alívio e incredulidade.

— Claro que não, Itsuki. Diga-me, você sabe que essas coisas são? Ou melhor, por que apenas você pode vê-las — franzi o cenho, dando outra olhada na criatura e balancei os ombros, em forma de negação.

— Ahn, não? — mais uma pergunta do que uma resposta, eu estava meio atordoada, ainda tentando raciocinar bem o que estava acontecendo, e claramente estava falhando nisso.

— Eles são chamados de Espíritos Amaldiçoados, são a forma “consciente” que a energia amaldiçoada de algum lugar ou pessoa toma para si depois de um certo período. Essa energia emana das emoções negativas dos seres humanos...

— Espera, você está dizendo que esse trenzinho feio aqui atrás de mim é como se fosse a minha depressão ambulante? — o interrompi, mordendo meu lábio inferior para evitar uma risada.

  O homem me olhou como se nunca tivesse ouvido algo tão idiota antes — e eu provavelmente achava que não. E antes de falar qualquer coisa um tapa estralou na cabeça do garoto de cabelos rosas, que cobria a boca com uma de sua mãos, contendo uma risada, eu supus pela sua expressão. Eu arregalei os olhos, e o homem voltou sua atenção para mim.

— Se você prefere simplificar, sim. É sua depressão, completamente materializada e preparada para comer você.  — o garoto mais novo se pronunciou pela primeira vez, massageando sua cabeça com uma expressão de dor.

— A questão é, Itsuki... — o homem mais velho falou, dando um olhar raivoso para o garoto que o interrompeu. — ... que nem todos são como você eu, que podem ver essas maldições, sua inconsciência sobre esses seres as tornam frágeis e vulneráveis, presas fáceis de suas próprias emoções. É por isso que as pessoas capazes de ver através dessa barreira, são designadas a protegerem os seres humanos e exorcizam essas criaturas. Nós os chamamos de Feiticeiros Jujutsu.

  Franzi o cenho ainda mais confusa com suas palavras, ah, mas é claro. Caras bonitos em plena consciência não iriam aparecer na minha porta querendo falar comigo, a não ser se fossem malucos. E era exatamente o que esses dois eram, malucos. Nós não estávamos na Nova York de 2008 e eu não era Clary Fairchild, para acreditar nas loucuras que pessoas estranhas, que diziam proteger o mundo de criaturas horrendas — mas infelizmente isso não anulava o fato de que criaturas horrendas realmente existem na Tokyo de 2019 e que esses caras também podiam vê-las.

— Não que eu realmente esteja cogitando acreditar no que, vocês dois, malucos, estejam falando... — apontei para os dois, e cocei minha nuca com a outra, já arrependendo das minhas futuras palavras. — O que é, exatamente, um Feiticeiro Jujutsu?

  O homem suspirou fundo, e ajeitou seu óculos antes de falar. — Também conhecidos como Xamãs, os Feiticeiros Jujutsu são indivíduos treinados e empregados para proteger e exorcizar Espíritos Amaldiçoados.