11. Desacelerar

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Era início da noite, o aeroporto cheio de pessoas correndo para todos os lados com malas com medo de perderem seus voos de fim de ano. Neve branquinha e fofa caía do lado de fora daquelas grandes janelas e a temperatura parecia não subir mesmo que as pessoas estivem usando camadas extras de roupas. Armin estava indo para o portão de desembarque com sua mala em mãos e uma bolsa grande em seu ombro direito, enquanto mandava uma mensagem para Mikasa para avisá-la de que já tinha chegado em sua cidade natal. A Ackerman respondeu em confirmação e avisou que Eren, sim, justo Eren, estava no aeroporto o esperando para encontrar os outros amigos na casa de Jean e Marco. Armin ficou hesitante por um momento ao ler aquela mensagem, ainda não estava muito preparado para reencontrar o moreno, o que fez alguns flashbacks da época que estavam juntos virem à tona depois de muito tempo. Engoliu em seco e respirou fundo antes de seguir seu caminho, e alguns metros á frente, lá estava ele: estava claramente mais alto, seus ombros estavam mais largos e seu cabelo estava comprido e preso em um coque mal feito. Estava vestindo um casaco preto, camiseta cinza, calças jeans e tênis que tinham aparência velha.

Foi se aproximando calmamente até que Eren percebeu sua presença, analisando o de cabelos loiros - usava uma blusa quentinha branca de gola alta e um casaco de inverno marrom claro - e lançou um pequeno sorriso nervoso. Eles se cumprimentaram com um breve aperto de mãos e foram para o carro de Mikasa, que tinha sido emprestado para Eren buscar Armin no aeroporto naquela noite de quinta-feira. O Yeager tinha deixado o aquecedor do carro ligado e o menor agradeceu mentalmente por isso ao se aconchegar no banco do passageiro, que estava quentinho. Colocou o cinto e olhou para Eren, que já estava com o olhar direcionado para si. Aquela simples troca de olhares foi tudo o que precisavam para ficarem constrangidos com todos os sentimentos à flor da pele, antes muito bem guardados durante 5 longos e dolorosos anos. Desviaram o olhar rapidamente, agora com os rostos vermelhos - Yeager olhando para a sua frente e o Arlert olhando a paisagem com neve através da janela - sem saber se era pelo frio ou pelo constrangimento, antes de Eren dar a partida no carro e começar a dirigir em direção à casa dos amigos noivos. Armin resmungou quando colocou as duas mãos em sua nuca, ter caído no sono por horas dentro daquele avião desconfortável claramente não tinha feito bem para seu pescoço, que agora doía. Eren pareceu perceber aquilo.

_Cansado? - ele perguntou, a voz grossa trazendo arrepios ao corpo pálido. Passou a mão em seus cabelos loiros curtos, envergonhado pela reação que seu corpo teve e murmurou em afirmação.

_O fuso horário é terrível. - foi a vez de Eren ter uma reação estranha ao ouvir a voz do loiro depois de tanto tempo. Estava mais firme, mas ainda tinha aquele toque doce e agradeceu aos deuses por isso.

E então, silêncio. Nenhum deles tinha pensado que algum dia ficariam tão desconfortáveis na presença um do outro, ainda mais depois de tanto tempo separados. Por mais que seus corações batessem descompensados e borboletas estivessem dançando descontroladas em seus estômagos, eles tentavam de alguma maneira deixar aquilo de lado e continuar fingindo que nada tinha acontecido entre eles. O resto do caminho seguiu terrivelmente quieto, ambos queriam falar, queriam conversar entre si, colocar toda aquela angústia acumulada para fora, queriam se sentir amados novamente, mas o medo e o orgulho não os permitiam fazer isso. Eren queria acertar as coisas, queria mesmo, queria explicar tudo para o loiro e pedir uma segunda chance, mas morria de medo da reação que este poderia ter. Tanto ele quanto Armin não se relacionaram desde então, quer dizer, em questão de relacionamentos sérios, já que vez ou outra iam para um bar e acabavam ficando com algum desconhecido, o que não era o fim do mundo, sejamos francos. Mas a questão é que eles nunca deixaram de ter sentimentos um pelo outro, Armin principalmente, mesmo com toda a dor do término e a falta de contato, ele nunca deixou de amar Eren por um segundo sequer.

Quando desceram do carro ao chegarem na casa do casal, Armin sentiu uma sensação estranha, como se alguém estivesse o observando. Olhou ao redor só para chegar á conclusão de que não tinha nada suspeito por ali, então deixou aquilo de lado. Mal sabia ele que que realmente tinha alguém o observando de longe, de trás de uma moita, e o olhar daquela pessoa não era nada agradável. Certamente tinha algo errado ali.

7 minutos no paraísoOnde histórias criam vida. Descubra agora