Pov'Andrew
Olhei a data no calendário."24 de dezembro" 11 meses do acidente de Meredith, olhei se prontuário dela outra vez já conhecia cada palavra ali, a cada plantão passava para ver ela em menos de um mês ela completaria 29 anos, mas agora era só um vegetal
- feliz natal pequena - peguei a mão dela, vou pra casa, o que é muito raro por que segundo Ben eu estou quase mudado para o hospital - sentei na ponta da cama dela por alguns instantes, imaginei como seria para Meredith estar ali se Richard realmente estiver certo e ela for capaz de ouvir - ele está cada dia pior, não me respeita ... Sabe qual a última que ele aprontou? Agora ele grita com Catherine, ela me viu nascer, viu eles nascer e o garoto acha que por que tem dois fios de pelo rosto já é homem, se eu fizesse isso e meu pai visse ia dormir surdo ... Mas a desculpa é que ele não tem mãe ... Parece que a culpa é minha... Talvez eu devesse ter morrido no acidente e não ela
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*12 de janeiro de 2019*
- seus pais vieram aqui hoje, fazia tempo que nenhum deles vinha, sinto muito, parece que eles estão tentando seguir a vida, não é fácil eu sei ... Eles não podem fazer nada só ficar esperando um milagre - eu não sabia se acreditava neles, eu pedi muito por um quando Amelia ficou em coma, mas tive que escolher desligar os aparelhos dela e a deixar morrer - então ... Parabéns hoje você completa 29 anos, algum desejo especial?
- doutor DeLuca? - Levi entrou no quarto
- aconteceu alguma coisa?
- não ... Só vim ver ela - ele falou - hoje é o aniversário dela
- eu vi... No prontuário
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*15 meses desde acidente*
- bom dia - sentei a mesa, Joaquim e Benjamin ja estavam comendo junto com Catherine
- bom dia filho - ela respondeu
- bom dia pai - Joaquim respondeu
- bom dia Ben
- hum? - ele tirou os fones gigantes do ouvido
- falei bom dia
- ah... É... - ele voltou a colocar os fones
- poderia não ficar com isso ao menos quando estiver comendo - puxei
- pra que? - ele perguntou rude - pra fingir que é um pai bonzinho?
- o que eu fiz pra você? Você passa fome? Não tem roupa boa? Te maltrato? Ou algo assim, me fala Benjamin qual o mal que eu te fiz?
- Ben fala direito comcim seu pai - Catherine pediu
- ele acha que me sustentar faz dele um pai, mas não faz - Benjamin levantou ele ia pegar o fone mas não deixei - o fone é meu
- o fone é MEU... Foi comprado com a merda do meu dinheiro - levantei também e arremessei o fone na parede - não quero saber de você usando isso quando sentar pra comer - bom dia - sai da sala
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- briguei com Ben outra vez - falei sentado na cadeira perto de Meredith e como um hábito peguei a mão dela - meu filho me odeia e eu não sei o que fazer ... Não sei o que a Amelia faria
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*18 meses desde o acidente*
- hoje é dia de são Valentin, dia dos namorados, faz dez anos que não comemoro essa data - lá estava eu outra vez conversando com Meredith, ela tinha virado um ponto de salvação, falar com ela, mesmo sem ela responder me ajudava - ganhei uma caixa de bombons ... Na verdade ela estava largada na emergência, acho que não tem problema né? Sua irmã veio ontem aqui com uma amiga depois da escola ... Ela parece sentir sua falta ... Acho que todos eles sentem
Ouvi meu pager apitar e olhei a mensagem, que ótimo mais traumas chegando
- volto assim que der, trauma chegando - sai do quarto rápido indo em direção a emergência
- qual o caso?
*25 meses desde o acidente*
- hoje é meu aniversário... 35 anos, são cinco da manhã, vou pra casa em uma hora - murmurei - você está bem? - agora perguntava isso sempre que ia ver Meredith, fazia meses que ninguém vinha ver ela, os únicos que vinham eram os médicos dela e Levi e eu que conversávamos com ela, ele fazia isso com menos frequência, mas sempre vinha, quando fiz a pergunta senti um aperto leve em minha mão, não era a primeira vez, são dois anos ali, Meredith teve vários espasmos musculares, mas aquele aperto foi mais forte - Meredith? Você pode me dizer se está me ouvindo? - pedi - se estiver, aperta minha mão - fiquei esperando mas não aconteceu - tudo bem ... Foi mais um espasmo - falei para mim mesmo - você pode ficar tranquila, volto depois - levantei para sair, ia soltar minha mão mas senti ela apertar outra vez - ok, duas vezes ... Não me engane pequena ... Sou um homem das Ciências ... Sabe quem eu sou? - esperei e vi os dedos da garota tremerem e apertarem minha mão - puta merda... desculpa, foi sem querer ... Meredith, você entende o que eu falo? - demorou menos tempo até os dedos dela acharem que deveria estar machucando minha mão - céus, você está reagindo, isso é maravilhoso - beijei a testa dela por um impulso, no mesmo instante me arrependi, sou um médico, mas havia acabado de receber o melhor presente que poderia pedir - vou avisar seus pais
*26 meses desde o acidente*
- Meredith Grey, 29 anos ... Acordou a um mês depois de ficar em coma por dois anos, vem apresentando melhoras significativas nos últimos 30 dias - Meredith levantou a mão apenas um pouco, já sabíamos o que ela queria dizer
- obrigado Meredith e muito gentil me mostrar seu dedo do meio - Levi estava rindo ... Como dizia, hoje faremos mais uma tc de crânio.... Você ainda é um mistério da medicina
Esperei os cinco residentes saírem do quarto e me aproximei dela
- como se sente hoje de 0 a 10? - peguei a mão dela, fiquei a espera, ela apertou minha mão cinco vezes - bom ontem estava em quatro ... Está com dor? - Meredith apertou duas vezes - não ... Ótimo - fiquei olhando fixamente os olhos de Meredith que brilhavam como o céu, vi eles encherem de lágrimas até ela está chorando, aquilo era horrível, ela poderia não sentir dor física, mas sei que sentia dor emocional, não sabíamos o quanto ela melhoraria, se seria mais do que apertos de mão, apesar dela sentir os pés e pernas, sentia cada estímulo de dor, Meredith como Levi falou era um pequeno mistério, e mistérios são bem difíceis, só sabemos o que ela nos dá no momento - não chora pequena, você acordou .. você é um grande milagre
- annnnn - era a primeira vez que ela tentava falar - annnnnndddd
- está tentando falar meu nome? - isso me surpreendeu, senti Meredith apertar forte minha mão - o seu é mais bonito, Meredith - meu sorriso foi de orelha a orelha, ela ficou um tempo parada segurando minha mão, vi seus lábios abrirem ela queria falar
- annnnnnddddddy - com muito esforço o som baixo saiu dos seus lábios e a primeira palavra que a garota fala depois de dois anos em coma e um mês acordada e meu nome, eu não ia esquecer isso
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Ela acordou.... Ahhhh meu coração ❤️
Ela acordou .... Ela acordou e chamou por ele ... Fui com Deus (figurinha do gatinho branco desmaiado)
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AO SEU LADO
RomanceAndrew DeLuca, 34 anos, neurocirurgião, pai de dois garotos, viúvo a 9 anos, tem a carreira dos sonhos, mas sua vida amoro e familiar parece ir ladeira a baixo, seu filho mais velho está cada dia mais distante e seu caçula tem lhe ensinado a ver o m...