É a voz obtusa dos cânticos que cortam a madrugada da silenciosa mata. A única luz que se vê é da fogueira que contrasta as runas talhadas cuidadosamente em cada árvore da clareira.
Apressado Daniel joga suas ervas no fogo, que parece cada vez crescer mais e tomar conta de seus determinadosolhos. Aquele que olhasse por entre os galhos secos que circulavam a clareira tomada pela escuridão imensurável da noite veria o resplandecer do fogo alto, quase tomando forma.
O livro a cada minuto que passava se debatia cada vez mais. Suas palavras pareciam invadir a mente de Daniel que repetia incessantemente olhando o corpo ao lado:
-Tenho que ser forte, é por ti! ANKON, ALCNOST!
O fogo que antes quente como uma fornalha, apaga subitamente dando lugar ao silêncio ensurdecedor da mata. O vento parece sussurrar para Daniel, o frio faz seus ossos ficarem frágeis como vidro, o seu semblante antes otimista agora dá lugar a um rosto de pavor e medo incontrolável.
O relógio velho que residia no bolso de seu paletó parara de rodar, e as batidas fortes de seu coração poderiam ser ouvidas a quilômetros.
É das cinzas que a imagem terrificante e hedionda, se faz presente levantando-se quatro vezes o tamanho do homem. Uma imagem que contrasta com a escuridão da noite. Montado em um animal de crânio humano, chifres de alce e corpo de cavalo costurado por músculos e pele morta. Desce um ser tomado pela escuridão que se alimenta do óbito, olhos esbranquiçados e saltados, corpulento e fétido, veste uma bata preta deixando apenas o baixo-ventre aparecer, tomado pelos musgos e teias de aranha. Disse com a voz gutural :
Tudo que habita, é negociável.
Daniel tomado pela angústia e pavor responde:
- A troca é justa, e sabes porque te evoco, aceites minha servidão e liberte Ethel
- seu desejo é uma ordem
o monstro completa com uma risada.
Aquele que ousa pronunciar meu nome deve saber morrer!
A floresta se cala, nada mais se ouve.
Deitada sobre o resplendor da noite o corpo cadavérico de Ehtel se levanta, com olhos alabastrinos recupera aos minutos suas batidas, o ar volta a fluir pelas suas ventas e ela toma sua verdadeira forma.
Clamando por seu protetor a velha alma desce sobre os nove círculos do inferno, dando lugar a algo tão poderoso que pode ser comparada a Cthulhu. Algo para trazer a ruína ao novo mundo.
Maravilhado, Alcnost se curva diante da rainha dos ossos, a grande mãe dos deuses infernais, trajada com uma armadura de retalhos e ossadas, porta uma foice tão afiada que pode cortar o mais grosso de todos os couros. Estava desabrochando Pã a deusa, que dizia com a estrondo de mil vozes.
-Aqui jaz Daniel Piverti, o bruxo que trouxe a ruína a seu amor e a realidade habitável!
assim ceifando o pescoço de Daniel.
- Alconst, tua missão é libertar teus irmãos e vosso pai, vá!.
- Sim vossa magnificência.
Tudo que habita é negociável...
Fechina
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CONTO II Alcnost, o habitante impronunciável
HorrorUm bruxo novato que executa um ritual para tentar trazer sua amada de volta mas acaba trazendo de volta o um demônio impronunciável. São eles os filhos de Nayarlathotep que carregam o novo reinado ao mundo que conhecemos