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A cena se passa num quarto de uma casinha simples. O lugar tem paredes brancas e uma janela ampla que dá a luz do luar permissão para entrar.
A cama está bagunçada, uma pilha do ursinhos de pelúcia ameaça desabar, e, no meio da cama, afogada em lençóis uma garotinha se remexe inquieta tentando adormecer.
-Dona Lua, por que sempre que te enchem você se põe me encher também? (Senta na cama)
-Minha pequena eu não posso controlar, você é como o mar, tenho certa influência sobe sua quietude.
-Tem dias que sua presença me tortura (ajeita a camisola) eu não peço para que se vá,só deixe-me dormir,sem sonhos só um bom sono.
-Mas seus sonhos são meus melhores feitos.
-Mas me afligem, como se viver pesasse, sempre acordo sentindo que a vida me escorre pelos dedos.
-Um dia você roga pelas minhas bençãos e no outro pelo meu sumiço.
-Eu não quero que você suma, quando não me olhas me sinto sozinha.
-Mas reclama quando a olho demais.
-Porque fico nervosa.
-E nervosa por quê?
-Hora, pelo mesmo motivo que todos ficam nervosos.
-Você é diferente de todos os meus filhos.
-Mas não queria ser.
-Tolice.
-O que está acontecendo aí em cima? por que não me conta o que te incomoda? Sua voz anda arrastada e cansada.
-É apenas consequência da agitação rotineira.
-Como vou sobreviver a rotina dessa maneira? Sem ouvir seus contos que me enchem de expectativa.
-Não sobreviva, viva.
-É injusto você não me dar ouvidos.
-A vida é feita de injustiça criança.
-Você me trata como se eu fosse um bebê.
-E não é? Com todos os meus milênios você quer me ensinar como me portar?
(Deita e encara o teto)
-O que eu fiz para merecer isso.
-Só é uma punição se fosse permitir que seja,você pode odiar cada segundo ou aproveitar esse tempo para...
-Pelo que estou sendo punida.
-Você está punindo a si mesma.
-Não é o que parece,me parece que você o faz,e de proposito.
-Também parece que estamos tendo essa conversa,mas,eu nunca abri a boca.
(A garota fecha a cortina furiosa)
-Ninguém me leva a sério.
-Você não se leva a sério.