Camélia

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Durante um entardecer de temperatura amena, uma vastidão de folhagens esverdeadas, sendo unidas a flores e mais flores de toda estirpe, contemplando a vivacidade particular do jardim aos fundos de uma residência, o recanto de maior zelo para Dia Kurosawa.


Com as luvas encardidas de terra, encontrava-se arrancando ervas daninhas arraigadas entre camélias, por nenhum segundo dando descontinuidade ao afazer. Protegia-se com um chapéu de palha dos raios escaldantes emanados do sol pendurado no céu límpido. Quando sentiu os dedos por fim tateando as raízes indesejadas, soltou um fino vapor de suspiro, e constatou que precisava de mais nada a não ser um copo de água gelada.


Entretanto, o lar somente seria completo junto daquela que mais era querida por si.


"Preciso de sua ajuda." Soou o chamado em harmonia com o farfalhar de passos pela terra.


Não levando uma fração de segundo para reconhecer a voz de sua irmã mais nova, Dia voltou-se a ela. Atrás de si, Ruby está carregando um regador e um sutil aroma de margaridas.


Sem hesitar, prosseguiu em se arredar do arbusto de camélias e elevar o corpo do solo, sorrindo pacientemente.


"Me leve até seu problema."


E Dia acompanhou-a pelas cercanias policromas do jardim, ora sentindo cócegas na tez ao esbarrar com as pétalas níveas das amendoeiras, que se expandia desde o início da primavera, ora deslumbrado uma pequena lagartixa a se camuflar dentre as videiras, até desembocar perto de um cultivo de brotos de margaridas. Embora disfarçado pelo manto de flores, logo identificou o pequeno, verdejante problema a rastejar sob o caule.



"Afídeos, de novo?" A irmã mais velha indagou, fitando a chuva de insetos diminutos, de cor quase idêntica à pigmentação das folhas que começavam a ser corroídas


Ruby coça a nuca, ponderativa, antes de volver com o olhar confuso até Dia.


"Apareceram pela manhã, mas não sei como livrar desses insetos." Revelou "Tentei afastá-los com as mãos e só acabaram subindo mais para as folhas, então, não fiz nada mais. Preciso ser cuidadosa, as pétalas das margaridas são muito frágeis."


Enquanto a escutava, Dia inclinou-se defronte às margaridas, pousando os joelhos na terra, juntamente de Ruby que copiava cada movimento. Dedos trêmulos se aproximaram das hastes viçosas, mas são interrompidos.


"As pétalas dessa flor realmente caem com facilidade quando são amassadas, ainda sim, não pode deixar que esses parasitas se espalhem." Tal como se estivessem em sincronia com a voz, os botõezinhos pestíferos iam adiante em sua trilha "Ao primeiro sinal desse tipo de inseto, deve se livrar de uma vez só. Sempre corte o mal pela raiz, antes que comecem a comer suas flores, e a destruí-las."

Ruby pausa sua atenção, mais uma vez, na fileira de infestação, no mesmo instante, encontrando na memória a chave para reverter os danos.


"Lembra da receita de inseticida caseiro?"



"Ah, sim! Chá, água morna, detergente e..." Ruby ciciava, contando nos dedos ingrediente por ingrediente, para se certificar que não esquecia de algum "Pimenta! Uma pitada de pimenta para aumentar a eficácia."

Ode aos ErrosOnde histórias criam vida. Descubra agora