Os mortos estão retornando à vida!

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Uma verdade universalmente aceita é que um zumbi, uma vez da posse de um cérebro, necessita de mais cérebros.

E nunca tal verdade foi inquestionável durante os recentes ataques ocorridos em Cheongju, nos quais os dezoito moradores de uma propriedade foram mortos e consumidos por uma horda de mortos-vivos.

— Meu amor, já soube que Cheongju foi alugada novamente? — disse-lhe sua esposa.

O Sr. Lee apenas respondeu que não havia tomado conhecimento disso, e continuou focado em suas tarefas matinais, que consistiam em afiar adagas e limpar sua arma. Já que os ataques dos não mencionáveis vinham aumentando deforma alarmante nas últimas semanas.

— Pois foi — replicou ela.

O Sr. Lee não comentou, apenas acenou com a cabeça

— E não quer saber quem se mudou para lá? — disse em voz estridente sua mulher, o fazendo perdendo a paciência.

— Mulher, estou cuidando das minhas armas. Diga as bobagens que quiser, mas me deixe tratar da defesa de minha propriedade!— Tal resposta foi como um convite a prosseguir, o que bastou para a Sra. Lee durante aquela manhã.

— Ora, muito bem, a Sra. Zhong contou que Cheongju foi alugada por um jovem de grande fortuna; que ele conseguiu escapar numa charrete de quatro cavalos tão logo a estranha praga rompeu a linha de defesa de Seongnam.

— Como ele se chama?

— Na Jaemin. Um jovem solteiro com quatro ou cinco mil de renda por ano. Que beleza para nossas meninas! Ou meninos, se ele preferir.

— Como assim? Será que ele treiná pessoas no manejo da espada e da arma?

— Como você pode ser tão grosseiro? É claro que sabes que estou me referindo a ele se casar com um de nossos filhos.

— Um casamento? Nos tempos como os que vivemos? Certamente o Sr. Na não tem tal intenção e muito menos eu.

— Intenção? Ridículo! Como pode dizer uma coisa dessas? É muito provável que ele se apaixone. Portanto, você deve visitá-lo assim que ele chegar.

— Não vejo razão para isso. Além disso, não devemos utilizar as estradas mais do que o absolutamente necessário, sob o risco de perdermos mais cavalos e veículos para ir ao encontro de um jovem que você quer por como pretendente de nossos filhos.

— Mas pense neles!

— É neles que penso, mulher tola! Preferiria imensamente que estivessem com a mente concentrada em sobreviver e lutar, do que a mentes cercada por sonhos com matrimônio e fortuna, como obviamente acontece com você!

Vá visitar esse Jaemin, se pensa que deve, embora eu a advirta, já que nenhuma de nossas filhas tem muito o que as recomende; são bobas e ignorantes como a mãe delas, à exceção dos meninos, principalmente de Hyuck, que mais do que os irmãos mais velhos, desenvolveu cedo o instinto de luta.

— Sr. Lee! Como pode insultar seus próprios filhos dessa maneira? Você se delicia em me envergonhar? Vejo que não tem nenhuma compaixão pelos meus pobres nervos.

— Me interpretou mal, minha querida. Nutro intenso respeito por você e seus nervos. Eles são meus velhos conhecidos. Pelo menos nestes últimos vinte anos é praticamente tudo sobre o que tenho ouvido falar.

O Sr. Lee era um misto tão peculiar de perspicácia, humor sarcástico, reserva e autodisciplina que a convivência de 23 anos havia sido insuficiente para que a esposa entendesse o temperamento. Já a mente dela apresentava menos dificuldades à compreensão. Tratava-se de uma mulher de escassa inteligência, pouca instrução e gênio instável.

Quando estava insatisfeita com algo, fazia-se doente dos nervos.

Quando estava de fato nervosa — o que era seu estado constante, desde o primeiro surto da estranha praga —, só obtinhas suporte se apegando as tradições que parecem agora supérfluas para os demais vivos.

O Sr. Lee dedicava sua própria existência a manter seus filhos vivos e protegidos.

A Sra. Lee, a lhes conseguir um bom pretendente e um casamento.

Uma das primeiras pessoas a visitar Na Jaemin, foi o Sr. Lee.

Aliás, visitá-lo sempre foi sua intenção, apesar de que, até o último momento, garantiu à esposa que não iria visitá-lo de forma alguma; assim, até o final da tarde após a visita, ela ainda não teria conhecimento do ocorrido. E tudo seria revelado da maneira que se segue.

Observando seu filho mais novo empenhado em entalhar o brasão dos Lee, um lobo, no punho de sua espada nova, ele subitamente se dirigiu a ele, dizendo:

— Espero que o Sr. Na aprecie isso, Hyuck.

— Não estamos em condições de saber do que o Sr. Na gosta —disse a Sra. Lee em voz ressentida —, visto que não chegaremos a visitá-lo.

— Ora, mamãe — retrucou Donghyuck —, você esquece que iremos encontrá-lo no próximo baile.

A Sra. Lee não se dignou a responder, mas, incapaz de se conter, começou a repreender sua filha mais velha: — Pelo amor de Deus, Yerim! Pare de tossir desse jeito. Soa como se você tivesse sido contaminada.

— Mãe! Que coisa pavorosa de se dizer, com tantos zumbis nas redondezas —retrucou Yerim, perturbada com as palavras ditas por sua própria mãe. — Quando será o próximo baile, Hyuck?

— De amanhã, daqui a quinze dias.

— Ah, precisamente — gritou a mãe, de forma eufórica. — E será impossível apresentar o Sr. Na Jaemin para meus filhos, já que eu própria não fui apresentada ao mesmo. Desejaria jamais ter escutado o seu nome.

— Lamento ouvir isso — disse o Sr. Lee. — Se eu soubesse disto ate esta manhã, certamente não teria ido visitá-lo. Que infelicidade! Mas o fato é que fui, e agora não há como escapar às apresentações no baile.

O espanto de seus filhos era exatamente o efeito que ele desejava causar; visto que o mesmo nunca saia das redondezas se não fosse por uma causa de extrema importância. Mas espanto da Sra. Lee superou o de todos demais presentes naquela sala. No entanto, quando a primeira agitação de alegria passou, ela se apressou a declarar que era exatamente isso o que ela esperava.

— Meu amor, que bondade de sua parte. Mas eu sabia que acabaria por persuadi-lo. Sabia que amava seus filhos de modo que não negligenciaria a necessidade de travar relações com esse rapaz. Estou tão contente, fez de tudo isso por mim, saindo logo cedo, pela manhã, brincando comigo sem dizer nada até agora.
Sr. Lee, logo interrompe o grande discurso que sua esposa fazia.

— Não confunda minha bondade com qualquer relaxamento de nossa disciplina — disse o Sr. Lee. — Todos devem continuar seu treinamento, com ou sem Na Jaemin.

— Claro, claro — apressou-se a assentir a Sra. Lee. — Todos devem se tornar mais letais do que nunca, se quiserem fisgar o Sr. Na — sussurrou a última parte, apenas para que ela pudesse ouvir. Mas ainda sim, Donghyuck pode ouvir, por estar próximo de sua mãe, mas se conteve em apenas revirar os olhos e continuar a entalhar o brasão em sua espada.

— Que pai magnífico têm vocês — disse ela quando o Sr. Lee saiu e a porta se fechou. — Alegrias como essa são cada vez mais raras desde que o bom Deus decidiu fechar os portais do Inferno e condenar os mortos a vagar entre nós. Seulgi, minha adorada filha, apesar de você ser mais jovem que a Yerim, ouso dizer que o Sr. Na dançará com você no baile.

— Eu? — exclamou Seulgi, deslumbrada. — Isso não me amedronta, sou a mais experiente na arte de atrair o sexo oposto.

Sra. Lee, Yerim e Seulgi passaram o restante da noite falando sobre quão breve Na Jaemin, haverá de retribuir a visita do Sr. Lee e tentando decidir quando já sera mais apropriado convidá-lo para jantar.

Donghyuck e Jeno, assim que notaram que o assunto seria sobre o baile e como fisgar Na Jaemin, decidiram sair da sala o mais rápido possível.

Enquanto Taeyong, o mais velho dos filhos, permaneceu no sofá mais afastado, lendo um pequeno livro e fingindo não ouvir as asneiras que sua mãe proferia na cabeça de suas irmãs.

𝓞𝒓𝒈𝒖𝒍𝒉𝒐 𝓔 𝓟𝒓𝒆𝒄𝒐𝒏𝒄𝒆𝒊𝒕𝒐 𝓔 𝓜𝒂𝒓𝒌 𝓛𝒆𝒆 - MarkhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora