Capítulo 8 - Visitando o passado

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Sasuke estava emburrado como sempre, mas a preocupação não saia da sua cabeça, Sakura estava em silêncio e em alerta, poderia ser uma armadilha.
Quando chegaram no endereço indicado pelo Kazekage, era apenas uma casa simples no meio do nada.
- Não abaixem a guarda, nem subestimem essa mulher, se ela tiver metade do poder que a Mahina tinha, estamos com um problema bem chato.
Falou Sasuke antes de bater na porta. Passaram-se alguns segundos quando uma voz fraca os autorizou a entrar.
A casa possuía três cômodos, começando pela cozinha, era arrumada, típica casa de vó, cortinas combinando com os panos de pratos, tapetes, cortina de pia e toalha de mesa, sobre a mesa haviam quatro xícaras com seus pires, uma garrafa de chá e um bolo sem cobertura.
- Podem vir até aqui, por favor? - Uma tosse interrompeu a fala - Me sinto muito cansada hoje.
Quando eles entraram, o quarto estava pouco iluminado, a senhora tinha cabelos brancos e muitas rugas no rosto, em sua pele algumas marcas de queimaduras e ferimentos já cicatrizados a anos.
- Senhora Ritsuka, nós viemos a mando do kazekage-sama.
Sakura começou.
- Sim, aquele rapaz de bom coração, eu agradeço aos ancestrais por esse menino.
- A Senhora nos pediu pra ver nossa filha.
- Sim. Pra conhecê-la. - Ela fez uma pausa, se sentando na cama. - Eu perdi grande parte da minha visão em uma batalha anos atrás, então preciso que venham mais perto para poder vê-los.
Sasuke foi o primeiro a se aproximar.
- Poderia me ajudar a levantar, meu jovem? Gostaria de lhe servir um chá.
Falou ela, o Uchiha então estendeu a mão e a senhora se levantou, passando pelo casal ela foi até a cozinha e puxou uma cadeira.
- Sentem-se.
Os dois o fizeram, e Aiko não perdeu a oportunidade de pegar a xícara.
- Vamos tomar um café, quando a desconfiança passar, eu gostaria de pegar a minha bisneta.
A mulher falou enquanto se servia de chá, Sakura pegou a xícara de Aiko e se serviu de chá junto a Sasuke.
- Então, soube que vocês do clã Faiataigā não gostam de mestiços, o que a levou a nos chamar aqui?
- Jovem da visão amaldiçoada. Uchiha Sasuke não é? Soube da sua história meu filho, e sinto muito pelas perdas, eu imagino que minha neta fosse importante pra você.
- Mahina foi a minha amiga quando ninguém queria ser, foi minha mãe quando ninguém mais podia e foi minha irmã quando eu menos mereci, ela era tudo pra mim.
- E mesmo assim seu ódio a matou. - Sasuke rangeu os dentes e serrou os punhos. - Escute meu filho, assim como você cometeu seus erros, eu também cometi, minha família toda cometeu, poderíamos ter salvo vocês e suas famílias.
Sasuke congelou, seus punhos se serraram mais, mesmo assim ele não se moveu.
- Nossos ancestrais sempre negligenciaram os conflitos de Suna e Konoha, quando as guerras começaram todos tentaram nos coagir a nos envolver e muitos de nós morreram incluindo meu amado filho, que não vi por anos. - algumas poucas lágrimas escorriam dos olhos da senhora. - Não conheci minha neta, soube de sua fama e não pude dizer o quanto me orgulho dela pois, por causa de um clã eu a tinha rejeitado, eu não podia morrer com mais esse arrependimento.
- Sasuke não a matou, ela morreu por...
- Por amor. Sim, por amor a esse jovem, mas isso não muda o que você sente não é? - A mulher deu uma pausa, apesar de suas palavras duras, ela tinha uma voz gentil. - Ela se parece com ele, não é criança Uchiha? E isso te mata por dentro, olhar pra quem você ama e ver aquele que você machucou.
"Como ela sabe?" Se perguntou Sasuke, ele estava pálido e não dizia nada.
- Você quer amá-la por remorso, por culpa. Mas ela não precisa desse amor fingido, ela tem amores verdadeiros.
- Onde quer chegar com isso?
Perguntou Sasuke entre dentes.
- Se você deseja amar, amar de verdade, você terá que se perdoar. Um coração ferido apenas sangra em cima das pessoas e chama isso de amor, não faça isso com você jovem.
A senhora falou e então se virou a Sakura, ela estava com olhar baixo, Aiko agora fazia barulhos e tentava a todo custo pegar a xícara com chá fumegante.
- Minha jovem, você é realmente forte, pelo que vejo é pupila de Tsunade.
- Você a conhece?
- Pelo nome apenas. Mas soube que causou problemas a uma certa senhora.
- A senhora Chyo, é verdade.
- Minha neta foi aluna dela também, uma jovem aplicada pelo que soube.
- E porque? Porque vocês a rejeitaram? Ter sangue Uchiha é tão ruim assim?
Sasuke ainda não conseguia conter sua raiva por saber o quanto ela era desprezada pelo clã.
- Como eu disse, um clã rejeita aqueles que não seguem suas regras, eu achei que fiz o certo, mas não fiz. - Pegando a bengala que estava encostada na parede ela se levantou, e passou por Sasuke, indo até Sakura. - Eu poderia, segurar a minha bisneta um pouco?
Sakura olhou para Sasuke, que depois de alguns segundos concordou.
Então Sakura a estendeu a senhora, que a pegou de forma habilidosa.
- Você é realmente muito bonita, parece seu pai, mas os seus olhos são gentis como os da sua mãe. - A mulher então pegou uma fruta avermelhada e mostrou a pequena. - Gosta de fruta? O que acha da vovó te dar uma frutinha?
A menina ficou encantada com a cor da fruta e antes que a senhora pudesse terminar de cortar, Aiko já estava com a cara enfiada nela.
- Senhora Ritsuka, acha que a Aiko pode se tornar uma Faiataigā algum dia? Ou que o clã vá ter interesse nela de alguma forma?
Sakura perguntou sem tirar os olhos da xícara.
- As chamas sempre irão proteger seus filhos, minha jovem. Mas não se preocupe, graças aos preconceitos do clã, Aiko está fora da linhagem.
Após falar, a senhora foi até a pia, onde lavou o rosto da neném, ela brincava com a água que a senhora passava em seu rosto melecado, lambendo os lábios e a mão da avó, a menina de divertia.
- Pronto, acho que agora você está cheia.
Falou a senhora com um sorriso simples. Então ela esticou a mão até umas bancada e puxou um saco com mais frutas.
- Dêem mais frutas a ela, o clima de Suna é muito quente, isso vai ajudar a refrescá-la e hidrata-la.
- Obrigada, senhora Ritsuka.
A tarde se seguiu tranquila, as conversas eram poucas e Aiko parecia animada com o lugar novo, porém ela logo pediu o colo de sua mãe e adormeceu.
Amarrando a pequena em um pano preso ao corpo, Sakura fez um tipo de bolsa, que permitia Aiko ficar confortável e segura.
- Obrigada por virem, sei que o jovem Kazekage lhes deu a opção.
- Obrigada por nos receber, o chá estava ótimo.
Sakura falou com uma curta reverência, após a senhora dar um beijo em sua neta, Sakura se afastou.
- Filho. - Chamou a senhora e Sasuke se virou. - A profecia irá se repetir, essa criança te ama mais do que imagina, cuide dela e a prepare para o fim.
- Eu não permitirei que ela morra por mim, eu darei a minha vida a ela.
A senhora concordou, mesmo sabendo que uma profecia não pode ser mudada, o Uchiha então se direcionou a Sakura e o casal partiu.
Naquele mesmo dia, a senhora Ritsuka faleceu, e ela aceitou a morte sem mais remorsos.

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