Prólogo

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A música de Taylor Swift ecoava alto por toda a residência.

Roberta preparava a água da banheira, colocou os sais na água e testa sua temperatura. Pega o vidro com pétalas rosas e joga na água, acende as velas aromáticas ao redor. Tudo perfeito, praticamente um banho romântico, mas totalmente e unicamente para ela.

Ela pega uma das máscaras em lenço para pele vai até o espelho arrumando em seu rosto. Enche a taça do vinho mais antigo que havia na adega. Retira o roupão deixando-o cair no chão, adentra a banheira apreciando a reconfortante sensação. A água quente espumosa abraçava seu corpo, o cheiro de lavanda se acomodava em suas narinas e a Taylor Swfit ao fundo era tudo que ela precisava, a combinação perfeita.

- É tão bom estar de volta...-murmura

Fazia mais de 8 anos que Roberta não retornava aos Estados Unidos. Desde que seu tio a mandou estudar em Londres, onde não suportou ficar um semestre inteiro, não tinha paciência para londrinos, muito menos vocação para medicina. Depois disso morou dois anos em Lisboa, Portugal, onde acredita que tenha encontrado mais brasileiros do que portugueses o que a fez cogitar ir morar no Brasil, e foi. Ficou no Rio de Janeiro, que de fato era uma cidade maravilhosa. Mas em dois meses no país tropical conheceu um italiano e cometeu a loucura de retornar a Europa com ele. O relacionamento durou cinco meses, e sua estadia em Roma também. Após o término ela não aguentava mais olhar para o Coliseu, e sua desilusão a levou direto para Bangkok, Tailândia onde morou por quase um ano, em seguida passou três semestre em Seul na Coreia do Sul, seguiu para Argentina um semestre lá e mais seis meses na Irlanda, mas uma proposta de trabalho a fez retornar a Itália, mas desta vez para a cidade de Trento, uma cidade mais pacata, e encantadora. Morou por quase 2 anos na Itália, e por um novo impulso se cansou da terra da pizza. E cá estava ela, de volta ao seu país, especificamente em Virginia, cidade que seus tios moravam, era órfã, seus pais faleceram em um acidente de carro a anos atrás, foi criada pelo tio materno e sua esposa, juntamente com mais duas filhas do casal. Amava eles, mas pretendia passar uma semana sem contar que retornou a América, precisava arrumar um lugar fixo antes, e tudo que não queria era ouvir sermões sobre como ela levava a vida. Não construiu uma família, não construiu uma carreira, não tinha nem endereço. E por esse exato motivo estava ali, na casa de um antigo amigo de infância. Ele era bom, concedeu a casa sem grandes perguntas, e permitiu que ela ficasse ali o tempo necessário, era até vantajoso para ele, afinal estava para viajar e ter alguém confiável cuidando da casa era tudo que ele precisava. Naquele mesmo dia ele pegou sua mala e saiu às pressas, mal deu tempo de Roberta o agradecer. Mas eles teriam toda uma vida para isso.

Na caixa de som agora tocava Black Space, aquilo animava Roberta.

- Nice to meet you, where you been? I could show you incredible things... -Ela para ao escutar um alto som vindo do andar abaixo, se assusta.

- O que foi isso? - nada além de Taylor. Uma coisa que Roberta aprendeu percorrendo o mundo foi que nenhum lugar do planeta é de fato seguro, e o que ela sempre soube de sua terra berço é que aquele país é repleto de maníacos. Céus, a maioria dos serial killers são americanos. Ela cautelosa apanha a toalha que estava mais próxima e enrola em seu corpo, sai em passos lentos do banheiro e pela porta observa o corredor, avança entrando no próximo quarto e apanha o primeiro objeto que ver, um vaso branco médio. Avança e discretamente ela vê luzes e alguns sussurros escada abaixo.

Estavam assaltando a casa. Pensa. Iriam matá-la. Cogita em ligar para a polícia, mas se recorda que deixou o celular no banheiro, e não retornaria para lá, afinal sua música tocando alto levariam os bandidos direto para lá. Ela escuta atenta aos passos, perecem ter se dissipado, indicando que seguiram por caminhos diferentes. A casa era grande e estava escura, o único ponto de luz vinha do banheiro no fim do corredor que ela estava. E alguém parece seguir para lá, ela aguarda, sabia o que fazer, assim que o criminoso cruzasse o corredor o acertaria.

No segundo que a pessoa atravessa ela quebra o vaso contra a pessoa que só agora ela nota estar armada. Apesar de escuro constata que era um homem. O golpe que o atingiu por trás o deixa zonzo fazendo-o ficar de joelhos, ela chuta seu braço jogando a arma para longe.

- O que... - ele faz menção de falar, mas ela pega um pedaço do vidro no chão e aponta para ele. O homem se levanta tentando desarmá-la, mas ela o golpeia novamente e numa tentativa de se defender ele cai no chão e ela sobe em cima dele, tinha seu corpo preso entre suas pernas, e o vidro fortemente pressionado em seu pescoço.

- Sei que não está sozinho, se falar eu te mato. - Sussurra ameaçando próxima ao rosto do homem. Luzes de lanterna surgem no corredor e alguém fala.

- FBI, parada! Solte o que está segurando e se levante com calma. - FBI? ela se assusta, mas o que estava acontecendo? A lanterna da voz feminina ilumina os dois no chão, e agora Roberta tem mais clareza do homem a sua frente, principalmente do que vestia, estava com um colete a prova de balas, que tinha em grandes letras as siglas F B I.

Mas que merda.

- Você não precisa fazer isso - o Homem que antes tinha ficado em estado estático fala. Seus olhos eram castanhos esverdeados como nunca vira antes. O que estava acontecendo? Ela podia escutar passos apressados subirem após a mulher dizer algo em sua escuta.

- Solte-o - Ela podia sentir o cano da arma em sua nuca. E seus batimentos estavam cada vez mais descompassados, não entendia o que estava acontecendo. Não sabia se eram bandidos disfarçados de agentes federais, ou se eram de fato federais. Qualquer que fosse a alternativa, todas pareciam péssimas. Ela joga o vidro para o lado e ergue as mãos se levantando. No instante que levanta vê que mais outros dois agentes aparecem, também com FBI escrito no peito, ela sente uma friagem atingir seu corpo, a toalha da mulher se solta caindo sobre o homem abaixo que estava entre suas pernas.

Ela olha para baixo, a tolha branca cobrindo o colete do homem, eleva seu olhar até seu rosto, e nunca viu alguém com uma expressão de tão assustado como aquela e incrivelmente vermelho como os tomates de Napoli. E então ela entende.

Céus, ela estava nua!

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